Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quarta-feira, 3 de abril de 2013

A estratégia da direita midiática para retomar o poder no Brasil


 Eduguim
Quem melhor definiu o quadro político neste ano pré-eleitoral foi a jornalista e escritora Maria Inês Nassif, irmã do jornalista Luis Nassif, quem, após deixar sua coluna no jornal Valor Econômico por pressão política, foi trabalhar no Instituto Cidadania, do ex-presidente Lula.
Maria Inês disse, em recente reunião de que ambos participamos, que a esquerda, no Brasil, “não sabe exercer a hegemonia como a direita” quando esta chega ao poder.
O que significa isso? Que, apesar de ter o Poder Executivo, a direita midiática tem o controle – não influência democrática que qualquer lado da política tem que ter, mas o controle, a hegemonia – do Judiciário e, em certos aspectos, até do Legislativo. Sem falar da mídia…
O PT chegou ao poder em 2003 através de Lula e os dois mandatos dele que se seguiriam e o da sucessora que indicou e conseguiu eleger, constituíram-se em um sucesso incontestável – ao menos do ponto de vista da maioria do eleitorado brasileiro em todas as classes sociais e na quase totalidade das regiões país.
Contudo, está sendo criada uma estratégia que pode surpreender quem acredita que Dilma “já ganhou”.
Estamos a um ano e meio da sucessão de Dilma Rousseff. Há, portanto, tempo de sobra para despertar os setores da sociedade que entendem e apoiam o processo de soerguimento econômico e social que o Brasil experimenta há uma década.
Leio nos jornalões antipetistas e antigovernistas que foi “Dilma” quem desencadeou a sucessão presidencial antes da hora. Editorial do jornal Folha de São Paulo de quarta-feira, 3 de abril de 2013, bate nessa tecla seguindo a linha do resto dessa “grande imprensa”.
Esse trecho do editorial resume a versão absurda dos fatos que está sendo difundida pela oposição e pela mídia a ela aliada:
“(…) A deletéria antecipação da corrida eleitoral de 2014 leva a presidente Dilma Rousseff a reciclar o jogo fisiológico e o loteamento de ministérios (…)”
Qualquer um que tenha a menor noção de política sabe que presidente nenhum quer a antecipação da própria sucessão. A expressão em inglês “Lame Duck” – que, em português, pode ser traduzida livremente como “pato manco” – alude justamente à perda de poder que um presidente experimenta quando o fim de seu governo se aproxima.
Quem desencadeou a sucessão presidencial não foram Dilma, Lula ou o PT; foi parte da oposição e até dos aliados do governo que estão sendo tentados pelo canto da sereia destro-midiático.
Apesar de pesquisa Datafolha recente ter detectado que se o pleito de 2014 fosse hoje Dilma seria reeleita em primeiro turno com 58% dos votos, todos sabemos que durante os processos eleitorais as coisas nunca são tão fáceis.
Lembremo-nos de como, em 2010, todos foram surpreendidos com a realização do segundo turno por conta, principalmente, do levante de católicos e evangélicos contra a candidatura Dilma a partir da premissa de que ela seria “abortista”.
Além disso, a vitória por apenas dez pontos percentuais em um momento em que a economia estava bombando, com emprego em alta, renda crescendo, pobreza despencando, dá bem uma dimensão de como a sociedade não se pauta sempre pela lógica na hora de votar. Dilma deveria ter vencido com muito maior folga.
Para 2014, a mídia conservadora conseguiu elaborar uma estratégia mais sofisticada do que a de 2010. Marina Silva deve vir com tudo. Mesmo se não passar do patamar de 16% dos votos que obteve na última pesquisa, lá se vão parte dos votos que seriam de Dilma. Eduardo Campos pode extrair mais um naco importante, se for candidato.
Contudo, a coisa não fica por aí. Reproduzo, abaixo, notícia extraída do Estadão e que circulou fartamente por vários outros veículos.
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O Estado de São Paulo
2 de abril de 2013
“A Procuradoria da República no Distrito Federal abriu seis procedimentos para investigar as acusações feitas pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza no depoimento prestado em 24 de setembro de 2012. Condenado pelo Supremo como o operador do mensalão, ele acusou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ter se beneficiado pessoalmente do esquema. O petista classificou o depoimento, prestado sigilosamente à Procuradoria-Geral, como mentiroso.
(…)
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, esperou o fim do julgamento do mensalão para despachar o depoimento.
(…)
A Procuradoria da República em Minas já investiga os repasses feitos por Valério à empresa do ex-assessor da Presidência da República Freud Godoy. O operador do mensalão afirmou ter depositado um cheque de R$ 100 mil na conta da Caso Sistema de Segurança, uma empresa do setor de segurança privada.
Ao investigar o mensalão, a CPI dos Correios detectou, em 2005, um pagamento feito pela SMPB, agência de publicidade de Valério, à empresa de Freud. O depósito foi feito, segundo dados do sigilo bancário quebrado pela comissão, em 21 e janeiro de 2003, no valor de R$ 98.500.
Em busca de benefícios. Em meio ao julgamento do mensalão, Valério foi voluntariamente à Procuradoria-Geral da República no dia 24 de setembro na tentativa de obter algum benefício em troca de novas informações sobre o caso. Em mais de três horas de depoimento, disse que o esquema do mensalão ajudou a bancar “despesas pessoais” do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
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Esses processos foram propostos pelo atual procurador-geral da República – cujas posições oposicionistas todos conhecem – a instâncias estaduais do MPF com o evidente objetivo de se tornarem uma grande polêmica em pleno processo eleitoral de 2014.
Lula, o grande eleitor que elegeu Dilma e que deverá ter larga influência na próxima eleição, estará sob fogo cerrado, com “descobertas” sendo apresentadas ao eleitorado no momento em que ele terá que decidir quem continuará comandando este país.
Dirão, com boa dose de razão, que o uso de factoides e candidaturas lançadas só para reduzir a força dos candidatos petistas não começou hoje, mas o espectro de candidaturas que não têm pretensão outra além da de atrapalhar Dilma, pois não têm chance, será muito maior desta vez, potencializando o efeito Marina de 2010, agora com Eduardo Campos pela esquerda, Marina por um centro “sonhático” e o candidato da direita, possivelmente do PSDB, que carrega sempre uma parte consistente do eleitorado.
A antecipação da campanha eleitoral, pois, interessa à oposição e aos aliados do governo que se assanham com a possibilidade de voos solo. Essas candidaturas estão sendo construídas com grande antecedência, bem como o ataque ao grande eleitor de 2014 e, ainda, com uma conjuntura econômica internacional que sempre carrega surpresas.
Ano que vem, o país assistirá a uma campanha eleitoral que tem tudo para ser a mais virulenta do pós-redemocratização, por incrível que possa parecer à luz do que foram as anteriores. Aqui vai, portanto, um alerta: o pior inimigo de Dilma é o “já ganhou”.

terça-feira, 19 de março de 2013

Petista afirma que Comissão da Verdade investigará imprensa


Eduguim.
Nas últimas semanas, a imprensa tem veiculado que a Comissão da Verdade, que apura o colaboracionismo de agente públicos e privados com a ditadura militar que vigeu no Brasil entre 1964 e 1985 a fim de produzir um relatório histórico, está investigando a participação de empresários e até de entidades dirigentes do futebol com aquele regime.
Todavia, até o momento a Comissão da Verdade não divulgou se irá apurar a atuação de certos agentes privados que tiveram participação preponderante para a efetivação do golpe de 1964 e para sua sustentação nos anos seguintes, até que a repressão aumentasse ao ponto de que aqueles que pediram e sustentaram a ditadura entendessem que em ditaduras só quem ganha é o ditador.
Para entender como é possível que uma Comissão que pretende apurar a verdade esteja, aparentemente, deixando de fora justamente o setor da sociedade que trabalhou com maior êxito e mais ostensivamente para a implantação do regime autoritário no Brasil dos anos 1960, o Blog da Cidadania recorreu ao presidente da Comissão Estadual da Verdade do Estado de São Paulo e da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa paulista, o deputado Adriano Diogo (PT-SP).
Leia abaixo, portanto, a entrevista que o deputado estadual em questão deu ao Blog da Cidadania nesta terça-feira, 19 de março de 2013.
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BLOG DA CIDADANIA – Deputado Adriano Diogo, bom dia. O senhor preside a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo e a Comissão Estadual da Verdade que funciona naquela Casa, correto?
ADRIANO DIOGO – Sim, mas tenho que explicar que a Comissão Estadual da Verdade não é uma Comissão de Estado, é uma Comissão criada no âmbito da Assembleia Legislativa. Então, a partir da Assembleia Legislativa nós criamos a Comissão da Verdade do Estado de São Paulo.
Não é um projeto de lei, é um projeto de resolução. É que a Comissão adquiriu tal dimensão que as pessoas acham que é do Estado de São Paulo, mas ela não teve apoio nenhum do governo do Estado. Nós trabalhamos, só os deputados, no âmbito da Assembleia Legislativa.
BLOG DA CIDADANIA – Deputado, a imprensa tem veiculado que a Comissão Nacional da Verdade está investigando a atuação de vários setores da sociedade durante a ditadura de uma forma colaborativa.
Haveria empresariado envolvido. Fala-se claramente na Folha, hoje, sobre a FIESP e há pouco [em off] o senhor me falou da relação de entidades e pessoas do futebol com a mesma ditadura, sobretudo do futebol paulista.
Mas há um setor, deputado, que teve uma intensa correlação com a ditadura e sobre o qual, até agora, não se falou nada.
Então, muito sucintamente, gostaria que o senhor dissesse como é que fica a atuação da imprensa, da grande imprensa no âmbito do golpe, naquele momento do golpe, e na posterior sustentação daquele golpe que grande parte da imprensa, da grande imprensa teve durante a ditadura e com a ditadura.
A gente sabe que vários meios de comunicação – imprensa escrita, imprensa eletrônica – tiveram relações com a ditadura e, até agora, não se falou nada disso na Comissão da Verdade. Isso não vai ser apurado?
ADRIANO DIOGO – O golpe foi dado com apoio total da imprensa. Total. O único jornal de grande circulação que ficou contra o golpe foi o jornal Última Hora. É claro que os Bloch [revista Manchete] foram muito cautelosos… Mas, na grande imprensa, o golpe foi alardeado e bancado, principalmente nos primeiros anos [da ditadura], por muitos setores da imprensa.
O Estadão e o Jornal da Tarde,  de apoiadores da ditadura, do golpe, de apoiadores do Ademar de Barros e daMarcha da Família com Deus pela Liberdade – que era um absurdo, era o golpe –,  acabaram atingidos pela censura.
O Estadão e O Globo foram jornais importantíssimos para a decretação do golpe e a sua sustentação, o que não significa que os jornalistas dessas empresas fossem golpistas. Foram os patrões deles.
Aquele jornal Shopping News ou City News, tinha um jornalista que escrevia artigos contra o Wladimir Herzog, contra o Sindicato dos Jornalistas e contra a TV Cultura. Pedia a cabeça do Wlado e de seus companheiros todo fim de semana em São Paulo. Pedia a prisão do Wlado.
Então, a atuação da imprensa [durante a ditadura] foi uma coisa cruel.
BLOG DA CIDADANIA – Então, deputado, mas o senhor me relata a atuação da imprensa nesse período que é, mais ou menos, uma coisa que todos conhecem. Mas na Comissão da Verdade, ao menos pelo que tem noticiado a imprensa, não se fala nada sobre apurar essa atuação da imprensa.
ADRIANO DIOGO – Bom, a atuação da Comissão Nacional da Verdade agora mudou de coordenador. Agora, assumiu a Comissão Nacional o diplomata Paulo Sergio Pinheiro.  Antes, era o ex-procurador-geral da República doutor Claudio Fonteles.
Possivelmente, agora eles vão mudar a técnica de abordagem. E eu acho que, uma hora, esse capítulo terá que ser abordado – sempre lembrando que uma coisa foi a imprensa, outra coisa foram certas empresas jornalísticas que emprestaram veículos [para a ditadura transportar presos políticos], [que estimularam] a repressão e tiveram um papel direto [na ditadura]. Um papel direto!
É evidente que essas questões vão ter que ser abordadas. Senão, a verdade nã será completa. Vai ser uma comissão de meia verdade. E não existe meia verdade.
Agora, tudo é um processo. Neste ano, no dia 31 de março, o golpe vai fazer 49 anos e nada – ou muito pouco – se sabe do golpe de 64. É um assunto proibido. É muito difícil dizer a verdade no país da mentira.
BLOG DA CIDADANIA – Então, deputado: é muito difícil dizer a verdade no país da mentira. Essa é a grande questão porque, neste momento, a gente vê a grande imprensa dizer que o seu partido, o PT, estaria querendo instalar a censura no Brasil através de posições do partido favoráveis à regulamentação dos meios de comunicação eletrônicos via um novo marco regulatório.
Nesse momento, não seria muito bom que uma Comissão que diz – ao menos diz – que procura a verdade mostrasse ao país qual foi o comportamento dessas empresas de comunicação que hoje estão falando em censura e acusando o seu partido de ser um partido de censores?
Minha pergunta, portanto, é se o senhor não tem nenhuma notícia de uma intenção sequer cogitada no âmbito da Comissão da Verdade sobre uma investigação da atuação da imprensa – ou de uma parte da imprensa – durante a ditadura.
ADRIANO DIOGO – Eu não disse isso. Eu disse que, até o presente momento, não foi abordado o papel da imprensa e das empresas jornalísticas. Eu não estou dizendo, com isso, que não vai ser abordado. Eu não falei isso.
BLOG DA CIDADANIA – Mas, até o momento, não foi?
ADRIANO DIOGO – Até o momento, pelo menos, [acho que] não foi. Mas a Comissão Nacional não divulga o conteúdo do material, dos depoimentos. Isso só vai ser feito através de relatório a ser publicado [ao fim dos trabalhos da Comissão da Verdade]. Até lá, nós [da Comissão Estadual] não temos acesso.
Mas eu garanto ao senhor o seguinte: na Comissão de São Paulo, tudo que estiver ao alcance, tudo que estiver documentado será apurado e divulgado.
Comento que até hoje não se sabe se o dia 1º de abril foi um dia depois do golpe ou o dia do golpe porque até isso os militares mudaram para não caracterizar o golpe como o golpe da mentira, porque o dia 1º de abril é o Dia da Mentira.
Tudo isso vai ser esclarecido porque vão ser abertos ao público todos os arquivos do Estado de São Paulo, o que será uma contribuição nossa – da nossa Comissão, de São Paulo. Faremos com que todos os arquivos do DOPS [Departamento de Ordem Política e Social, órgão repressor da ditadura], de todos os órgãos da repressão do Estado de São Paulo, sejam  abertos ao público no [próximo] dia 1º no Arquivo do Estado.
Assim, é evidente que o papel da imprensa, que passa por certas empresas jornalísticas, vai ser apurado.
O que eu estou tentando explicar é que a Comissão da Verdade não é uma Comissão Técnica, ela é uma Comissão do povo brasileiro. (…) Ela não pertence a um grupo de especialistas.
O que estou tentando dizer, portanto, é que a Comissão da verdade é como o movimento brasileiro de Anistia. Um grande movimento popular, em todo o Brasil, nas universidades, nos sindicatos, nos órgãos associativos dos arquitetos, dos engenheiros, dos advogados – como a OAB de São Paulo – para contar essa verdade.
Esse relatório não vai ser um documento que vai ficar numa prateleira. Terá que ser divulgada a participação de todos. Da Fiesp, das empresas jornalísticas, das empresas automobilísticas… Todo aquele que contribuiu com o golpe, como aconteceu na Alemanha nazista, terá que aparecer. O nosso holocausto não pode ser contado pela metade.
BLOG DA CIDADANIA – Pelo que entendo, então, deputado, o senhor não acredita que será possível excluir a imprensa dessa investigação. É isso?
ADRIANO DIOGO – Ninguém poderá ser excluído.