Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sábado, 8 de junho de 2013

BERGAMO APONTA FALHA NA BIOGRAFIA DE DIRCEU

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"Otávio Cabral, de Veja, diz que entrevistou 63 pessoas. Não me entrevistou. E deu uma informação completamente errada citando meu nome", diz a jornalista Mônica Bergamo, colunista mais influente da Folha, sobre o livro "Dirceu", lançado neste fim de semana; Cabral afirma que o ex-ministro convidou Bergamo para que ela aguardasse sua prisão, no fim do ano passado, mas a informação, segundo a colunista, é falsa; barraco na Folha tende a crescer, uma vez que Cabral é casado com Vera Magalhães, editora do Painel
247 - A jornalista Mônica Bergamo, colunista da Folha e profissional de imprensa mais influente do País, com 281,2 mil seguidores no Twitter, apontou um erro sério de apuração no livro "Dirceu", a biografia não autorizada de José Dirceu, escrita por Otávio Cabral, editor da revista Veja. Ela nega ter sido convidada pelo ex-ministro para acompanhar sua prisão, que poderia ter sido decretada por Joaquim Barbosa, no fim do ano passado.
"Otávio Cabral, de Veja, diz que entrevistou 63 pessoas. Não me entrevistou. E deu uma informação completamente errada citando meu nome", disse Mônica, em seu Twitter. 
Cabral citou Mônica Bergamo ao falar de uma reportagem escrita por ela, quando Dirceu vivia seu momento mais tenso. E insinua um suposto conluio entre o ex-ministro e a jornalista. Ela, por sua vez, diz que, como a prisão era esperada, atuou jornalisticamente e foi às 5h da manhã bater no interfone de Dirceu, que permitiu sua subida. Assim Bergamo descreve o encontro:
Dirceu tem momentos de tensão à espera da polícia
MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA
O interfone tocou ontem às 5h30 da manhã na casa do ex-ministro José Dirceu, na Vila Mariana, em São Paulo.
Um de seus advogados, Rodrigo Dall'Acqua, e a Folha pediam para subir.
O porteiro hesita. "Como é o seu nome? Ele [Dirceu] não deixou autorização para vocês subirem, a gente não chama lá cedo assim." Ele acaba tocando no apartamento do ex-ministro, ninguém atende. Dall'Acqua liga para o advogado José Luis Oliveira Lima, que está a caminho. Telefonemas são trocados, e Dirceu autoriza a subida.
Na saída do elevador, o ex-ministro abre a porta de madeira que dá para o hall. Por uma fresta, pede alguns minutos para se trocar.
Abre a porta.
Pega a Folha entre vários jornais sobre uma mesa. Comenta algumas notícias. Nada sobre a possibilidade de Joaquim Barbosa, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), decretar a sua prisão ainda naquela manhã.
INTUIÇÃO
Está de camiseta preta e calça jeans cinza.
Senta no sofá da sala. A empregada ainda não chegou. Ele se desculpa. Não tem nada o que servir.
"Eu não vou dar entrevista para você, não", diz à colunista da Folha. "Podemos conversar, mas não quero gravar. Não estou com cabeça. Dar uma entrevista agora, sem saber se vou ser preso? É loucura, eu não consigo."
E, diante da insistência: "Estou com uma intuição, não devo dar".
Em poucos minutos, chegam o advogado Oliveira Lima, três assessores e uma repórter que trabalha no blog que o petista mantém.
Dirceu pega o seu iPad.
"Acho que eu vou lá [no escritório do apartamento] fazer um artigo para o blog. Mas falar sobre a situação econômica do Brasil, gente? Hoje? Eu não estou com cabeça."
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O caso tem potencial para criar um pequeno barraco na Folha de S. Paulo, onde outra das principais colunistas, a jornalista Vera Magalhães, é casada com Otávio Cabral. No Twitter, ela e Cabral costumam trocar juras de amor. Até agora, Vera, que edita o Painel, não se manifestou sobre o erro apontado pela colega Mônica Bergamo no livro do maridão.

63 ENTREVISTAS QUE FALTARAM EM “DIRCEU”

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Da presidente Dilma Rousseff ao ex-presidente Lula, passando por políticos que foram deputados estaduais, federais, homens da Igreja e do sindicalismo, todos contemporâneos do biografado, "Dirceu", de Otávio Cabral, se ressente de ao menos 63 entrevistas para dar equilíbrio ao texto; afinal, quando só se ouve adversários, mesmo que sejam 63 - ou 62, em razão da ausência da citada Monica Bergamo - o retrato sempre sai pior que a encomenda; ou a ideia era mesmo fazer o quanto pior, melhor?
247- Já houve na revista Veja, registrado no editorial batizado de Carta ao Leitor, um jornalista que, para escrever uma reportagem sobre religião, houvesse lido, de ponta a ponta, a Bíblia Sagrada. Foi, ao menos, o que estava garantindo no texto de apresentação da matéria, publicada nos anos 1990. Por sorte, ninguém fez sabatina com o profissional para conferir o que ficou retido em sua memória da leitura integral, repita-se, do texto sagrado. Ufa!
Agora, após 63 entrevistas, outro jornalista de Veja concluiu a biografia não autorizada do ex-ministro José Dirceu. Ou melhor, 62, à medida em que a também jornalista Monica Bergamo levantou a mão, na sua conta do Twitter, para dizer que a história na qual ela foi citada não existiu – e que ela jamais foi ouvida por Otávio Cabral.
A questão é que, entre os 63/62 entrevistados, quando foi mesmo que a presidente Dilma Rousseff, colega de Dirceu no governo Lula, foi ouvida sobre o personagem? E o ex-presidente Lula, chefe dele? Ou os com ele condenados na AP 470 José Genoíno e Delúbio Soares?
A resposta é simples: não foram ouvidos, pelo motivo de que mais uns, e menos outros, são todos próximos a Dirceu e pertencem ao partido que ele ajudou a fundar. Poderiam, afinal, contar histórias positivas sobre ele. Não era o caso.
Num exercício de vinte minutos, 247 listou, além dos quatro personagens acima, outros 59 que igualmente conviveram com Dirceu nas últimas três décadas, desde que ele se elegeu deputado estadual em São Paulo, mas não foram ouvidos para o livro. Gente como o ex-deputado Geraldo Siqueira Filho, eleito como Dirceu, no início dos anos 1980, para Assembleia Legislativa do Estado, pela ponta esquerda do eleitorado. Ou o atual prefeito Fernando Haddad, que foi ministro na mesma equipe do biografado.
No campo pessoal, nada foi agendado com Zeca Dirceu, filho de Dirceu, ou com suas ex-esposas Clara Becker e Maria Angela Zaragoza, que teriam, certamente, muito a contribuir para o perfil mais íntimo do personagem.
Não importa, como se vê, o número de entrevistados para a feitura de uma boa biografia. É mais importante a qualidade. E pelo critério do autor, como é típico da revista Veja, mais importante ainda foi ouvir adversários de Dirceu, e não pessoas que pudessem contar o outro lado de cada história. Pelo desvio no nascedouro, o livro chega aos leitores com defeitos de origem que o recomendam mais como um petardo contra o biografado do que como um trabalho equilibrado de encontrar uma verdade em meio a uma apuração – e não partir de uma certeza para justificá-la com histórias e frases escolhidas, como foi feito.