Contra as evidências, no entanto, FHC afirma que a corrupção do metrô, comandada pelo tucanato paulista, é diferente da ocorrida no chamado mensalão. "Não tem nada a ver" com o mensalão, disse ele. "Não apareceu o PSDB recebendo dinheiro, não comprou ninguém. Pode ter havido corrupção, mas aí é pessoal", afirmou.
O nome de José Serra (PSDB) foi formalmente envolvido no caso de cartel delatado pela Siemens. Segundo o diretor Nelson Branco Marchetti, o então governador de São Paulo e seu secretário de Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, sugeriram à multinacional alemã um acordo em 2008 para evitar que uma disputa empresarial travasse uma licitação da CPTM.
De acordo com a mensagem do executivo da Siemens, Serra avisou que a negociação seria cancelada, mas disse que ele e Portella "considerariam" outras soluções para evitar que a disputa provocasse atraso na entrega dos trens. Uma das saídas apresentadas seria a CAF dividir a encomenda com a Siemens, ou encomendar à alemã componentes dos trens.
"O Serra fez o anticartel. Processou a Siemens e quem ganhou foi a CAF [empresa espanhola que disputava a licitação]. Saiu 15% mais barato", defendeu FHC.
Nas reportagens sobre a compra de votos da reeleição, Portella é citado por Ronivon Santiago, um dos deputados que teria sido comprado por R$ 200 mil, como um dos articuladores da liberação de verbas no Ministério dos Transportes. Matarazzo, por sua vez, tornou-se ministro de FHC e depois embaixador em Roma, mesmo sem pertencer aos quadros do Itamaraty. Seu papel na arrecadação do caixa dois de campanha foi confirmado pelo então tesoureiro de FHC, Luiz Carlos Bresser Pereira.
Ou seja: tudo indica que os desvios no metrô fizeram parte de um projeto de poder político – e não apenas de desvios pessoais e pontuais de conduta.
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