A repercussão que teve a proposta do Movimento dos Sem Mídia de denunciar à Justiça Eleitoral um dos tradicionais processos de campanha eleitoral ilegal que a grande imprensa brasileira costuma desenvolver para os políticos de sua preferência a cada ano eleitoral desde sempre neste país, nos obriga a ir em frente.
A teoria do MSM é a seguinte: a grande imprensa escrita, televisada e radiofônica, maiormente representada pelos grupos empresariais Folha, Estado, Globo e Abril, com seus tentáculos espalhados por todo o país, está promovendo, mais uma vez, uma enxurrada de noticiário em favor da candidatura José Serra e contra a candidatura Dilma Rousseff.
Nos jornais, por exemplo, há dias em que se vê as primeiras páginas com quatro, cinco, seis manchetes negativas para o PT, seja fazendo denúncias, seja comprando as teses da oposição tucana, seja defendendo tucanos aliados de Serra, promovendo campanha negativa contra Dilma.
Esse fenômeno se reproduz, de forma análoga, porém mais dissimulada, em concessões públicas de rádio e televisão.
Esta campanha eleitoral tem sido marcada por uma atuação bastante vistosa da Justiça Eleitoral, que tem multado seguidamente os candidatos a presidente e titulares do governo federal e do Estado de São Paulo por “propaganda antecipada”, e até veículos de comunicação, como no caso do jornal O Estado de Minas, recentemente multado por fazer campanha eleitoral para Serra.
A Justiça Eleitoral também tem aplicado multas a sindicatos por fazerem “campanha negativa”. Ou seja: entidades que têm criticado Serra publicamente, estão sendo acusadas de atuarem para a campanha de Dilma.
Diante disso, surge uma avenida de oportunidades para mostrar a essa Justiça Eleitoral que a campanha eleitoral negativa e antecipada mais escandalosa quem tem feito são os quatro grupos empresariais supra mencionados e seus tentáculos menores na imprensa.
Há inclusive uma atuação conjunta da mídia e do PSDB, do DEM e do PPS, na qual os primeiros levantam alguma denúncia contra o PT e os meios de comunicação se encarregam de endossá-la, como no caso do “dossiê” contra Serra e no da “quebra de sigilo fiscal” do tucano Eduardo Jorge, casos nos quais a mídia claramente optou por endossar as posições oposicionistas.
A adesão praticamente automática da mídia à oposição é verificável em praticamente todas as questões políticas, econômicas e administrativas. Não consigo me lembrar de um só caso em que a mídia tenha ficado ao lado do governo e contra a oposição. Se existir, é exceção da exceção.
Todavia, há uma dificuldade para levar essas ações partidarizadas da mídia à Justiça. Por mais que qualquer um que seja honesto saiba que Globos, Folhas, Vejas e Estadões são tucanos até a alma, para a Justiça é preciso oferecer evidências concretas desse fato.
Há que fazer uma apuração de um período (qualquer período) que se verificará com facilidade o enorme apoio que Serra e seus aliados têm recebido dos veículos supra mencionados em todas as suas questões com Dilma, Lula e o PT.
Se pegarmos qualquer período, há uma avalanche de notícias, editoriais, colunas etc. atacando e acusando e criticando a situação, sempre sob a ótica da oposição, tratada pela imprensa como vítima de um governo despótico e corrupto.
O grande problema é fazer essa apuração em tempo hábil.
Apesar do apoio dos leitores deste blog, que às centenas se filiaram ao Movimento dos Sem Mídia e que se propuseram não só a trabalhar mas a contribuir com doações para que tenhamos alguma receita que nos dê condições de assumir compromissos, um estudo como esse, que mostre, estatisticamente, como é descomunal o partidarismo midiático, precisa ser feito em bases minimamente científicas.
Pensei, então, em recrutar filiados e simpatizantes do MSM para pegarem períodos dos arquivos dos jornais que seriam divididos entre os envolvidos e classificarem as edições diárias por notícias negativas para cada candidato, notícias positivas e notícias neutras.
A idéia é a de que se dê para cada militante do MSM um período para apurar, porque, de acordo com estudos do setor jurídico da organização, a denúncia desse partidarismo está amplamente amparada pela lei que rege a matéria eleitoral.
Se ficar minimamente demonstrada a campanha partidarizada que a mídia vem empreendendo para ajudar Serra, esses veículos podem ser multados. Mas o principal efeito será político, pois, pela primeira vez, haverá um fato que comprove que Globos, Folhas, Vejas e Estadões vêm atuando como partidos políticos.
O grande problema de o estudo ser feito da forma que imaginei inicialmente é no que tange cada um que ajudar a fazê-lo saber identificar claramente o que é notícia negativa, positiva e neutra, pois, aí, entram em campo os sentimentos das pessoas.
A subjetividade e a tendência ideológica podem fazer alguém ver notícia negativa ou positiva onde não existe, pois quando se tem lado é mais difícil ter equilíbrio. O melhor, portanto, seria conseguir fazer um trabalho estatístico independente e feito por pessoas treinadas para tanto.
Estou em contato com algumas instituições que poderiam nos socorrer nesse caso, mas, como todos sabem, os recursos do MSM, mesmo com o apoio dos leitores deste blog, são bastante escassos.
Na pior das hipóteses, se não tivermos como bancar um estudo profissional, teremos que tentar selecionar pessoas com algum conhecimento para fazermos o estudo nós mesmos. Seria um trabalho difícil, mas poderia ser feito.
Posso comprar assinaturas de jornais, exemplares antigos, de forma a irmos quantificando e classificando essa campanha eleitoral ilegal imensa que os veículos em questão têm feito para Serra.
O importante, agora, é que o apoio dado ao MSM pelos caros leitores durante este mês de julho prossiga, de forma a termos recursos para ir em frente e, pela primeira vez, provarmos, publicamente, que a grande imprensa brasileira se converteu em um partido político, já descrito como Partido da Imprensa Golpista.
Se tivermos êxito, acho que será um duro golpe para uma elite que criou para si um aparato de comunicação que se constitui em um poder paralelo ao do Estado, que tem conseguido atrasar o progresso do país escudado em uma liberdade de imprensa que nada mais é do que liberdade para usar até concessões públicas em prol de interesses sectários de um pequeno e influente grupo social.
Há, ainda, a frente de luta contra a manipulação de pesquisas, que graças aos leitores deste blog o MSM está tendo como travar. Aliás, nessa questão estamos muito próximos de provar que um crime eleitoral foi cometido por ao menos dois institutos de pesquisa, pois estamos indo para cima do inquérito que o MPE enviou à Polícia Federal com base na representação dos Sem Mídia pedindo auditoria de todos os institutos de pesquisa.
Neste fim de semana, teremos as pesquisas Datafolha e Vox Populi sobre a sucessão presidencial. É bem possível que um desses institutos forneça as provas finais para demonstrar um crime eleitoral de falsificação de pesquisas.
Se Vox Populi e Datafolha divergirem significativamente em pesquisas que fizeram quase ao mesmo tempo, ficará claro que um deles está mentindo e, assim, haverá uma pressão adicional para que a investigação da PF caminhe mais rápido.
O Movimento dos Sem Mídia, como se vê, está em uma encruzilhada. Com o vosso apoio, poderá realizar um feito inédito na história política deste país. O Brasil, portanto, conta com cada um de vocês para que mantenham a ONG de pé, de forma que, de uma vez por todas, tenha fim o uso da comunicação dessa forma ilegal e imoral que temos visto.
Que nos próximos meses continuemos juntos e atuando, porque procurarei a todos os que se dispuseram a ajudar. E são muitos. Em grande parte, já demonstraram que estão dispostos a impedir essa vergonhosa campanha midiática para eleger José Serra. Com esse apoio todo, venceremos.
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