por José Maria Vasconcelos
Padre Adão, jovem vigário da paróquia Tancredo Neves,
cópia do jogador argentino, Messi. Falta-lhe a ginga das
bolas, mas é craque no sermão, além da voz de tenor.
No último domingo, Padre Adão surpreendeu os fieis do
Bairro São João, ao substituir o vigário, pela sapiência da
palavra.
Eu já conhecia a história do profeta Jonas, engolido
e vomitado por uma baleia, por se negar a cumprir o
chamado de Deus para missão de converter a cidade
de Nínive, cuja população beirava à das metrópoles
atuais, inclusive na devassidão. Que devassidão, nobre
sacerdote? A mesma que arruína qualquer sociedade de
qualquer época? A História vive de repetir coincidências.
Se depender das coincidências históricas, empatamos
com a depravação do império romano, civilização grega
e tantas outras, aí estamos fritos. Já atingimos o limite
da tolerância e padecemos vexames do caos.
No princípio da dominação romana e organização
política da Grécia, registraram-se episódios heroicos
de amor à pátria. Soldados metiam as mãos na
brasa, revoltados por não ter acertado o golpe nos
comandantes de tropas inimigas. Na Grécia, uma
senhora recebeu a visita do carteiro, comunicando-
lhe a morte do filho, na guerra. A mãe do heroi não
hesitou: "Moço, quero saber, primeiramente, se
as nossas tropas venceram a batalha!"Em tempo
de globalização do egoísmo e direitos individuais
exacerbados, parecem loucura gestos de grandeza
nacional.
Coincidentemente, as grandes civilizações arruinaram-
se, quando se permitiram condutas de desonestidade,
desvarios sexuais, vendas de segredos de estado,
desagregação familiar, hedonismo, excessiva busca
dos prazeres materiais, disciplina frouxa com os filhos,
abandono da ética. Roma, no auge da prosperidade
alimentada pelos elevados tributos e encargos sobre as
colônias, assistiu a monumentais escândalos, em todos
os três poderes. Diversão(pão e circo), culto ao corpo,
nas termas e academias de ginásticas, afrouxamento
do espírito, desencadeamento do homossexualismo,
preguiça e leviandade contaminaram tropas e generais,
inclusive na Grécia. As fragilíssimas e menosprezadas
legiões bárbaras do norte europeu, sem organização
política, porém ardendo de ódio, arrasaram a capital do
império e impuseram terror iconoclasta. Uma espécie
de ressentimento talibã, engasgado há séculos, devido
à opressão imperial. Graças à diplomacia eclesiástica,
foi domada a carnificina, que destruiu mais da metade
da população. O império babilônico, da ostentação dos
jardins suspensos e depravado rei Nabucodonosor, virou
cinzas. Apagou-se o esplendor imperialista da França,
Portugal, Inglaterra, Espanha, tantos e tantos. Agoniza o
império americano. Zomba a China.
Olhar para a história dos povos, extrair-lhes algumas
lições de harmonia social podem salvar a sociedade
contemporânea. O profeta Jonas não pregou, em
vão, na grandiosa e depravada Nínive. Os cidadãos
ouviram a advertência de que a cidade se arruinaria,
em breve, se não abandonasse os pecados. Precisamos,
urgentemente, de Jonas e profetas do bem, em todas as
esferas das instituições. Carecemos, também, dos Jonas,
que se arrependam da omissão de servir aos sublimes
ideais, e partam para a tarefa que lhes foi outorgada.
josemaria001@hotmail.com
Texto extraído do estômago (quase que sai "barriga") do jornal Diário do Povo, de Teresina, Piauí.
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