Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Colunismo de insulto como o da Veja é uma invenção americana

“Canalha”, “sem-vergonha”, “farsante”, “vagabundo”, “ladrão”… Não, aqui não se irá aludir a um “barraco” qualquer em uma feira, a uma briga de torcidas em um estádio de futebol ou a algum chilique de algum proxeneta em algum prostíbulo, mas a um estilo pretensamente jornalístico de “comentários políticos” que se tornou regra na grande imprensa brasileira ao lado do que ela publica como noticiário “isento”, que, no mais das vezes, não passa de mais opinião, só que disfarçada.
Isso que pretendem que seja jornalismo só funcionou por aqui porque foi criado por “lá”, ou seja, nos Estados Unidos, país que influenciou decisivamente a edificação de um modelo político-institucional brasileiro no qual um sistema de determinados “contrapesos” torna os governos politicamente frágeis sob a “garantia” de que não podem ter muito poder porque estariam permanentemente tentados a cometer excessos.
O criador desse estilo que faz hoje a cabeça do colunismo brasileiro foi o americano Irving Kristol, nascido em Nova Iorque em 1920 e falecido em Falls Church em 2009. Foi escritor, jornalista e intelectual. Entrou para história como “padrinho do neoconservadorismo”, um movimento pseudo jornalístico que ganhou força nos Estados Unidos durante a segunda metade do século XX.
Em 1973, Michael Harrington, escritor americano então considerado a antítese de Kristol por ser socialista e ativista político, além de professor e comentarista de rádio, inventou o termo “neoconservadorismo” para descrever movimento de intelectuais de direita americanos que surgiu para combater posições do Partido Democrata consideradas por esse movimento como de viés “socialista”.  O “neoconservadorismo” pretendia ser uma “nova” forma de conservadorismo.
Pretendido por Harrington como termo pejorativo, o estilo “neocon” foi aceito por Kristol como uma boa descrição das idéias e políticas do movimento “jornalístico” que fundara e que se espalhou pelo Terceiro Mundo latino-americano, eternamente propenso a imitar a potência hegemônica. Assim, os “neoconservadores” adotaram o epíteto.
Um dos primeiros fac-símiles de Kristol no Brasil foi o histórico Paulo Francis, que deu origem a fac-símiles de si mesmo. Francis foi um ex-esquerdista que se dizia “convertido” à “luz da razão capitalista” e que manifestava suas opiniões políticas através de um estilo forte e irreverente, ainda que não usasse os termos chulos que, com o tempo, tornar-se-iam recorrentes no movimento “neocon” por “lá” e, consequentemente, depois também por aqui, e que costumam ser justificados por aqueles que os empregam como “indignação” diante da “corrupção”, a qual os “neocons” só enxergam nos adversários político-ideológicos.
Nos EUA, em meados da década passada, após intenso uso nas décadas anteriores o estilo “neoconservador” de colunismo político parecia condenado ao ostracismo devido ao senso comum que se formava de que aquilo não passava de uma tática para desmoralizar e desqualificar previamente os alvos dos ataques, que estavam sempre do mesmo lado. Ao fim da era George Walker Bush, o estilo “neocon”, que tanto o apoiara, com sua débâcle política e com as consequências desastrosas de seu governo começou a perder força.
Com a chegada do democrata Barack Obama à presidência dos Estados unidos em 2009, um negro “socialista” que encantara o país e que parecia que o tiraria da rota suicida em que mergulhara ao eleger Bush Junior no início da década, a ultradireita começou a erigir um forte foco de resistência aos “liberais”, o Movimento Tea Party, que encontraria forte liderança na ex-governadora do Alasca, Sarah Palin, ex-candidata a vice-presidente na chapa de John McCain.
O Tea Party (Partido do Chá) não é um partido político, como o nome sugere, mas um movimento político populista, conservador e de ultradireita. Surgiu em 2009 no âmbito de uma série de protestos convocados pelas alas mais radicais do Partido Republicano, por grandes empresários e por movimentos religiosos fundamentalistas em resposta a leis do governo Obama como a de reforma do sistema de saúde, que pretendia dar ao povo americano um sistema público de saúde até então inexistente.
Com o surgimento do Tea Party, o então decadente estilo “neocon” ganhou mais do que sobrevida, ganhou força e ousadia. Estimulado por colunistas e escritores “neocons” como Glenn Beck, uma das vozes do movimento de ultradireita na mídia, um radical acusado de pertencer àquele movimento atacou a tiros a deputada democrata Gabrielle Giffords, do Arizona, que sobreviveu.
O recrudescimento do colunismo de insulto nos Estados Unidos a partir de 2009 revigorou seu congênere brasileiro, no qual todos os seus praticantes se dizem ex-esquerdistas que viram “a luz” e que, nos casos mais graves, valem-se da mesma terminologia chula, do deboche e dos ataques pessoais até à sexualidade dos alvos, tendo como sustentáculo para os crimes contra a honra que praticam reiteradamente um exército de advogados dos grandes grupos de mídia a que servem e uma horda de “amigos” no Poder Judiciário.
Como nos Estados Unidos, os alvos dos colunistas “neoconservadores” nacionais, que nada mais são do que pistoleiros pagos regiamente para fustigar os alvos políticos com insultos e insinuações, estão no poder central. E, como por “lá”, submetem-se bovinamente aos ataques em nome da “liberdade de imprensa”, ainda que a teoria jornalística jamais tenha comportado o insulto como técnica ou recurso.
Obama vem sendo engolfado pelos “neocons”, ainda que o “trabalho” deles esteja sendo facilitado pelo estado de penúria da economia americana. O presidente perdeu maioria no legislativo e tem visto sua impopularidade bater recordes, o que constitui a única diferença (temporária?) entre a política americana e a brasileira, pois, por aqui, há vários movimentos que buscam emular o Tea Party. Quanto ao colunismo do insulto, esse anda a todo vapor.
A grande similaridade entre o governo  Obama e o governo Dilma Rousseff, assim, está no mutismo desses líderes diante dos ataques midiáticos da ultradireita. O Brasil entrou nessa após o fim do governo Lula, presidido por um líder que respondia aos ataques dos “neocons” e, assim, dava à sociedade um outro lado da história. Fazia isso graças ao “púlpito” que o cargo de presidente da República oferece naturalmente a seus ocupantes, o que obriga a grande mídia a repercutir suas reações.
Se em determinado dia a mídia acusava ou insultava o governo Lula, naquele mesmo dia o ex-presidente, em algum evento público, respondia na mesma moeda, acusando a mídia de partidarismo político e de sabotadora do país por estar em busca de recolocar seus políticos preferidos no poder. Sem esse contraponto, hoje o país convive apenas com as acusações, desqualificações e insultos até à própria Dilma, que colunistas como Augusto Nunes, da Veja, vivem chamando até de “farsante” e outros mimos.
O que separa a situação política de Dilma da  situação de Obama é apenas o que os americanos chamam de “feel god factor”, ou sensação de bem-estar da sociedade devido à boa situação da economia. Mas, do ponto de vista político-administrativo, o governo brasileiro se encontra em situação até pior. Nem em minoria no legislativo e com baixa popularidade Obama tem visto seu governo ser literalmente desmontado pelos ataques dos adversários como vem ocorrendo com Dilma.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Brasil não pode Continuar sendo um País sem Garras


O impávido colosso indefeso:Brasil não pode Continuar sendo um País sem Garras
Postado por Espaço Democrático de Debates às 15:15 Marcadores: Geopolítica




"Vence na luta quem vende e não quem compra armas."
Paulo Ricardo da Rocha Paiva é doutor em ciências militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército.

É inacreditável que o Brasil vivenciando hoje uma economia de resultados, no limiar do alcance da quinta posição no ranking mundial, continue sem garras, o mesmo notório impávido colosso como sempre sem presas, absolutamente vulnerável para o enfrentamento de crises internacionais que, apenas por pura sorte, têm passado ao largo. Acontece que algumas provocam conflitos armados, envolvendo potências de peso na resolução de questões que, bem ou mal, se pesquisadas suas causas, são resultado final da prepotência e da arrogância com que defendem seus interesses.

A nos induzir, uma lavagem cerebral sem precedentes banaliza o fato de uma coalizão de grandes potências desmantelar um país cuja população, de nenhuma forma, merece castigo pelos atos fanáticos de seita fundamentalista que, para azar dos afegãos, foi acusada de homiziar quadros da Al Qaeda. Ao observador mais arguto, entretanto, fica fácil vislumbrar o arremedo de uma nova “Santa Aliança” de poderosos que não têm o menor constrangimento de intervir, a manu militari, em outras nações, invocando dogmas e princípios de direito internacional que só respeitam quando do seu interesse.

É de se perguntar: qual será o próximo passo destes senhores da guerra quando evacuarem o Afeganistão? Os EUA, vale dizer, não deixam passar a oportunidade caracterizando sempre as Farc como grupo guerrilheiro apoiado pelo narcotráfico e vinculado ao terrorismo internacional. Já a Colômbia permitiu ao “irmão do Norte” a ocupação de bases defrontando nossa Amazônia, verdadeiras pontas de lança para uma intervenção na esteira de uma perseguição a narcoguerrilheiros, de fácil apoio por uma comunidade global sequiosa de punir os “destruidores de uma flora e de uma fauna” e de abocanhar o seu quinhão, naquilo que considera como patrimônio da humanidade.

Infelizmente, os nossos governantes e também a sociedade continuam sendo o mesmo avestruz de cabeça enterrada quanto à necessidade emergencial e urgente que tem o país de rearmar-se para o enfrentamento das ameaças que se descortinam no cenário mundial. Agora, além da nossa grande Região Norte, deve ser garantida a posse do imenso manancial de petróleo existente nas camadas do pré-sal brasileiro. Qualquer pessoa de tirocínio mediano é capaz de entender que não serão com bodoques e zarabatanas artesanais ou confiando tão somente na diplomacia que vamos manter a posse de tanta riqueza. Nosso destino de potência secundária, admitido e absorvido na década de 90, já caducou. Não seria chegada a hora da denúncia de tratados que, longe de afastar o perigo de uma agressão, apenas nos submetem?

Ter o que defender pode ser uma vantagem ou uma desvantagem. Acontece que, queiramos ou não, temos muitíssimo a defender. Governo e diplomacia devem compreender e aceitar esta realidade: nas relações com as potências militares, para que se consiga expressar no mesmo tom destas, urge estarmos ancorados em poder dissuasório de peso, mas nunca em tratados de limitação de armas que, em última instância, só favorecem o comércio de mão única com os mercadores da morte lotados naquelas mesmas potências. Afinal de contas, vence na luta quem vende e não quem compra armas. Se nas três últimas décadas o país tivesse investido em um projeto sério de defesa, não estaríamos agora correndo atrás do prejuízo, engordando outros cofres pelo pagamento de helicópteros, aviões de caça e submarinos.

-Paulo Ricardo da Rocha Paiva é doutor em ciências militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército.