*'UMA COISA CHAMADA GUANTÁNAMO: "Vamos falar de direitos humanos? Então nós vamos começar a falar de direitos humanos no Brasil, nos Estados Unidos, uma coisa chamada Guantánamo..." (Presidenta Dilma Rousseff, em Cuba; leia a cobertura do enviado de Carta Maior a Havana, André Barrocal)
A ENDOSCOPIA DA CRISE
A Grécia funciona como uma espécie de endoscopia em tempo real das consequências sociais e éticas da maior crise capitalista dos últimos 80 anos. A percolação da tragédia na pirâmide social do país escancara os custos humanos de se preservar a riqueza financeira quando o mecanismo que a reproduz já não se sustenta. A educação pública teve um corte de 60% na Grécia este ano; crianças desmaiam de fome em sala de aula. O impasse global avança para o 4º ano de sacrifícios urbi et orbi. Mas nada disso parece sensibilizar a mídia demotucana, cuja leitura sugere que o único ponto do planeta onde há desrespeito a direitos humanos é uma ilha a 150 quilômetros de sua meca intelectual e política. (LEIA MAIS AQUI)
A ENDOSCOPIA DA CRISE
A Grécia funciona como uma espécie de endoscopia em tempo real das consequências sociais e éticas da maior crise capitalista dos últimos 80 anos. A percolação da tragédia na pirâmide social do país escancara os custos humanos de se preservar a riqueza financeira quando o mecanismo que a reproduz já não se sustenta. A educação pública teve um corte de 60% na Grécia este ano; crianças desmaiam de fome em sala de aula. O impasse global avança para o 4º ano de sacrifícios urbi et orbi. Mas nada disso parece sensibilizar a mídia demotucana, cuja leitura sugere que o único ponto do planeta onde há desrespeito a direitos humanos é uma ilha a 150 quilômetros de sua meca intelectual e política. (LEIA MAIS AQUI)
Ontem, enquanto Dilma Rousseff exercia as suas obrigações de chefe de Estado em viagem oficial a Cuba, a desfaçatez patológica dos barões da mídia se agitou e saiu da toca. Não tardou e logo começaram a pipocar matérias “exigindo” da presidente que cobrasse direitos humanos do governo cubano.
No mesmo dia, li mais alguns textos e ouvi mais algumas locuções nessa mesma mídia em que juízas, jornalistas e até governantes contavam como tinha sido “exemplar” a “operação de reintegração de posse” no Pinheirinho. A conexão entre uma coisa e outra, então, foi inevitável.
Pinheirinho e Cuba têm tudo que (não) ver um com o outro. Cuba é a ditadura, segundo diz a mídia brasileira, mas ninguém nunca viu milhares de homens, mulheres (até as grávidas), crianças, idosos, deficientes e enfermos de todo tipo serem espancados, atingidos com bombas e balas de borracha e depois serem jogados em depósitos insalubres, naquele país.
Isso sem falar de violações de direitos humanos que AINDA não foram totalmente comprovadas.
Fiquei pensando sobre que democracia há para os flagelados do Pinheirinho. Para aquelas pessoas, a ditadura fica mesmo é no Brasil. Aliás, na visita que lhes fiz na última segunda-feira essa foi uma das palavras que mais ouvi: “ditadura”.
E por que não seria? Alguma ditadura faria um trabalho “melhor”? Não é assim que as ditaduras tratam o povo? Não é na bala (nem que seja de borracha, se for), no gás pimenta, nas cacetadas no lombo, quando há sorte?
Você, leitor, já ouviu falar de algo parecido a Eldorado dos Carajás, à Cinelândia, à Cracolândia, ao Pinheirinho ou a coisa que o valha, em Cuba? Mesmo se fosse verdade que Cuba deixa um ou outro ativista político morrer de fome por vontade própria, quero que alguém me mostre uma única imagem do governo cubano espancando ou matando seu povo no atacado, como por aqui.
Onde fica a ditadura, mesmo?
Penso que aquela população do Pinheirinho daria a vida para ir morar em um lugar como Cuba, onde teria casa, assistência médica, segurança, educação e respeito do Estado. No entanto, esses jornais que apoiaram a ditadura militar brasileira e suas violações de direitos humanos cobram esses mesmos direitos de… Cuba!
Gostaria de ter dinheiro para pagar a passagem daqueles com os quais estive anteontem para que fossem viver como gente em Cuba, já que, por aqui, a sociedade não têm capacidade de ao menos avaliar seu sofrimento enquanto se “horroriza” com a “ditadura” cubana.
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