Eu não queria acreditar que a Globo publicou aquele mea-culpa, esfarrapado e cínico, apenas por causa das denúncias que os blogueiros estão fazendo às suas truculências, de hoje e ontem. Para mim, a razão da Globo pedir desculpas ao Brasil era puramente mercadológica, ligada à abertura de um portal de arquivos contendo suas edições antigas. Mas fiz uma descoberta hoje que me espantou. A Globo realmente está incomodada com a turma da blogosfera.
O portal de memória do Globo tem uma aba intitulada “falsas acusações”. Uma delas é “o caso da bolinha de papel“. Depois de um monte de desculpas esfarrapadas, descritas com uma prolixidade exagerada e suspeita (como de quem tem culpa no cartório), o jornal conclui:
O que dizem, portanto alguns blogues sobre o episódio é pura distorção, pura invenção. É algo injusto com os profissionais da Folha de S. Paulo, em primeiro lugar, com os profissionais da Globo, com os profissionais do Estado de S. Paulo e com os profissionais do SBT. A função dos jornalistas é esclarecer os fatos. É o que o Memória Globo faz aqui.
A linguagem é vulgar, adolescente e partidária. Parece o próprio Serra se defendendo. Em nenhum momento, a Globo admite que deu “apoio editorial” a José Serra, e que a cobertura da “bolinha de papel” teve como objetivo produzir um factóide político que virasse o jogo eleitoral. A Globo não vai falar do caso Rubnei Quicoli, um ex-presidiário, que ganhou 8 minutos no Jornal Nacional, às vésperas da eleição presidencial de 2010, para dizer que o BNDES iria lhe emprestar 8 bilhões de reais?
Quer dizer, então, que a poderosa Globo montou um super portal para rebater blogs? Me parece todavia que a Globo cometeu um ato falho; ao usar as expressões “pura invenção” e “pura distorção”, ela se refere em verdade a si mesma.
O texto vacila, sobretudo, no tom irritadiço, desequilibrado; parece até escrito por um blog meia boca de direita. Relaxem, globais! Tomem um cafezinho!
Clique aqui para ler Os barões da mídia derrubam a porta do poder “
E aqui para “Pérolas do Príncipe: Nós e eles”
Por fim, aqui para “Nassif: o dia em que a Globo piscou”.
Os saudosos da ditadura e o Sete de Setembro
Ontem, escrevi aqui que pouco importa se os que brincam de “Anonymous” sejam ou não de direita.
Queiram ou não, ao fazer um movimento amorfo e sem identidade política, como alegam, servem de hospedeiros a todos os grupos facistóides e antidemocráticos, que não podem exibir-se com seu próprio rosto, mas se agarra como carrapatos a esse movimento.
Reproduzo, aí em cima, um deles, presente no Facebook., ligado ao mesmo grupo de picaretas que Andre Barrocal apontou em sua reportagem O desfile golpista, na Carta Capital.
O que pretendem, realizar o sonho de Fernando Henrique, que chamou o Sete de Setembro de “palhaçada”?
Provocar os militares com “black blocs”?
Esticar uns cartazes e faixas contra os médicos cubanos que foram os únicos a aceitar trabalhar em lugares em que os brasileiros não querem ir?
Ou será que vão defender a espionagem americana, que quer tirar a riqueza do pré-sal brasileiro daqui, para que “esses comunistas do governo não possam sair dando bolsa-família por aí”?
O que essas pessoas defendem, abrigada em meio aos “anonymous”, que não se furtam a carregá-los consigo, é o que de pior e mais corrupto este país já teve, o regime de 64.
O regime da opressão e da morte de muitos brasileiros.
E de atraso para todos.
Os meninos de classe média que acham que isso é uma “micareta”, uma curtição, já não tem o direito de deixar de ver que dão cobertura para os remanescentes das trevas ditatoriais.
Diz-me com quem andas e te direi quem és, não é assim?
Por: Fernando Brito
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