Três principais jornais sul-coreanos sofrem pesadamente com a fuga de anunciantes e a queda no número de leitores.
Na terra que se gaba de ter uma das mais redes de internet mais velozes do mundo e boa parte da população conectada a smartphones poderosos, os jornais impressos sul-coreanos parecem estar com os dias contados.
"Em uma década eles chegarão ao fim", prevê o professor Kwang Yung Choo, da Universidade Nacional de Seul e diretor do programa SNU-LG Press Fellowship, uma iniciativa entre o Instituto de Pesquisa em Comunicação da universidade e a LG Sangnam Press Foundation que, desde 1997, trouxe 128 jornalistas de 15 países para estudar na Coreia.
Atualmente, os três principais jornais sul-coreanos têm uma tiragem de dois milhões de exemplares por dia cada.
O problema, contudo, é que os títulos The Chosun Ilbo, The Dong-A Ilbo e JoongAng Daily estão sofrendo pesadamente com a fuga de anunciantes e a queda no número de leitores, situação que tem levado todos a investirem em plataformas digitais.
A nova geração não lê mais jornal, conta o professor. Eles ficam o dia todo com os olhos na tela dos celulares.
"De 18 anos para baixo ninguém mais lê jornal em papel neste país. E mesmo os mais velhos estão lendo com menos freqüência. A queda nas vendas não permitirá que os jornais coreanos sobrevivam por mais de 10 anos. No mundo, a tendência é a mesma, mais cedo ou mais tarde", alerta o professor.
Diante do novo mundo globalizado, digitalizado e móvel, Yung Choo sugere que os grandes grupos de comunicação repensem sua plataforma, o que levará à migração do papel para a tela de computador, tablet ou celular. O meio papel tende a acabar, mas os jornalistas e suas empresas não. O formato, contudo, tem que mudar.
O professor recomenda ainda que os veículos avaliem seriamente a prioridade dada às notícias.
"É inaceitável que uma menina de 17 anos, seja ela modelo ou cantora, tenha mais destaque em uma publicação que o presidente do país. Trata-se de algo ridículo, estúpido e de um sensacionalismo sem precedentes."
O professor dá como exemplo a ser seguido o jornal americano The New York Times que, segundo ele, jamais desperdiça papel com histórias irrelevantes.
É o conceito chamado de "fit to print", que só leva em consideração a publicação de uma matéria quando ela realmente tem qualidade e valor para o leitor.
A repórter do Brasil Econômico está em Seul, capital da Coreia do Sul, participando de um curso de três semanas em cultura coreana oferecido pela Universidade Nacional de Seul e da Fundação LG. Confira mais novidades na seção "Direto da Coreia"
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