Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Religiosidade e intolerância


Esperei que passasse a indignação para registrar episódios que corroboraram minha percepção de que a intensidade da religiosidade de um indivíduo pode ser proporcional ao seu grau de intolerância não só ao que contraria dogmas religiosos, mas até aos valores primordiais que tais dogmas impõem, tais como solidariedade, tolerância e compaixão.
A religião deveria tornar o indivíduo melhor, mais humano, mais solidário, mais generoso, mais piedoso, mas, na prática, nem sempre é o que acontece. Quanto maior o nível de religiosidade, maior parece ser a incapacidade de amar ao próximo como a si mesmo.
O que feriu profundamente a mim e à minha família foram novas demonstrações de intolerância de moradores do edifício em que resido, que fica em um bairro no qual, ao menos em tese, as pessoas deveriam ser mais esclarecidas e civilizadas. Esses moradores vêm implicando com a minha filha Victoria, de 13 anos, portadora de severa paralisia cerebral.
Detalhe: são moradores que frequentam intensamente paróquia da igreja católica próxima de minha residência, paróquia na qual exercem atividades voluntárias.
Victoria, por sua condição de saúde, usa serviço de home care. Por conta disso, minha residência parece um hospital. Sete dias por semana, já no alvorecer, começa uma romaria de profissionais de saúde em casa, tais como enfermeira, terapeutas e médicos.
A enfermeira que cuida de minha filha enquanto eu e minha mulher trabalhamos relata broncas que levou de moradores do prédio. Uma dessas broncas se deveu à fisioterapia que a menina faz às nove da manhã e às quatro da tarde, e a outra ao passeio matinal que a enfermeira faz com ela.
Minha filha não anda, por isso tanto a fisioterapeuta da manhã quanto o fisioterapeuta da tarde colocam um equipamento em suas pernas que as mantém retas, pois a tendência causada pela enfermidade neurológica é a de que fiquem sempre dobradas. Com o extensor colocado, os profissionais fazem a menina “andar”.
Por causa da mobília do apartamento, que interfere no percurso da caminhada que minha filha tem que fazer amparada pelos fisioterapeutas, é preciso usar o corredor do andar. Victoria, porém, costuma emitir sons característicos de bebês antes de aprenderem a falar e, como os profissionais “conversam” com ela, a terapia provoca algum barulho na área comum do prédio.
O vizinho do andar do meu apartamento, um juiz aposentado e solitário que perdeu a esposa faz poucos anos, adora esses horários em que a minha filha sai ao corredor. Ele também sai e se delicia com a menina fazendo terapia. Brinca com ela, conversa com os terapeutas.  Diz que Victoria é a sua “alegria”.
Acredite quem quiser, mas a vizinha de outro andar, conhecida no prédio como “beata”, foi ao meu andar, quando a menina saiu ao corredor para fazer terapia, e reclamou do “barulho” que ela, a enfermeira e a fisioterapeuta da manhã faziam não havia mais do que vinte minutos.
Já durante o passeio matinal, a enfermeira tem que driblar a escada do saguão do prédio para ter acesso à rua com a cadeira de rodas. Outro vizinho, também freqüentador assíduo da mesma paróquia que a “beata”, reclamou da demora que a falta de uma rampa gera e que obriga quem está entrando ou saindo do prédio a esperar. Esse vizinho, então, exigiu que a enfermeira saísse com a minha filha pela garagem, o que eu a proibi de fazer novamente.
Essa situação é recorrente. Vira e mexe essas pessoas reclamam do que expus. São pessoas que vivem enfiadas na igreja, exalando cânticos e orações, fazendo profissões de fé, pregando justamente o que lhes falta.
As religiões também são os piores entraves a direitos civis para homossexuais, a direitos da mulher, a métodos contraceptivos, enfim, são verdadeiras usinas de intolerância contra minorias, mas não só. Pessoas exageradamente religiosas frequentemente têm menos paciência, até quando se trata de uma criança que padece tanto quanto a minha filha.
Não, não há, aqui, uma generalização. É claro que ter religião não torna ninguém intolerante com a diferença e insensível com seus semelhantes. O que espanta é que a religiosidade exacerbada, aquela que beira o fanatismo, também leva o indivíduo a ter comportamentos como o que descrevi. Ratos de igreja, salvo exceções, são pessoas mal-humoradas, pouco solidárias e preconceituosas.
Não deveria ser o contrário? Quem se dedica mais a religiões que pregam tolerância, amor ao próximo, piedade e solidariedade não deveria ser alguém que tem mais desses atributos em vez de menos? E se muitos dos que se expõem exageradamente a dogmas religiosos agem assim, as religiões não acabam sendo responsáveis por suas carências espirituais e morais?
Sou de família católica. Estudei em escolas católicas. Casei-me no religioso e batizei meus filhos. Contudo, constatar fatos como esses durante a vida me afastou da igreja. Apesar de ter fé em Deus, ver o que religiões causam à alma me fez rejeitar intermediários com o Criador. Errar sozinho eu sei. Redimir os erros, também.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Deputado diz que africano é uma maldição. Não, não somos racistas


Eis ai o deputado Feliciano, valoroso combatente do racismo inexistente
Não se trata do Bolsonaro do Rio.

Não, amigo navegante.

Trata-se do Marco Feliciano, do PSC de São Paulo.

Ou seja, não ser racista é uma preferência nacional, não é isso, Ali Kamel ?

Acompanhe agora, amigo navegante o que o implacavel Stanley Burburinho descobriu:


Corregedoria da Câmara analisará caso de deputado que ofendeu africanos no Twitter



Guilherme Balza
Do UOL Notícias
Em São Paulo

O caso envolvendo o deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP), que afirmou nessa quarta-feira (30), no Twitter, que os “africanos descendem de um ancestral amaldiçoado”, deverá será analisado pela Corregedoria da Câmara dos Deputados. A presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, deputada Manuela d’Avila (PCdoB-RS), disse que irá encaminhar as mensagens do parlamentar para o órgão.


Em seu perfil na rede de microblogs, Feliciano disse: “africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé. Isso é fato. O motivo da maldição é polêmica. Não sejam irresponsáveis twitters rsss”. Em seguida, outra mensagem, afirma que “sobre o continente africano repousa a maldição do paganismo, ocultismo, misérias, doenças oriundas de lá: ebola, Aids. Fome…(sic)”, afirmou Feliciano, que também é empresário e pastor evangélico.


Para Manuela d’Avila, as declarações são “bem graves” e “lamentáveis”. “Esse argumento religioso que justifica o racismo foi usado pela Igreja Católica há dois séculos para justificar a escravidão”, afirmou a parlamentar, em entrevista ao UOL Notícias.


A deputada disse que irá reunir as mensagens, apresentar na próxima reunião da Comissão e encaminhá-las à Corregedoria. “É o espaço adequado para se julgar e para que ele [Feliciano] possa se defender”, disse.


Para a parlamentar, é possível que, dependendo da decisão da Corregedoria, o caso vá parar no Comitê de Ética da Casa. “Na minha opinião, imunidade parlamentar não protege o crime de racismo. É garantido o direito da opinião, desde que honrada a Constituição”, afirmou D’Avila.


Por telefone, Feliciano disse que as mensagens foram publicadas por assessores, sem a sua aprovação. O parlamentar afirmou também que não considera as mensagens racistas. “Não foi racista. É uma questão teológica”, disse. “O caso do continente africano é sui generis: quase todas as seitas satânicas, de vodu, são oriundas de lá. Essas doenças, como a Aids, são todas provenientes da África”, acrescentou.


Após o contato da reportagem com a assessoria de Feliciano, a primeira mensagem foi apagada. Depois da entrevista ao UOL Notícias, o parlamentar republicou a mensagem.


Hoje, quase 20h depois das declarações, o deputado negou ser racista também no Twitter. “Tenho raízes negras como todos os brasileiros. Bem como dos índios e também europeus! Rejeito essas calunias infames! Aqui não seus desalmados”, disse Feliciano.


Marco Feliciano foi eleito deputado federal nas eleições do ano passado, com mais de 211 mil votos, e diz ter 30 mil seguidores no Twitter. “Sou afrodescendente, meu nariz é largo, meu cabelo é crespo. Tenho apoio do líder do movimento dos negros, pastor Albert Silva, de São Paulo”, defendeu-se.


Albert Silva, no entanto, nega que apóie Feliciano e discorda das opiniões do parlamentar. “As considerações dele são de foro íntimo. Como pastor negro e militante do movimento negro, eu considero um absurdo essa visão teológica do deputado. Viola o sentido explícito do relato bíblico”, afirma.


No perfil do deputado no Twitter, há também várias mensagens direcionadas a homossexuais.  O deputado afirma que vários internautas da comunidade gay o perseguem e convoca os “cristãos” a despejarem mensagens nas páginas de seus críticos. Em seguida, o parlamentar listou uma série de usuários do Twitter que supostamente o atacam.


http://noticias.uol.com.br/politica/2011/03/31/caso-de-deputado-que-ofendeu-africanos-no-twitter-ira-para-corregedoria-da-camara.jhtm