Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quinta-feira, 19 de abril de 2012

Mídia brasileira sofre junto com europeus



A mídia brasileira, representada (acima) pelo Estadão, assumiu a defesa de interesses… dos europeus.
Parece o africâner que posou ao lado do rei Juan Carlos e do elefante morto, na Botsuana — imagem que sintetiza o que foi o colonialismo europeu na África.
Pois hoje o New York Times disse que a decisão da presidente da Argentina, Cristina Kirchner, de expropriar a maior parte das ações da espanhola, assumindo assim o controle da YPF, causou lamentações no Brasil.
Tradução proporcionada pela Heloisa Villela, desde Washington:
No Brasil e em outro lugares, estupefação com o movimento de nacionalização na Argentina
Por Simon Romero, 18.04.2012, no New York Times
RIO DE JANEIRO — Em um discurso quente para justificar a decisão de nacionalizar a companhia de petróleo YPF, a presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, citou sua admiração pela Petrobras, a gigante estatal do petróleo do Brasil, e outras empresas estatais de petróleo da América Latina.
Mas aqui no Brasil, o crescente poder petrolífero da América Latina, e em outros lugares da região, especialistas financeiros receberam a decisão abrupta de Kirchner com estupefação, dizendo que a nacionalização e outras políticas econômicas estão deixando a Argentina mais por fora do que transformando o país num líder de uma nova era econômica de ousadia.
“A capacidade da Argentina de errar parece não ter limite”, disse Míriam Leitão, uma das colunistas mais influentes do Brasil em assuntos econômicos, em um artigo comparando a expropriação da YPF com as nacionalizações de Juan Domingo Perón nos anos 40 e 50, que deixaram a Argentina capenga, com empreendimentos estatais anêmicos.
Enquanto o governo do Brasil manteve o controle da Petrobras, ele também expôs a empresa às forças de mercado, começando nos anos 90 quando o monopólio foi quebrado, destacam, aqui, os especialistas em energia. Desde então, a Petrobras se transformou na maior empresa da América Latina.
A Argentina, por outro lado, repetidamente se desentendeu com o dono espanhol da YPF, Repsol, antes de expropriar sua fatia de controle, criando uma disputa diplomática com a Espanha e tensão com a União Europeia. “Rainha louca” foi como um conhecido colunista de humor brasileiro descreveu a sra. Kirchner esta semana.
Com um tom diferente, o ministro da Economia do Chile, Pablo Longueira, disse que a nacionalização pode ser prejudicial para toda a América Latina, transformando-a em uma “região menos confiável” se comparada com a Ásia. “O fluxo de capital se muda para os lugares onde a confiança do investidor é maior”, ele disse à Reuters.
Até mesmo no México, onde Lázaro Cardenas promoveu, nos anos 30, a nacionalização do petróleo simbolicamente mais importante da América Latina no século 20, criando a Pemex, líderes políticos criticaram a decisão da Sra. Kirchner.
Esta semana o presidente do México, Felipe Calderón, disse a executivos que a nacionalização da YPF “não foi boa para ninguém”. Dois candidatos presidenciais do México, Enrique Peña Nieto e Josefina Vázquez Mota, também criticaram a medida.
Do outro lado do espectro político, o plano de nacionalização da sra. Kirchner conquistou o apoio da Venezuela, onde o presidente Hugo Chávez assegurou o controle estatal de dúzias de empresas nos últimos anos, incluindo gigantescos projetos de petróleo.
E no Uruguai, o presidente José Mujica, um ex-membro do grupo guerrilheiro Tupamaros, expressou solidariedade à decisão da sra. Kirchner chamando-a de uma resposta à “Europa rica”, e uma correção do erro da Argentina ao privatizar a YPF nos anos 90.
Ainda no Brasil, onde a Petrobras, ao atingir a independência energética e grandes descobertas de petróleo em alto mar, se tornou um modelo para outras empresas de petróleo de países em desenvolvimento, a expropriação da YPF serviu de oportunidade para traçar contrastes importantes com a situação na Argentina.
Recentemente, em 2000, o Brasil ainda contava com importações de petróleo da Argentina para suprir suas necessidades energéticas, comprando 74 mil barris por dia do vizinho.
Agora, aconteceu uma inversão. A Petrobras, através da aquisição da Perez Companc, a empresa independente de petróleo da Argentina, se expandiu agressivamente na Argentina, a ponto de causar preocupação aqui com a exposição da Petrobras caso da sra. Kirchner opte por expandir suas nacionalizações.
Durante os preparativos para o anúncio da nacionalização da YPF, a província de Neuquén na Argentina tomou, abruptamente, a concessão de exploração da Petrobras. Maria das Graças Foster, presidente da Petrobras, tem uma reunião marcada para sexta-feira com Julio de Vido, um assistente direto da sra. Kirchner que ela designou supervisor da YPF.
Enquanto isso, o ministro das Minas e Energiasdo Brasil, Edison Lobão, tentou dissipar as preocupações com a expropriação dizendo, esta semana, na capital, Brasília, que todo país é  “soberano” em sua capacidade de decidir a respeito dos problemas “como achar que deve”.
A nacionalização, que se segue à tomada de uma companhia aérea e de fundos de pensão, tem seus críticos em Buenos Aires. Ainda assim, as nacionalizações repercutem bem em um país onde persistem os ressentimentos com relação às privatizações feitas a partir de políticas econômicas liberais dos anos 90, que precederam uma crise econômica caótica no começo da década passada.
As autoridades estão “tomando de volta o que nos pertence”, disse Manuel Rivera, 27, que vende bandeiras e souvenires na Plaza de Mayo, diante do palácio da sra. Kirchner em Buenos Aires.
Novos pôsteres tomaram as avenidas da cidade na quarta-feira, pedindo ao Congresso que passe a lei da nacionalização. “Nem mais um peso para a Repsol”, dizem os pôsteres, nos quais as letras YPF foram coloridas com as listas azuis e brancas da bandeira Argentina.
A questão crucial na Argentina é se a nacionalização vai parar na YPF. Um importante líder sindical, Óscar Lescano, deu sua própria resposta na quarta-feira, dizendo, em comentários divulgados no rádio, que a nacionalização pode se alastrar para o setor elétrico.
Um emergente grupo de jovens oficiais de tendências nacionalistas no governo da sra. Kirchner terá peso em desenhar o cenário econômico da Argentina depois da nacionalização da YPF. Com destaque entre eles está o economista Axel Kicillof, de quarenta anos, que ela nomeou para ajudar a liderar a YPF.
O Sr. Kicillof, que tem costeletas que poderiam fazer Elvis Presley sorrir, defendeu a política  veementemente quando apareceu, esta semana, diante do Congresso da Argentina, acusando a Repsol de segurar o combustível na tentativa de forçar o governo a aumentar os preços domésticos da energia para igualá-los aos níveis internacionais.
Ele veio do La Cámpora, um movimento de jovens militantes fundado pelo filho da sra. Kirchner, Máximo. Refletindo a volta do nacionalismo dos recursos naturais em um país que recentemente fez grandes descobertas de petróleo, os integrantes do grupo cantaram entusiasticamente diante da presidente da Argentina quando ela anunciou a nacionalização da YPF.
Como torcedores em um estádio de futebol, eles gritaram seus refrãos. “A riqueza ficará na Argentina”, gritaram, com as mãos cortando o ar. “Eu sou soldado da Cristina”.
Mas os críticos, como Daniel Altman, um expecialista em economia argentina, da Stern School of Business da New York University, não se impressionaram. “Os líderes do Brasil têm uma visão mais global do futuro”, disse ele, “enquanto a Argentina tem um governo que é, em última análise, autodestrutivo”.
*****
Perguntamos nós, do Viomundo:
Qual é o “Brasil” que lamenta, do correspondente Simon Romero, do New York Times? Um humorista e Miriam Leitão.
O jornal tenta reproduzir o velho chavão de jogar o Brasil contra a Argentina, usando para isso um “especialista” norte-americano, que diz que a Argentina está a caminho da autodestruição.


A Telefonica e o Santander vão boicotar a Argentina? Hein, Miriam Leitão?


A estatização (e nacionalização) da petrolífera YPF na Argentina é praticamente unanimidade nacional lá. Até a oposição apoia. Nem o PIG (partido da imprensa golpista) de lá tem como ir contra seus leitores e, se evitam elogios à presidenta Cristina Kirchner, enchem seus espaços com declarações de oposicionistas que apoiam a medida.

O pancadaria contra Cristina Kirchner foi terceirizada para o PIG de um país vizinho... aquele da Miriam Leitão, Carlos Alberto Sardenberg, que falam em "custar caro para Argentina, essa atitude", como se a privataria de lá não tivesse um custo muito mais alto.

A empresa privatizada conseguiu a "façanha" de diminuir a produção de petróleo em 12% entre 2003 e 2010. Isso, mesmo tendo o mercado de consumo aquecido, subindo 38% no período.

A gota d'água foi transformar a balança comercial do setor petrolífero de um superávit próximo de US$ 2 bilhões em 2010, para um déficit próximo de US$ 3 bilhões em 2011.

A Espanha fala em disputa judicial internacional (o que deve acontecer, até para forçar acordo em melhores condições) e retaliação contra alguns dos principais produtos de exportação argentinos: biodiesel, óleo de soja e carne.

O Parlamento Europeu vai votar uma resolução contra a nacionalização da petrolífera. É do jogo demarcar posições.

Mas de concreto mesmo, os técnicos europeus afastam "uma guerra comercial". Descartam uma decisão consensual dos 27 países da União Européia e acreditam que, mesmo para os espanhóis, será complicado medidas mais enérgicas, levando em conta os interesses de outras empresas espanholas no país, como Telefónica, Santander e BBVA, que têm optado pelo silêncio.

Viu Leitão e Sardenberg? 

"Império espanhol" na Argentina:

- Telefónica: a operadora tem 21,9 milhões de clientes no mercado argentino e uma quota de 29,8%. No último dia 2, a Telefónica foi responsável por um ‘apagão' da rede fixa e móvel que atingiu 16 milhões de pessoas. O episódio foi recordado pela presidente Kirchner durante o anúncio da nacionalização para estender o aviso às empresas estrangeiras, sobretudo "telefónicas ou bancos".





Acho que ele se refere a isso aqui:




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