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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Brancos têm duas vezes mais acesso a planos de saúde no Brasil que negros

Maurício Moraes
Serviço público de saúde no Brasil. ABr
Quando precisam de tratamento apenas 10,9% dos negros recorrem a um médico particular
A população branca tem duas vezes mais acesso a planos de saúde em comparação aos negros, no Brasil.
Os dados são do Instituto Data Popular e vêm de uma pesquisa feita em parceria com o Fundo Baobá.
Para Athayde Motta, diretor do fundo, que levanta recursos para projetos voltados à população negra, "o acesso aos serviço é em geral pior para os negros, que vivem em locais mais distantes, onde o tratamento não é de qualidade".
"Se você ganha um pouquinho mais, a primeira coisa que faz é ter um plano de saúde privado e pagar escola particular para o filho. O sistema público de saúde e educação no Brasil ainda é muito ruim".
O dado sobre acesso a plano de saúde reflete a desigualdade racial no país, onde, segundo dados do Censo 2010 divulgados em maio passado, o número de pobres pardos ou pretos é 2,7 vezes o número de pobres brancos.
Dados da pesquisa do Instituto Data Popular indicam ainda que os negros continuam sendo minoria nos estratos mais ricos.
A classe A, por exemplo, é formada por 82,3% de brancos e 17,7% de negros. Já na classe E, os negros são 76,3% do total e os brancos 23,7%.
A classe C é a camada social onde há menos desigualdade entre brancos (56,9%) e negros (43,1%).
Médico particular
A cabeleireira Dulcinéia Luz, de 32 anos, nunca teve um plano de saúde.
Para o marido, a filha e os cinco irmãos, todos residentes em Araçoiaba da Serra, a 120 km de São Paulo, o SUS é a primeira opção quando precisam de atendimento médico.
"Penso em ter um plano de saúde no futuro, você nunca sabe quando pode precisar. Mas acho também que o SUS poderia melhorar. Se o SUS fosse bom, eu nem pensaria em ter um plano de saúde", diz.
Assim como outros milhões de integrantes da classe C, Dulcinéia viu a vida melhorar nos últimos anos. Sua filha hoje tem um computador, luxo impensável há alguns anos, assim como o acesso a um médico particular.
Sem plano de saúde, e descontente com os serviços do SUS, ela recorre a consultórios particulares se "a necessidade for grande".
"Quando acho que dá para ser atendida no SUS, vou ao SUS. Se for mais grave, eu pago", diz.
Athayde Motta. Divulgação
Para Motta, há diferença no tratamento médico para brancos e negros no Brasil
A pesquisa mostra que quando precisam de tratamento médico apenas 10,9% dos negros e 27,3% dos brancos recorrem a um médico particular.
Ambulatório
A primeira opção, para a maioria dos negros (64,5% deles), é o ambulatório de empresas e sindicatos. O índice entre os brancos que recorrem a ambulatórios é de 49,2%.
Esse é o caso de Marcelo Antonio de Jesus, 36 anos, residente na Penha, zona leste de São Paulo.
Jesus teve, por cinco anos, plano de saúde pago pela empresa para a qual trabalhava.
"Hoje os planos de saúde mais baratos têm pouca qualidade, o atendimento é demorado. Já os planos bons são muito caros", explica.
Educador de uma ONG, Jesus conta que gostaria de voltar a ter acesso a um plano privado, "com atendimento mais rápido".
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