Movimento Passe Livre volta às ruas nesta quarta-feira, com uma pauta bem mais política do que nas manifestações iniciais, que contestavam apenas o reajuste dos ônibus; no ato previsto para começar no Vale do Anhangabaú, protestos questionam desvios de R$ 425 milhões nas obras do metrô; MPL lembra, ainda, que Alstom, acusada de pagar propinas a governos tucanos, já foi punida em vários países; Alckmin vive seu dia D
14 DE AGOSTO DE 2013 ÀS 09:21
247 - Dentro de poucas horas, o Movimento Passe Livre promete parar novamente São Paulo. Desta vez, ao contrário das manifestações de junho, motivadas pelo reajuste de R$ 0,20 nas tarifas de ônibus, a pauta é mais política do que econômica. O MPL questiona os desvios nas obras do metrô de São Paulo, que teriam superfaturado R$ 425 milhões – sem os quais, a tarifa seria menor.
Na convocação para o protesto, o MPL cita os escândalos da Siemens, que denunciou um cartel nas licitações da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, e também da Alstom, acusada de pagar US$ 20 milhões em propinas a políticos tucanos, incluindo o vereador Andrea Matarazzo.
Acusado, o governador Geraldo Alckmin concedeu entrevista coletiva ontem e tentou dividir o ônus do escândalo com outros governos, afirmando que o cartel agiu em vários estados – além disso, ele anunciou um processo contra a Siemens, avisando que a multinacional terá que devolver "centavo por centavo".
Leia, abaixo, os esclarecimentos do MPL sobre o ato desta quarta, que começa às 15h no Anhangabaú, em São Paulo:
Respondendo algumas perguntas frequentes sobre a participação do MPL no ato do dia 14/08:
- O que é o ato do dia 14/08? O ato do dia 14/08 é uma manifestação de denúncia, frente ao desvio de mais de 570 milhões reais de dinheiro público nos contratos das licitações do Metrô e da CPTM. É mais uma mobilização na luta por um transporte verdadeiramente público, organizado de acordo com os interesses dos seus trabalhadores e usuários, e não pelo lucro das empresas e políticos.
- Quem está organizando o ato? O ato está sendo organizado pelo Sindicato dos Metroviários, e conta com o apoio de diversos outros grupos, como o MPL e o MTST. Fortaleceremos o ato porque sabemos que só unindo a luta dos passageiros com a dos trabalhadores é que conquistaremos um transporte verdadeiramente público, sem tarifa e sob controle popular. Por isso somos totalmente solidários à iniciativa dos Metroviários.
- Essa é a “volta do MPL às ruas”? Essa não é a volta do MPL às ruas porque o MPL nunca saiu das ruas. Desde junho, o MPL tem apoiado e fortalecido vários atos, de movimentos de moradia, de saúde pública, de articulações contra a Copa e de organizações de bairro. Assim faremos no dia 14/08 e continuaremos fazendo.
- Esse é um ato contra a corrupção? O MPL enxerga a corrupção como só mais um elemento da lógica privatista que rege o transporte, em detrimento das necessidades da população. Não defendemos o “fim da corrupção” porque sabemos que não se trata de um problema pontual, e sim estrutural. Defendemos o fim do lucro. A luta do MPL é por um transporte público fora da iniciativa privada, sob o controle de seus trabalhadores e usuários.
Leia mais sobre o ato clicando aqui e aqui. Quarta-feira, 15h, no Anhangabaú!
Leia, ainda, o manifesto do MPL:
A luta por transporte público continua: contra os desvios no Metrô!
Desde meados de 2012, a multinacional alemã Siemens tem delatado a existência e sua participação em um cartel que atuava nos contratos e licitações dos metrô e trens do Estado de São Paulo. A notícia veio à tona na semana passada, em uma matéria da revista ‘IstoÉ’, que estimava que R$ 50 milhões tinham sido desviados devido a esse esquema.
No domingo, o Conselho Admnistrativo de Defesa Econômica (Cade) e o Ministério Público, que investigam o cartel, já estimavam que o montante desviado teria sido de pelo menos R$ 425 milhões. Esses números são provavelmente ainda maiores, pois estão sendo investigados apenas alguns contratos, que fazem parte de um conjunto maior, de proporções gigantescas: o valor dos contratos até 2008 de uma das empresas investigadas, a Alstom, é de mais de R$ 5 bilhões. Vale lembrar que essa empresa já foi investigada e punida em diversos países por pagamento de propina e que casos como esses não são novos nem inéditos, vide vencimento dos lotes 3 a 8 da linha 5 – Lilás do Metrô.
Essas notícias só reforçam como o transporte coletivo é hoje tratado como fonte de lucro, como mercadoria. O sufoco que passamos todo dia no trem e metrô é consequência de um sistema organizado não em função das demandas de seus trabalhadores e usuários, mas sim do bolso de uns poucos políticos e empresários. Não podemos ficar calados diante de mais essa evidência que a gestão do transporte coletivo em São Paulo serve aos interesses privados e não as necessidades da população.
Por isso, o Sindicato dos Metroviários, o MPL-SP e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, entre outras organizações, chamam um ato para o dia 14 de agosto, para afirmar: dinheiro público deve ser investido em transporte público! Chega de gestão com fins privados e de desvios! Só a luta dos usuários e trabalhadores do transporte pode mudar esse sistema!
No dia 6/8 será distribuída em diversas regiões de São Paulo uma carta aberta à população com mais informações sobre o caso e sobre o ato do dia 14.
A LUTA POR UM TRANSPORTE VERDADEIRAMENTE PÚBLICO CONTINUA!
TRANSPORTE É DIREITO, NÃO MERCADORIA!
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