Em um momento em que protestos violentos voltam a ocorrer em grande escala e concomitantemente com protestos pacíficos e legítimos como o dos professores do Rio de Janeiro na semana passada, as estratégias políticas que estão seduzindo jovens de várias classes sociais a promoverem esse tipo de ação precisam ser desnudadas.
Até porque, há uma tentativa de glamourização dos grupos que saem às ruas para promover ações violentas usando como desculpa o despreparo das polícias militares, que, ao reprimir o vandalismo, acabam se excedendo e vitimando também quem não cometeu violência.
O site Correio da Cidadania, por exemplo, vem desempenhando esse papel. É ligado ao PSOL. Segundo fontes fidedignas consultadas pelo Blog, seu conteúdo é avalizado por Plínio de Arruda Sampaio, que, em 2010, foi candidato a presidente por esse partido.
O site quase não divulga conteúdo próprio, limitando-se a reproduzir notícias veiculadas pela grande imprensa e textos opinativos que lhe são enviados por “colaboradores” simpáticos à sua linha editorial.
O “Correio” deixa clara a sua tendência política em “editorial” sobre o “mensalão” publicado no último dia 28 de setembro. O texto, publicado sob o título “A articulação da desigualdade e o Mensalão”, diz que o PT “traiu” os princípios que nortearam a sua fundação e concorda com a premissa da grande mídia e da oposição demo-tucana de que o julgamento do mensalão pelo STF “(…) comprovou, em forma indiscutível, a corrupção de deputados da base governista para o mais fácil apoio a medidas antipopulares, com destaque para a reforma da previdência dos funcionários públicos (…).
Apesar de o “Correio” não se identificar com o PSOL oficialmente, a sua linha editorial, como se vê acima, reproduz exatamente a posição política do partido. Além disso, a interferência de Plínio de Arruda Sampaio nessa linha editorial é sabida e consabida, ainda que não assumida.
O “Correio” não é, obviamente, a origem da ideologia que “justifica” a violência que se infiltra nos protestos. Há centenas de páginas na internet – sobretudo no Facebook – que exortam jovens pouco politizados a promoverem atos de vandalismo e até de violência física. Mas, pela importância política de quem coordena o que ali se publica, o site exerce grande influência sobre as mentes mais frágeis.
Em busca de notoriedade, militantes anônimos ligados (oficialmente ou não) a partidos políticos acotovelam-se para ver quem radicaliza mais nas propostas de “reação” à provocação que manifestantes violentos fazem a policiais cuja natureza igualmente violenta todos conhecem.
No último dia 2 de outubro, o “Correio” publicou texto de um desses militantes anônimos cujo teor é literalmente criminoso. Sob qualquer aspecto.
Para que se tenha uma ideia, o texto criminoso propõe até que sejam feitas “emboscadas” a policiais enquanto estiverem fora de serviço, inclusive em suas residências, sem levar em conta que nas residências de um policial estão também seus familiares – esposa, filhos etc.
O texto ainda prega ataques nas ruas ao governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral, ao prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes, e até à presidente Dilma Rousseff, dizendo que eles têm que ter “medo” de sair à rua. Mas não só. O texto ainda propõe que quem tiver opinião favorável ao PT ou ao PMDB deve ser igualmente caçado e agredido nas ruas.
A incitação da violência prega que não se quebre apenas lixeiras, mas os carros da PM. E não só: pede que os manifestantes “quebrem” também os policiais. O discurso é assustador. Diz que se um PM jogar uma bomba de gás lacrimogênio para dispersar uma manifestação, deve ser queimado vivo com um coquetel molotov.
Mais adiante, prega que os manifestantes violentos cerquem políticos do PT e do PMDB nas ruas e os agridam: “(…) Cerca o cara e faz ele [sic] sentir na pele o que a PM faz com o povo (…)”.
Em um dos trechos mais impressionantes, o texto propõe que os manifestantes façam com que um policial que tenha reprimido manifestações “(…) perca os dentes numa emboscada (…)”. E, ainda, o autor desse texto confessa seu crime: “(…) Estou incitando a violência? Sim. Estou (…)”.
Há reconhecimento, pois, de violação do artigo 286 do Código Penal, que determina pena de 3 a 6 meses de prisão a quem incitar crimes publicamente.
Entende-se, através desse texto, como as mentes frágeis de certos jovens despolitizados e mal orientados acabam se deixando contaminar pelo discurso da violência. Há uma glamourização que certos “intelectuais” fazem do uso da tática do bloco negro, como se a história do uso dessa estratégia de luta política justificasse as ações violentas que vêm chocando e revoltando a sociedade de forma crescente.
Abaixo, reproduzo o texto criminoso sem identificar o autor ou linkar a página do Correio da Cidadania em que aquele texto foi publicado, de forma a frustrar o desejo de notoriedade que, via de regra, é o que move esses anônimos que fazem esse tipo de pregação violenta e que, com suas sandices, fazem o jogo de espertalhões como Plínio de Arruda Sampaio.
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Correio da Cidadania
2 de outubro de 2013
Autor: xxxxxx
Violência se combate com rosas? Não, com violência
O Brasil nunca terá jeito enquanto o movimento social continuar apanhando sem reagir.
Sem radicalizar a resistência, não adianta ficar gritando, pra apanhar depois e ir lamber feridas, apanhando novamente em nova ocasião.
E movimentos sociais devem parar de chorar, de se fazer de coitados e ir à luta. Não às ruas pra apanhar, não ao parlamento pra implorar direitos que deveriam ser dados sem sequer precisar pedir – são direitos, oras –, mas ir pra porrada, com as armas que têm, com sua maioria, com sua capacidade de mobilização, de penetração em todas as áreas.
A tática Black Block ainda é incipiente, isolada, mais quebra-quebra que algo sistemático. Precisa sistematizar, organizar. É preciso que a PM sinta na pele a reação popular. Que sinta medo, que aprenda quem manda. A PM tem que apanhar.
Políticos como Paes, Cabral, a corja do PTMDB inteira tem de ter MEDO de sair de casa, tem de ser perseguidos nas ruas pelo movimento social. Sem trégua.
Violência se combate não com rosas e sangue (nosso), mas com igual violência popular e política.
Ao invés de quebrar lixeira, tem que quebrar carro da PM, aliás, quebrar os PMs.
PM jogou bomba? Molotov pra queimar os bandidos. Tem que ter reação violenta.
Político bandido do PTMDB saiu pra defender brutalidade da PM? Cerca o cara e faz ele sentir na pele o que a PM faz com o povo. Vê se ele aprende.
PM sorrindo ao espancar o povo? Que no dia seguinte ele perca os dentes numa emboscada. O poder tem que ter MEDO do povo. Pois, no fim, o poder pertence (tem que pertencer) ao povo.
Estou incitando a violência? Sim. Estou. Violência política contra quem usa do Estado para nos violentar.
O mundo pode estar sensibilizado com os vídeos dos nossos companheiros sangrando, espancados, presos, feridos… Mas os “nossos” políticos não se sensibilizam. Mandam a PM fazer o trabalho para o qual foi treinada: reprimir o povo.
Pois temos de reagir. Temos de enfrentar violência com violência. Se o “povo unido é povo forte”, então o povo unido e forte tem que ir à luta, em todos os sentidos desta palavra.
A chave é o medo. É preciso fazer com que os políticos temam o povo. Temam sequer sair às ruas. Gente como Paes, Cabral, Dilma, não pode ter a liberdade de andar sorridente pelas ruas ao lado de suas vítimas, de vítimas de suas políticas repressivas. O povo, nas ruas, tem de perseguir estes elementos, tem que fazê-los sentir o que é ter o medo diário que todos nós temos de caminhar nas ruas, podendo ser vítimas da brutalidade do Estado.
Óbvio que não falo em ir para o campo aberto, não temos armas como a PM, não temos a organização nem a capacidade deles. Mas temos nossos métodos, temos a possibilidade de adotar táticas de guerrilha urbana, de cercar, de ir atrás, de fazê-los temer chegar ao campo aberto, pois sabemos onde moram, onde vão e o que fazem.
Sem uma resposta violenta seremos sempre violentados.
Subestimo a PM? Talvez. De fato, nós não temos capacidade para combatê-la em campo aberto, mas PMs têm vizinhos. Vizinhos estes que muitas vezes são também suas vítimas. PMs têm de andar pela rua, seja trabalhando ou na folga. Nada pode os proteger todo o tempo.
A partir do momento em que estes PMs violentam seus vizinhos, nada garante que possam se proteger da reação que vem de todos os lados e, no fim, do lado de casa. E o mesmo vale para os políticos.
A PM e os políticos devem nos temer, e não o contrário.
PS: Não, não estou falando em ‘matar’ policiais ou políticos. E, sim, este recado foi para a corja governista que hoje ama a PM e a usa para espancar o povo.
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Assista, abaixo, ao resultado dessa pregação criminosa
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