A extrema direita brasileira vem sofrendo uma série de humilhações públicas após as eleições.
Aécio Neves, o candidato que se acreditava a salvação contra o “bolivarianismo”, a “venezuelização” ou algo que o valha, perdeu. Na volta ao Senado, tratou o pessoal que o acolheu como uma amante grávida.
“Eu respeito a democracia permanentemente e qualquer utilização dessas manifestações no sentido de qualquer tipo de retrocesso terá a nossa mais veemente oposição”, disse. “Aqueles que agem de forma autoritária e truculenta estão no outro campo político, não estão no nosso campo político”.
(Evitar as manifestações pelo impeachment obedece a uma lógica de sobrevivência política. Collor já foi impedido. Se Dilma for também, quem garante que o próximo da fila não será um tucano?)
Enquanto lhe foi útil, o PSDB alimentou esses fanáticos e não fez nenhuma crítica a discursos golpistas ou simplesmente malucos, desde que fosse contra o adversário. Agora, sinaliza fim de caso.
Uma separação doída. Coordenador da campanha de Aécio, Xico Graziano foi chamado de “petralha”, “comunista”, “safado”, “traíra” etc porque se declarou contra os protestos pelo impeachment. Alckmin disse não aceitar a defesa da “intervenção militar”. Enfim, não sobrou ninguém importante.
A última esperança que havia eram os Estados Unidos. Sim, o companheiro Obama. Qual o quê.
Os inconformados criaram uma petição no site da Casa Branca. Era um apelo para conter os planos “de estabelecer um regime comunista no Brasil – nos moldes bolivarianos propostos pelo Foro de São Paulo.”
Reforçavam que “o Brasil não quer e não se tornará uma nova Venezuela”.
Mais de 120 mil pessoas assinaram. Essas petições servem para qualquer pleito. Qualquer. Recentemente, outros desocupados, mais bem humorados, requereram o desterro de Justin Bieber.
A reposta veio através de uma representante da embaixada americana em Brasília, Arlissa Reynolds, que afirmou que “petições apresentadas nessa página não representam as opiniões do governo dos EUA”.
Arlissa recordou o fato de que seu governo “publicou uma declaração parabenizando a presidente Dilma Rousseff por sua reeleição” e que “o Brasil é um importante parceiro para os Estados Unidos e estamos empenhados em continuar a trabalhar com a presidente Dilma Rousseff a fim de fortalecer as nossas relações bilaterais”. A palhaçada ficou ainda mais triste quando foi revelado que essas cartas são destinadas a “cidadãos norte-americanos”.
Com um repertório baseado em alarmismo, paranoia, golpismo barato, macartismo, anticomunismo de guerra fria, desinformação, má fé e abstinência de Rivotril, a extrema direita ficou com um mico na mão.
Suas lideranças voltam a ser um ex-cantor parecido com Edir Macedo, um “filósofo” obcecado e um ex-comediante lotado no SBT, que levam para as ruas um deputado eleito cujo grande feito foi discursar com uma pistola na cintura, filho de um deputado que já quis fuzilar um presidente e pretende fuzilar outra.
A culpa do fracasso, pelo menos, eles já sabem de quem é. Malditos nordestinos. Maldito Obama. Malditos tucanos. Maldita democracia.
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