A vitória de Gilberto Kassab nas eleições municipais de São Paulo, em 2008, foi bancada pela imprensa paulista como uma espécie de revide à reeleição de Lula dois anos antes, alcançada à contrapelo da campanha do impeachment embutida na denúncia do 'mensalão'. Foi a manipulação desse caldo de cultura que deu ao alcaide medíocre e 'bonachão' mais de 60% dos votos no 2º turno do pleito. A conta da fraude acaba de chegar e representa, em si, uma denúncia do jornalismo que agora cospe no prato que enfiou na goela do eleitor abastendo-se, naturalmente, de qualquer autocrítica. Em fim de mandato, a administração patrocinada pelo anti-petismo midiático carrega um atestado de fracasso em praticamente todas as áreas sensíveis à vida da metrópole: transportes, educação, saúde, prevenção de enchentes... Pesquisas dos mesmos veículos que o catapultaram aos píncaros da glória, com factóides como 'A Cidade Limpa', indicam que um candidato apoiado por Kassab teria hoje a rejeição de 49% dos eleitores. Outros 40% classificam a sua gestão como um desastre. O bombardeio algo orquestrado pode ser uma advertência à criatura que ensaia vôo solo com seu PSD, num momento em que o conservadorismo se ressente de nomes e requer unidade para renovar a artilharia antipetista em outubro. Embora desfrutável, a ascensão e a decadência de Kassab devem servir de alerta. Assim como fez de uma nulidade um case eleitoral vitorioso, a mídia poderá regenerar vampiros de bico longo, vendendo-os como 'administradores capazes' diante da grave situação da metrópole. A melhor denúncia do engodo é afrontá-lo desde já com respostas inovadoras, criativas, sintonizadas com as aspirações da cidade e atentas às lições oferecidas pela crise mundial em outras metrópoles. Inclui-se aí o papel estratégico do setor de serviços, como educação, cultura, amparo aos idosos etc na oferta de emprego à juventude; a ocupação de imóveis vazios com uma política municipal de aluguel social aos pobres e aos jovens casais em início de vida; forte incentivo ao professorado municipal; a criação de uma taxa social sobre o uso da cidade pelo aparato financeiro e sua destinação ao atendimento à saúde; a comunicação permanente com a cidadania como materialização, mais que nunca indispensável, da democracia participativa na gestão da cidade.
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