Se a gente considerar os gastos do Governo Federal com a Copa do Mundo – mesmo somando o que foi aplicado em obras de mobilidade urbana que tem bem pouco a ver, senão a oportunidade, com os jogos de futebol e os financiamentos do BNDES para os construtores dos estádios, que voltarão ao cofres do Banco – tem-se, segundo a Folha, R$ 13,1 bilhões
O jornal mostrou que, mesmo juntando estados e municípios e gastos privados na conta, para chegar a R$ 25,8 bilhões, não daria para um mês dos gastos públicos com educação.
Mas alguns argumentaram que isso inclui pessoal, encargos e outros gastos de custeio, que não são, como aqueles, investimentos novos.
Muito bem.
Então fui comparar aos investimentos.
Até abril, segundo dados apresentados hoje pelo Tesouro Nacional, os programas de investimento federais desembolsaram, desde janeiro, R$ 27,4 bilhões, com destaque para o PAC (R$ 19, 9 bilhões) e o Minha Casa, Minha Vida.
Mais de duas Copas, ao longo de sete anos, portanto, apenas como investimento, obras, sem contar salários e outros gastos de custeio, em apenas quatro meses.
Se somarmos as outras despesas de custeio, o dispêndio com a Saúde, sem contar o transferido para Estados, só em março e abril ( R $ 7,05 bi e R$ 6, 85 bi) é outra Copa.
Se a isso somarmos o que se destina à saúde pela renúncia fiscal federal em favor de planos de saúde e despesas médicas, só em 2011 (hoje certamente será bem mais), que somou R$ 15,8 bi, dá mais outra Copa ainda, com sobras.
Haja Copa!
Mas é possível fazer outra conta, também, esta bem triste.
É que de janeiro a abril acumulamos um superavit primário de R$ 29, 7 bilhões, mais de duas Copas.
É dinheiro que deixamos de gastar em saúde, educação, estradas, portos. E que não vai nem deixar estádios ou metrô, linhas expressas e outras obras “da Copa”.
Vai para a turma da “bufunfa” padrão Fifa, na forma de juros e encargos da dívida brasileira.
O olha que isso não chega para cobrir nem a metade dos cerca de R$ 80 bilhões que o país pagou de juros, quase seis Copas.
Mas essa despesa é boa, bonita e agradável ao poder econômico e à mídia, deus os livre de fazerem tal comparação.
Daqui a pouco vai aparecer um inconveniente dizendo que, nos sete anos de preparação para a Copa, o dinheiro que ganharam com juros daria para construir algo como mil e quinhentos estádios de R$ 1 bilhão cada!
A única comparação que não dá para fazer é quantas Copas daria para fazer com o dinheiro pelo qual Fernando Henrique vndeu a Vale, maior empresa de minério de ferro do mundo.
É que foram só US$ 3 bilhões, ou R$ 6,4 bilhões em dinheiro ao câmbio de hoje.
Não dá meia Copa sequer.
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