Por Paul
Singer
Existe uma diferença inegável entre PT e PSDB: a priorização da
luta contra a miséria. E os eleitores sabem disso, basta ver em qual partido a
periferia vota
Do ponto de vista da população mais pobre de qualquer cidade, a
eleição que tem mais possibilidade de mudar sua vida para pior ou melhor é a
municipal.
As políticas do governo federal e estadual também afetam os mais
pobres, mas de modo mais indireto. O governo estadual, por exemplo, tem a seu
cargo a segurança pública no Estado -algo importante para qualquer cidadão, mas
sobretudo para os que são obrigados a morar em áreas em que a criminalidade é
mais presente e ameaçadora.
Não obstante, é o governo municipal que responde pela iluminação
pública e, especialmente, por políticas sociais que impactam as condições de
vida dos moradores mais humildes. A atenção à população mais carente é um
aspecto fundamental na escolha do prefeito.
É preciso votar levando em consideração que é a prefeitura que
responde pelo registro das famílias mais carentes no Programa Bolsa Família,
por exemplo. Ela tem grande possibilidade de agir em parceria com o governo
federal no programa Brasil sem Miséria, de ajudar a resgatar famílias que vivem
em bolsões de extrema pobreza. A redução da miséria, aliás, certamente ajudará
a diminuir inclusive a criminalidade, na cidade inteira.
Eis, então, a razão pela qual votarei em Haddad desde o primeiro
turno: estou certo de que ele priorizará a luta contra a miséria, como fazem os
diferentes governos chefiados por políticos do PT.
Nesta questão, a diferença em relação aos governos chefiados pelo
PSDB é inegável.
E os eleitores sabem disso. Basta ver o mapa eleitoral de São
Paulo em qualquer eleição municipal para verificar que os candidatos do PSDB
vencem nas áreas mais opulentas, enquanto os candidatos do PT são os preferidos
na periferia.
Quanto maior a pobreza em uma região, maior a vantagem relativa do
PT. No primeiro turno destas eleições municipais, novamente tal fato foi
comprovado.
Além de Fernando Haddad ser o candidato do PT, minha preferência
por ele se deve ao fato de que eu o conheço há muito tempo e, assim, sei de sua
inteligência e do seu empenho em tornar a sociedade brasileira mais justa,
menos desigual.
Nesse sentido, o que Haddad fez como ministro de Educação é
notável, sobretudo na expansão do ensino público em nível universitário, área
em que os governos do PSDB se notabilizaram pela ausência.
Na gestão do PSDB, os jovens de famílias de baixa renda estavam
praticamente condenados a tentar estudar em universidades privadas, já que eram
barrados pelos vestibulares nas universidades públicas.
Os governos de Lula e Dilma, em que Haddad serviu como
ministro de Educação, priorizaram a expansão das universidades públicas,
permitindo o acesso de estudantes mais pobres. Além disso, o ProUni abriu
centenas de milhares de vagas em universidades privadas a eles.
Outra política importante foi a multiplicação dos Institutos de
Educação Científica e Tecnológica, que foram localizados nas áreas
desprivilegiadas do país. Nesses institutos, está sendo efetivado o Programa
Mulheres Mil, que dá formação profissional a mulheres de baixa renda. O
programa já resgatou dezenas de milhares da pobreza. Quem ouve os depoimentos
dessas mulheres percebe que não são poucas as que querem continuar estudando
até alcançar um diploma universitário.
No ministério, Haddad se cercou de uma equipe disposta a fazer da
educação uma arma na luta contra a opressão da mulher e contra a exclusão
preconceituosa de negros e indígenas das oportunidades de exercer plenamente
seus direitos como seres humanos e trabalhadores. Agora, ele tem tudo para ter
grande sucesso como prefeito.
Paul Singer é economista e secretário nacional de Economia
Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego.
(Artigo originalmente publicado no jornal Folha de S.
Paulo, edição de 19/10/2012)
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