Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A CRISE DE ABSTINÊNCIA E O ALAMBIQUE MIDIÁTICO


É notório o esforço conservador para circunscrever  os distúrbios registrados em Londres, os mais violentos da onda de manifestações iniciada nos países árabes, à sua dimensão policial. Comprimi-los  ao prontuário das delegacias é uma questão de coerência, especialmente  para a mídia que durante décadas destilou o veneno que está por trás dessas e de outras rebeliões que faíscam do longo crepúsculo neoliberal no  planeta. Exumar esse material narrativo é importante não apenas como documentação do passado. Trata-se de uma vacina para o futuro, num momento em que muitas de suas premissas e promessas revelam-se uma falácia, desdobrando-se em explosiva crise social de abstinência material e subjetiva. No caso brasileiro, um dos alambiques responsáveis por ministrar doses tóxicas de mercadismo & individualismo da selva à classe média, anos a fio  -sem prejuízo de outros provedores de efeito letal semelhante-  é a revista Veja. Em setembro de 2003, por exemplo, a semanal da  Abril - editora que inclui a educação entre as prioridades de negócios atualmente, com a venda maciça de ‘conteúdo' apostilado  à rede pública de ensino de SP-- dedicou-se a um balanço daquilo que anunciou como sendo: " ... 35 anos da história do Brasil e do mundo contado a Veja por quem a fez". E quem a fez? No quesito ícones da economia, Veja consagrou então, respectivamente, Margareth Thatcher, a Dama de Ferro, autora da pérola "isso a que chamam sociedade não existe; que existe são os indivíduos"; e o não menos preclaro militante do individualismo exacerbado, Friedrich von Hayek, para quem o vale-tudo dos mercados era o requisito da liberdade humana. Os acontecimentos em Londres dão uma pequena idéia do esgarçamento social produzido por esse ‘experimento' de interesses lucrativamente reverberados  pelos Civita, Marinhos e Murdochs. Não por acaso os mesmos que agora mobilizam desesperado esforço reinterpretativo para legitimar uma terapia da crise feita de doses adicionais do veneno que a gerou. (Leia mais no especial ‘O berço neoliberal: a Inglaterra de Tatcher a Tottenham)
(Carta Maior; Domingo, 14/08/ 2011)