Em todos os quatro cenários pesquisados pelo Datafolha, dois com a presidente Dilma Rousseff e dois com o ex Luiz Inácio Lula da Silva concorrendo pelo PT, a vitória ocorreria no primeiro turno; a diferença é que, agora, diferentemente do passado, Lula teria uma folga um pouco maior do que a de sua sucessora, o que deve estimular novas pressões, dentro do PT e da base aliada, para que essa discussão seja reaberta
247 - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já deixou claro, em inúmeras oportunidades, que não pretende concorrer novamente à presidência da República. Numa conversa com empresários, usou a imagem do piloto alemão Michael Schumacher, que venceu tudo na primeira fase da carreira e só acumulou frustrações, após seu retorno à Fórmula 1, para justificar suas razões (leia mais aqui).
No entanto, a análise detalhada da pesquisa Datafolha deste fim de semana pode reativar as pressões, dentro e fora do PT, especialmente em setores da base aliada insatisfeitos com a relação com o Palácio do Planalto, para que ele reveja sua posição. Os dados revelam que, diferentemente do que ocorria em pesquisas anteriores, Lula teria hoje mais facilidade para se eleger do que a presidente Dilma – muito embora ambos pareçam capazes de vencer, com folga, no primeiro turno.
Ao todo, o Datafolha pesquisou quatro cenários: dois com Lula e dois com Dilma concorrendo pelo PT. Em vez de incluir apenas os candidatos já conhecidos, como Aécio Neves, do PSDB, Eduardo Campos, do PSB, e Marina Silva, da Rede Sustentabilidade, o Datafolha fez também uma simulação com o ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal.
Eis os resultados da pesquisa realizada nos dias 6 e 7 de junho de 2013:
Cenário A (com Dilma)
Dilma 51%
Marina 16%
Aécio 14%
Eduardo Campos 6%
Dilma teria uma vantagem de 15 pontos em relação aos adversários, que, em março deste ano, era de 26 pontos.
Cenário C (com Lula)
Lula 55%
Marina 15%
Aécio 13%
Eduardo Campos 5%
Lula teria uma vantagem de 22 pontos em relação aos adversários, que, em março deste ano, era de 30 pontos.
Cenário B (com Dilma)
Dilma 49%
Marina 14%
Aécio 12%
Joaquim Barbosa 8%
Eduardo Campos 5%
Dilma teria uma vantagem de 10 pontos em relação aos adversários, que, em março deste ano, era de 21 pontos.
Cenário D (com Lula)
Lula 55%
Marina 12%
Aécio 11%
Joaquim Barbosa 8%
Eduardo Campos 3%
Lula teria uma vantagem de 21 pontos em relação aos adversários, que, em março deste ano, era de 22 pontos.
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A pesquisa revela, portanto, que, sem Joaquim Barbosa, Dilma teria 15 pontos de vantagem sobre os adversários contra 22 de Lula. Com o ministro do STF no jogo, a margem de Dilma seria de 11 pontos contra 21 de Lula.
Em todos os cenários, trata-se de uma vantagem considerável, mas o fato é que a pesquisa acrescenta um elemento a mais de incerteza no jogo.
O jogo da direita em marcha. De novo
Os números que Folha publica neste domingo pode ser considerada o ponto de partida da batalha que vamos enfrentar até as eleições, na qual as pesquisas serão, como de outras vezes, as armas mais terríveis da luta pelo poder.
Como você vê na ilustração, não foi diferente o que tentaram fazer com Lula em março de 2009, mais ou menos o mesmo tempo antes da eleição.
Mas as pesquisas, que são a artilharia, dependem da comunicação para serem abastecidas.
A suposta “queda” da aprovação de Dilma, embora ainda se situe em patamar confortavelmente alto (57%) e bem maior do que o do início do seu governo (47%), seja ela real ou fictícia, tem uma cobertura de legitimidade na preocupação com a inflação.
Preocupação com a inflação não é o mesmo que inflação, mas a percepção que se forma é a de que ela é um perigo não a uma estabilidade econômica teórica, mas ao dia-a-dia das pessoas.
Mas porque o terrorismo inflacionário promovido pela imprensa, que não é novo, pode agora estar sendo aceito como causa para uma mudança na percepção coletiva de, ao menos, parte da população.
Para especular sobre isso, é conveniente ver quais são os dados novos nesse processo e, sem dúvida, o maior deles é a mudança de atitude do Governo que, pela primeira vez, demonstrou receio de que as previsões do mercado financeiro e da mídia pudessem corresponder – ou se tornarem – à realidade.
O discurso desenvolvimentista perdeu , dando espaço à cantilena de uma crise que está a léguas de ser real.
Tanto é assim que, em meio a um cenário terrível da economia mundial, o número de pessoas que crê que a situação econômica não vai mudar (39%) ou que vai melhorar (38%) soma quase quatro quintos dos entrevistados.
Não há uma escalada inflacionária, o nível de emprego prossegue alto e, se o governo assumir uma atitude de maior comunicação com a população, sinalizando que não mudou a ideia de fazer do consumo interno a mola do crescimento econômico, essa impressão forjada pela mídia se dissipará.]
Resta ver se haverá a coragem que Lula teve de, contra a posição do Banco Central, dizer claramente: confiem, comprem, o país crescerá.
No que diz respeito ao quadro eleitoral, a situação de Dilma permanece sem alterações significativas. Ela aparece com patamar muito semelhante ao que teria Lula se fosse candidato (51% e 55%, respectivamente). Considerando que há 8% que não respondem ou dizem votar nulo ou branco, os 51% equivalem a 55,4%.
Aécio, mesmo com a superexposição na mídia e o programa de TV do PSDB, ainda fica atras de Marina (16 a 14%). Mas é curioso como Marina aparece apenas com 1% quando a declaração de voto é espontânea. É sinal de pouca solidez.
Sinal contrário do que apresenta a dupla Dilma/Lula, que tem um terço das menções espontãneas.
Em resumo, a pesquisa só serve para estimular o discurso que a mídia assumirá esta semana, o de que “Dilma está caindo”.
Que precisa de uma resposta forte do Governo para que o desejo da direita não saia dos jornais para as ruas.
Por: Fernando Brito
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