247 – Neste fim de semana, a revista Época, do grupo Globo, retrata um Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ainda forte. Na capa, ele é chamado de "senhor impeachment", como se ainda tivesse legitimidade moral e política para conduzir um golpe contra a democracia brasileira (confira aqui).
Em Veja, da Editora Abril, Cunha já não aparece tão forte. Ele aparece, na capa, prestes a ser devorado pelo tubarão da Operação Lava Jato. No entanto, o presidente da Câmara não está sozinho, mas sim na companhia do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff, como se os três estivessem prestes a morrer, num "abraço de afogados".
Isso tudo na semana em que apareceram o passaporte e a assinatura de Cunha nas contas abertas na Suíça. Além disso, numa nova denúncia, a Procuradoria-Geral da República o acusou de esconder da Receita Federal um patrimônio não declarado de nada menos que R$ 61 milhões (duas mega-senas acumuladas).
Nem isso foi suficiente para que Veja o tratasse como o protagonista da semana – o que equivale, portanto, a uma blindagem. Ao igualá-lo a Lula e Dilma, a revista da Abril compara casos absolutamente distintos. Contra Lula, o que surgiu na semana passada foi uma bola fora: a acusação de que seu filho Fábio Luis teria sido citado na delação premiada de Fernando Baiano. Trata-se de uma imputação falsa, que renderá processos contra O Globo e o jornalista Lauro Jardim (leia aqui).
Em relação à presidente Dilma Rousseff, é evidente que ela saiu fortalecida de uma semana em que o Supremo Tribunal Federal travou o jogo combinado entre Cunha e a oposição, liderada pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), para levar adiante o golpe. No entanto, para Veja, a presidente que resistiu está prestes a se afogar na companhia de Cunha.
Isso demonstra que as revistas semanais ainda não desistiram do golpe. Numa reportagem interna, Veja afirma que, no tabuleiro do poder, o impeachment retrocedeu duas casas na semana passada, mas ainda não acabou. A conferir.
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