Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sábado, 16 de julho de 2011

Merval, faça como Murdoch. Peça desculpas ao Roque

A carta de Murdoch pedindo desculpas e José Roque , a quem Merval chamou de traficante
O Edu Guimarães desmontou o artigo cheio de ódios que Lord Merval Pereira “dedica” hoje a Lula em O Globo. É imperdível.

Coisa de um cinismo vergonhoso. Além das inverdades que o Edu mostra e comprova, ele arroga a si e aos jornalões o monopólio da verdade e da responsabilidade, justamente na semana em que o comportamento mais baixo e sórdido de um conglomerado de comunicação é revelado.
“(…) os blogs mais acessados são justamente os que se ligam aos principais jornais do país, cujas marcas e tradição lhes dão os meios para apuração das notícias e a credibilidade que muitas vezes faltam a blogs personalistas (…)
Embora tenha ficado bacana este “personalistas” no lugar do “sujos”, Merval não tem como afirmar isso. Primeiro porque os tais “blogs mais acessados”, por ficarem “pendurados nos portais” não têm informação pública de acesso, como os “personalistas”. Segundo, porque ele próprio protagonizou, como subeditor de O Globo, um episódio que mostra o quanto se pode avaliar a sua “apuração de notícias e credibilidade”.
A narrativa é de Caio Túlio Costa, ex-ombudsman da Folha, e pode ser lida, na íntegra, aqui e aqui.
“O Globo” estava praticamente “fechado” na quinta-feira, na finalidade os preparativos para entrar nas rotinas, quando recebeu uma informação, via jornal “O Dia”, de que a polícia havia estourado um ponto de tráfico e achara uma foto de Brizola abraçando um traficante. O jornal segurou sua primeira página e despachou equipe para o local.
Lá recolheu informações, dada por um detetive-inspetor da polícia, Horácio Reis, de que Brizola estava abraçando Eureka, um traficante. A noticia acompanhada da foto do abraço ganhou destaque na primeira página de sexta-feira : “polícia acha pôster de Brizola com traficante”. A foto ocupava parte da cabeça do jornal e a legenda dizia que Brizola estava “sorrindo e abraçado com o traficante Eureka”.
O jornal começou a ser impresso com a informação apenas na sua capa mas foi rapidamente providenciado um segundo clichê e ela também foi incluída nas páginas internas, na seção Grande Rio. Houve uma decisão de tratar o assunto como caso de polícia. “Registramos uma coisa que nos parecia escandalosa”, disse a este colunista o diretor de Redação do “O Globo”, Evandro Carlos de Andrade.
Quando o jornal surgiu nas bancas foi o maior estrago. O rapaz apareceu e disse que não é o traficante Eureka, chama-se José Roque Ferreira, tem 39 anos, foi candidato a vereador no Rio e preside a Associação de Moradores Morro do Telégrafo, em Mangueira. Esta última informação o próprio ” O Globo” tinha na quinta-feira mas não deu importância, preferiu confiar no inspetor Horácio Reis. “Era a responsabilidade política de um policial”, afirma Evandro. O diretor do jornal argumenta ainda da que “não se podia, em função do horário, fazer uma apuração rigorosa”.
Agora o “O Globo” está sendo processado. Brizola entrou com queixa na Justiça comum (calúnia) e outra na Justiça Eleitoral. Quer direito de resposta. O “O Globo” terá que retratar-se uma vez provado que errou. Mas “O Globo” continua investigando a vida de José Roque (que desafiou a polícia a prendê-lo) e reafirmou na sua edição de ontem que o detetive-inspetor Horácio Reis tem certeza de que Roque é ligado ao comércio de entorpecentes.”
E foi o próprio Merval quem explicou a atitude do jornal, conta-nos Caio Túlio:
” O caso comentado nesta coluna na semana passada – sobre a notícia dada pelo jornal “O Globo” de que a polícia carioca tinha achado uma foto de Brizola junto ao traficante Eureka – continua repercutindo. Décio Malta, editor de “O Dia” telefonou para dizer que a informação sobre a foto não chegou ao jornal “O Globo” via “O Dia”, que cedeu somente a sua foto para publicação. Malta mandou também cópia do material publicado pelo seu jornal. Nele está claro que “O Dia” incluiu na sua primeira página a menção de que o homem abraçado por Brizola tinha sido identificado também como José Roque, presidente de uma associação de moradores.
*O jornalista Merval Pereira, da direção de “O Globo”, também telefonou para estabelecer que o jornal não se baseou apenas numa fonte para afirmar que José Roque seria o traficante Eureka. Além do detetive-inspetor Horácio Reis (que negou tudo depois). “O Globo” escudou-se também na afirmativa do sargento Luis Carlos Rodrigues. “Uma fonte da Polícia Civil e outra da Polícia Militar”, diz Merval.
Ele mandou um fac-simile da reportagem que “O Globo” deu no segundo clichê, onde aparece a informação de que o sargento também dissera que o homem da foto era o traficante Eureka.
* O fato de “O Globo” ter-se baseado em duas – e não em uma única fonte policial – não desculpa o jornal pelo erro jornalístico contra José Roque e Leonel Brizola. Fez bem “O Dia” em tentar descobrir quem era na realidade o homem que Brizola abraçava e fora apontado pela polícia como traficante Eureka. Ao contrário de “O Globo”, o jornal “O Dia” teve tempo de descobrir sua identidade e de publicar a informação de que o rapaz da foto poderia ser o José Roque. E acertou.”
Merval bem que poderia informar aos leitores como terminou a ação judicial sobre sua “capacidade de apuração e credibilidade”, ao tratar como traficante um cidadão de bem como, também, de usar este expediente em plena campanha eleitoral para presidente, em 1989.
E aproveitar a temporada, quem sabe, para pedir desculpas, a la Murdoch, ao José Roque Ferreira, o líder comunitário a quem chamou de traficante.

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