Com placas contra Geraldo Alckmin e ex-governadores tucanos de São Paulo, movimentos sociais, organizações da juventude, trabalhadores e usuários do transporte público pedem punição contra os empresários e políticos envolvidos no esquema de cartel e propina no Metrô e trens no Estado; passeata começou às 10h na Marginal Tietê e seguiu em direção às empresas Siemens e Alstom, na Lapa, envolvidas nas denúncias; "Queremos que se apurem os indícios de irregularidades que ligam transnacionais a políticos", diz ativista; PM estima 500 pessoas nas ruas, organizadores divulgam três mil
Fernanda Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – A passeata do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) deixou a Marginal Tietê, na capital paulista, por volta das 12h. O grupo protesta, neste momento, em frente à unidade da empresa Siemens, no bairro da Lapa, zona oeste. Antes, os manifestantes passaram pela unidade da Alstom, na Marginal Tietê, onde gritaram palavras de ordem contra a instituição e fizeram pichações nas paredes da empresa e no asfalto.
Organizadores do protesto disseram que o ato tem como objetivo cobrar investigação sobre corrupção envolvendo as duas empresas na formação de cartéis para obras públicas, entre elas de sistemas de metrô.
Evandro Mariano da Silva veio de Altamira (PA) para a manifestação. O agricultor vive há 15 anos em uma propriedade rural de 200 hectares, onde planta cacau, milho e arroz. Embora seu terreno esteja distante dos locais que serão inundados para a instalação da Usina de Belo Monte, Evandro diz sofrer consequências negativas trazidas para toda a cidade. "Os nossos hospitais estão superlotados, os colégios também. A cidade inchou, ninguém consegue mais viver como antigamente".
O agricultor estima que o número de habitantes no município chegou a triplicar com a chegada dos operários e funcionários envolvidos com Belo Monte. Ele reclama que a estrutura de Altamira não evoluiu.
Outro ponto levantado por ele é o sofrimento das famílias ribeirinhas. "Sinto a dor das pessoas que moram lá onde vai ser alagado, o pessoal ribeirinho, os indígenas, o povo que mora nos lugares mais baixos da cidade, eles não sabem para onde ir", disse.
Walter Cruz Moreira, apicultor de Carolina (MA), conta que está sendo prejudicado pela Hidrelétrica de Estreito, construída há dois anos, a 100 quilômetros da cidade. Por causa da hidrelétrica, foram derrubados 22 alqueires da área de florada das abelhas, que alcança 115 hectares. Isso afetou a sua produção de mel, que antes era 5 mil litros por ano e caiu para 200 litros ao ano. "Nunca fui ressarcido, alguém tem que tomar uma atitude e nos pagar", reclamou.
Em apoio ao MAB, também participam dos protestos outras organizações, como o Levante Popular da Juventude, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Movimento dos Agricultores e das Mulheres Camponesas. Um alqueire tem 2,42 hectares. Por sua vez, 1 hectare corresponde a 10 mil metros quadrados, o equivalente a um campo de futebol oficial.
Leia abaixo reportagem anterior do 247:
247 - Revoltados com as denúncias de corrupção em obras do Metrô e trens nos governos do PSDB em São Paulo, manifestantes iniciaram uma passeata por volta de 10h nesta quarta-feira 3, na Marginal Tietê, interditando duas pistas no sentido Ayrton Senna, altura da Ponte Atílio Fontana. O protesto segue agora em direção às unidades das empresas Siemens e Alstom, no bairro da Lapa, na zona oeste. As duas companhias estão envolvidas no esquema de cartel e propina.
Segundo a Polícia Militar, 500 pessoas participam da manifestação. Os organizadores estimam em três mil o número de participantes. Com placas contra o governador Geraldo Alckmin e ex-governadores tucanos de São Paulo, como José Serra e Mário Covas, movimentos sociais, organizações da juventude, trabalhadores e usuários do transporte público pedem punição contra os empresários e políticos envolvidos no esquema de cartel e propina no Metrô e trens no Estado. "Fora PSDB", diz uma das placas.
Robson Formica, coordenador do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), explica que o ato tem como objetivo cobrar investigação sobre corrupção envolvendo as duas empresas. "Queremos que se apurem os indícios de irregularidades que ligam transnacionais a políticos, envolvendo a formação de cartéis para grandes obras públicas. E, segundo os indícios, isso não se limita apenas ao sistema de transportes, isso envolve a questão de energia elétrica e de hidrelétricas, no fornecimento de componentes para construir usinas hidrelétricas", declarou.
Segundo Formica, a manifestação tem presença de pessoas atingidas por barragens vindas de 17 estados e de 25 países para o Encontro Nacional do movimento, que começou na última segunda-feira (2) em Cotia, grande São Paulo. Foram utilizados 22 ônibus do MAB para o deslocamento dos manifestantes até a Marginal Tietê. Em apoio ao MAB, participam também outros movimentos como o Levante Popular da Juventude, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Movimento dos Agricultores e das Mulheres Camponesas.
Octávio Fonseca, coordenador estadual do Levante Popular da Juventude, mostrou seu apoio ao ato promovido pelo MAB. "Essa manifestação vai direto à causa, a gente costuma falar que a grande maioria dos políticos é corrupta, mas ninguém quer falar sobre quem são os corruptores, que são os empresários e capitalistas do Brasil, que corrompem o sistema", disse.
Com Agência Brasil
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