Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sábado, 14 de janeiro de 2012

Desastres das chuvas são municipais, estaduais e federais

Deveria ser a pior época do ano para os políticos, mas não é. Eles deram um jeito de anular as suas responsabilidades. E o que lhes permite fazê-lo é empurrá-las para o governo federal, o qual, em um país tão grande, fica difícil culpar pelo deslizamento de uma encosta, pela enchente de uma rua ou por aquele cidadão que caiu em um córrego e se afogou.
Como os políticos fizeram essa mágica? Através de dois instrumentos. Um é o bom e velho presidencialismo de coalizão que obriga o governo federal a assumir esse ônus em prol de suas alianças políticas, e também para não parecer que quer se omitir. E o outro instrumento é a mídia, que, sob evidentes motivações políticas, cobra de quem deve menos.
Exemplo disso está em um vídeo que passou a circular na internet e no qual a apresentadora de um telejornal do SBT explode em indignação contra o governo Dilma pela enchente em um bairro qualquer de alguma parte do país, como se fosse possível ao governo federal mapear riscos desse tipo em cada rua, cada bairro, cada cidade, cada Estado.
Veja o vídeo e depois continue lendo.




Esse é apenas um dos muitos exemplos de noticiário opinativo que protege os grandes culpados, que são o prefeito e o governador, e que se repete em praticamente toda a mídia.
As acusações recentes contra o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, por ter destinado mais recursos contra enchentes ao seu Estado natal mostram como a imprensa protege culpados e desinforma os cidadãos. O Estado do ministro ficou com quase todos os recursos porque foi o único que apresentou projetos ao governo federal e que lhe pediu verbas para executá-los.
Quem primeiro deve apurar onde há que fazer obras contra os problemas que as chuvas geram são os municípios. Se não houver recursos para fazer projetos, a prefeitura deve recorrer ao governo estadual. No caso do ministro, as verbas federais existiam para todos, mas os projetos não. E muito menos pedido de recursos para projetos.
O nível da administração pública que tem menor responsabilidade na atual conjuntura, portanto, é o federal. E a defesa do ministro às acusações que recebeu no âmbito da guerra da mídia contra o ministério de Dilma expôs o descaso de prefeitos e governadores que não gostam de enterrar recursos em obras que poucos eleitores percebem, pois costumam ser subterrâneas.
Até o ano passado – e durante alguns anos –, quando São Paulo inundava, a mídia dizia que a culpa era de São Pedro. Quem tiver curiosidade, pesquise neste blog o que foi publicado no período das chuvas de 2011 e verá reprodução de matérias que afirmavam que aquela enchente naquele bairro da capital paulista se devera à maior chuva em sabe-se lá quantos anos.
Este ano promete ser diferente. Até pelo link que a mídia quer fazer entre as tragédias das chuvas e o ministério que tem relação com obras contra elas, São Pedro deverá ser poupado. 2012 promete ser o ano em que o governo federal mais irá apanhar por conta dessas tragédias. Sobretudo pelas que devem expor a má administração de São Paulo.
Nas capitais, sobretudo nas do Sul e do Sudeste, é indesculpável que não tenham sido pedidos recursos. É evidente que uma cidade como São Paulo, por exemplo, não teria dificuldade em executar projetos para pleitear verbas estaduais e federais. E se o prefeito fosse (sic) irresponsável, caberia ao governador fazer esses projetos e pedir verbas.
A situação se agrava em lugares como São Paulo, onde o mesmo grupo político vem sendo mantido no poder há quase duas décadas. A falta de alternância no poder diminui ainda mais o empenho das autoridades em se preocupar com problemas que afetam sempre os mesmos bairros pobres, nos quais os cidadãos são induzidos a responsabilizar o governo federal.
Essa apresentadora prestou um desserviço à sociedade. Teria sido corajosa se cobrasse o prefeito de Luziânia e o governador de Goiás em vez do governo Dilma. De que adianta cobrar “o ministério”? Aliás, quem deu a resposta idiota foi um funcionário da prefeitura, mas quem pagou o pato foi o governo federal.

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