O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse, em entrevista ao UOL, que o eleitorado de Dilma são os pobres, porque são mal-informados.
Os “coxinhas” vociferam contra os nordestinos porque deram taxas de muito elevadas voto à Presidente – “” 36 pontos percentuais acima da média nacional de 42%”, registra a Folha – supostamente em troca do Bolsa-Família. Não importa que, movidos pelos mesmos interesses econômicos, 75% dos eleitores dos Jardins tenham dado o voto a Aécio, 40 pontos acima de sua média nacional de 33,5%.
Por toda a parte, ódio, ódio e ódio: aos pobres, aos negros, aos nordestinos, aos petistas ou não-petistas que votaram na continuidade do projeto de Brasil iniciado com Lula.
A pergunta que é obvia, mas não é feita é: que mal foi feito a essa gente?
Expropriaram-se suas terras ou seus bens? Suas aplicações, investimentos, remessas e movimentações financeiras foram dificultadas ou taxadas? Foram criadas alíquotas mais pesadas em seus impostos de renda – como aliás, existem na Europa e nos Estados Unidos, onde chegam a 50% – ou para as empresas? Está mais difícil viajar para Miami ou para a Europa? Os salários dos executivos, no Brasil, não estão entre os maiores do mundo?
Acaso seus bairros e as cidades mais ricas estão sendo invadidas por hordas de miseráveis migrantes do Nordeste? Como, se justamente as políticas de inclusão social e desenvolvimento regional não apenas estão reduzindo a migração como permitindo a volta dos “malditos nordestinos” à sua terra natal, suas famílias, numa volta da asa branca com que Luiz Gonzaga sonhou?
Será que os 20 centavos nos ônibus em que não entram é a razão? Já não são suas escolas e hospitais “padrão Fifa” e os cubanos que lhes são caros, os charutos, livremente importados?
Então o que faz com que essa gente odeie, com tanta força, o mísero direito dos pobres a não morrerem de fome?
Logo eles, que se consideram “pós-modernos”, ultra-liberais!
Eles, tão up to date, ainda não chegaram sequer à Revolução Francesa, que lhes reconheceu os direitos legais, que dirá ao século 19, quando a elite culta passou a entender que o reconhecimento da dos direitos sociais era algo essencial para a continuidade do progresso da civilização.
Os nossos “bem-informados” são, que pena, bem deformados por uma onda desumanista que com que a mídia brasileira lhes entupiu a cabeça preguiçosa e inculta que arruína a trajetória do pensamento brasileiro em tudo e lhes reconhece o “direito à selvageria” como liberdade.
É “compreensível” atra um negrinho ladrão ao poste, como o do Pastoreio, não é?
Afinal, não se queimam Galdinos há meio milênio neste país?
Cai-lhes bem, portanto, um candidato como Aécio Neves, a quem tudo veio por herança e para quem os privilégios são, como para eles, um direito de nascença.
A sub-nobreza brasileira está histérica, porque quer tudo.
E o nosso povão, tranquilo, porque sabe que, para ele, a vida é difícil e cada progresso é sofrido.
E não vai jogar fora o pouco que tem.
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