Ontem foi o último ato público de Roger Agnelli como presidente da Vale. E, para fazer justiça à sua trajetória, o adeus foi a inauguração de outra megamina para exportar as riquezas estratégicas do Brasil. A mina de Onça Puma, em OuriLãndia do Norte, sudeste do Pará, vai exportar “apenas” 95% de sua produção do valiosíssimo ferro-níquel – usado na fabricação de aços inoxidáveis – visa, segundo o próprio Agnell, “atender a países como China, Japão, Alemanha, Finlândia, Itália e Estados Unidos”.
Em plena operação, a mina vai produzir 22o mil toneladas de ferro-níquel, com 53 mil toneladas de níquel contido. Isso representa, simplesmente, 70% de toda a produção nacional até agora, que é de 74 mil toneladas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Mineração. Com 95% deste volume exportado, a Vale vai mandar para fora, via Onça Puma, uma vez e meia todo oníquel que hoje o Brasil já exporta, pouco mais de 35 mil toneladas.
O minério vai em bruto, porque a Vale só tem refinarias – que separam o ferro do níquel e o deixam pronto para o uso na produção de aço - no Reino Unido, Japão, Taiwan e China e uma recém construída na Nova Caledônia, gigantesca, adaaptada para trabalhar com níquel laterítico limonítico, justamente o tipo que sai de Onça Puma.
Tecnologia para fazer, há, pois a Votorantim inaugurou uma refinaria em Goiás, com tecnologia brasileira, há pouco mais de um ano.
E demanda, haverá, senão para tudo, para parte significativa deste minério. O próprio Roger Agnelli admitiu ao Diário do Pará, que tendência é de crescimento do consumo nos próximo anos, em função da montagem das estruturas de produção de petróleo do pré-sal e também dos investimentos previstos na indústria naval brasileira.
Enfim, o adeus de Agnelli, com os meganavios coreanos e chineses e esse superralo de escoamento de nosso valioso níquel se dá no seu grande estilo de pensar o Brasil como um buraco a ser cavado.
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