Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

terça-feira, 18 de novembro de 2014

A receita de Eduardo Cunha para virar heroi da mídia.

Dilma reassume o governo nesta 3ª feira e acelera as negociações para montar um ministério que devolva o poder de iniciativa a quem venceu as eleições em outubro; nadando sozinho na cena política nos últimos dias, o conservadorismo não foi além de um ato na Paulista, rachado entre lobões e bolsonaros.

Rodrigo Janot: 'Estava visível que queriam interferir no processo eleitoral. O advogado do Youssef operava para o PSDB do Paraná, foi indicado pelo [governador] Richa; tinha vinculação com partido e começou a vazar seletivamente' (Folha; que não deu a manchete)

Brasil cresce mais que a Alemanha, a França, a Itália e o Japão: PIB desafia o jogral do Brasil aos cacos e cresce 0,6% no 3º trimestre; o da Alemanha cresceu só 0,1% no mesmo período; o da França , 0,3%; o do Japão caiu 0,4% e o da Itália, recuou 0,1%
 
Oito das nove empreiteiras incriminadas na Java Jato colocaram dinheiro na campanha de 259 dos 513 deputados federais eleitos este ano: foram R$ 71 milhões que beneficiaram 50,4% da nova Câmara Federal (Valor)
 
Haddad vai investir R$ 1 bilhão em 60 quilômetros de corredores exclusivos para ônibus em SP


CUNHA
Cunha na TVeja

Eduardo Cunha, candidato à presidência da Câmara, descobriu uma coisa aos 56 anos: basta ser contra o governo para virar um herói da mídia.

Cunha concede entrevistas, nestes últimos tempos, como se fosse um supercraque da Champions League.
Ele é um personagem ubíquo em jornais, revistas e sites das grandes empresas jornalísticas.

Bater em Dilma e no governo opera um milagre da transformação em seu perfil como personagem da mídia.
Cunha agora aparece dando sermões sobre corrupção – ele que no A a Z da malandragem preenche virtualmente todas as letras.

É que ele passou a ser amigo da imprensa.

Um fenômeno parecido ocorreu, algum tempo atrás, com Joaquim Barbosa. Era visto com extrema reserva por ter sido indicado por Lula para o STF.

Depois que passou a dar cacetadas no PT no Mensalão, virou manchete diária. Numa de suas capas já clássicas pelo bestialógico, a Veja o chamou de “o menino pobre que mudou o Brasil”.

Pausa para rir.

JB, está claro, não mudou nem a si próprio, ou o Supremo, ou o Judiciário — e muito menos o Brasil.
No site da Veja, antes que Eduardo Cunha fosse promovido a aliado, ele foi incluído num levantamento chamado “Rede de Escândalos”.

Ali você lê que ele é alvo de inquéritos no STF por crimes tributários.

Repare: crimes, plural, e não crime, singular.

Você fica sabendo também que ele responde a ações por crimes de improbidade administrativa.

Fora do levantamento, o jornalista Lauro Jardim, da seção Radar, informa que Eduardo Cunha é mentiroso.

“Eduardo Cunha andou falando que não conhecia o lobista Fernando Soares, o Baiano, citado por Paulo Fernando Costa em seus depoimentos.

Admitiu, no máximo, ter estado com ele sem saber quem era.
Elogiado até por adversários por sua memória prodigiosa, Cunha deve ter tido, sabe-se lá por que, um lapso.

Baiano já esteve diversas vezes na casa de Cunha, no Rio de Janeiro, em companhia de outras pessoas.”
Cunha, se não fossem suficientes ao dados da Veja, agride a Constituição como dono de rádio. Político, diz a Constituição, não pode ter rádio. Mas Cunha, como tantos outros representantes do atraso, tem – mediante gambiarras jurídicas de moralidade abaixo de zero.

Era assim que ele era apresentado pela mídia enquanto era aliado de Dilma.

Hoje, ele parece Catão, o último reduto da moralidade romana, se você acreditar em jornais e revistas.

Numa entrevista à tevê da Veja, a apresentadora Joice Hasselman, a Sheherazade loira, prostrou-se diante de Cunha.

O colunista do UOL Josias de Sousa, em sucessivos textos, vem tratando com reverência Cunha, e repercutindo prazerosamente suas previsões apocalípticas sobre Dilma, bem como suas palavras edificantes contra a corrupção.

E eis Cunha então como um quase santo, aos olhos da mídia.

Sua obra suprema para a beatificação: ser contra Dilma.
 
(Acompanhe as publicações do DCM no Facebook. Curta aqui).
Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

comentários sujeitos a moderação.