Liga o Vasco, navegante de longo curso, da Lagoa de Marapendi.
Liga o Vasco, navegante de longo curso, da Lagoa de Marapendi.
– O que você foi fazer aí, Vasco, na Barra da Tijuca ?, pergunta o ansioso blogueiro.
– Vim ver se acho os Verdes da Rio+20.
– Para que você quer achar os Verdes, Vasco ?
– Para afogar eles aqui na Lagoa.
– Calma, Vasco, isso dá processo.
– Não, eu te liguei, porque queria saber se você viu na televisão a casa do Aref.
– Do Aleph, aquele conto do Borges … o que é isso, Vasco ?
– Aref, Aref, aquele que você disse que o Cerra ia abandonar na estrada.
– Já sei ! Aquele que o Cerra nomeou e depois disse que não nomeou.
– Exatamente ! Aquele que tem 106 apartamentos.
– Isso. E por coincidência ele é que autorizava as construções em São Paulo.
– Coincidência ! A força do destino.
– Sim, Vasco, mas o que tem a casa dele ? Você viu na televisão ?
– Foi, vi na televisão …
– Na Globo é que não foi, Vasco. Você acha que o Ali Kamel ia dar atenção a essa bobagenzinha … O cara do Cerra e do Kassab aprova as edificações e compra 106 apartamentos … isso não tem a menor importância … Na Globo …
– É, então, não foi na Globo. Mas eu vi em algum lugar.
– Mas, o que tem a casa do Aref, Vasco ?
– Uma micharia, uma casinha de bairro, assim, nada demais …
– Nada demais, como, Vasco ?
– Casinha assim de primeira geração de emigrante, que chega duro ao Brasil, monta um negocinho … compra a primeira casinha assim …
– E daí, Vasco ? O que tem a casa do Aref ?
– Meu querido, ele só pode ser fruta cítrica …
– Que Diabo é isso … fruta cítrica ?
– Meu querido, como é que você compra 106 apartamentos de luxo e vai viver numa micharia daquelas …?
– Sei lá, Vasco, vai ver que é mania de pobre.
– Meu filho, no capitalismo, pobre quer mesmo é ser rico. Nunca vi um pobre querer ficar pobre … No capitalismo não funciona assim, diz o Vasco, com voz de colonista (*) do PiG (**).
– Onde é que você aprendeu essas coisas, Vasco ? Você agora é o Schumpeter … teórico do Capitalismo ?
– É esse aí mesmo, Schumpeter …
– Você não tá confundindo com Johannpeter, Vasco ?
– Não. Johannpeter é o Gerdau. Tô falando do Schumpeter.
– Mas, o que tem o Schumpeter a ver com o Aref, Vasco ?
– É que o Merval fez um seminário na Academia Brasileira de Letras sobre o Futuro do Capitalismo.
– E o Schumpeter foi ?
– Não, seu imbecil. O Schumpeter morreu …
– Ah, desculpe … essa falsa cultura … Quem foi discutir o … Futuro do Capitalismo com o Merval ?
– O André Lara Rezende e o Gustavo Franco.
– Ah, eles sabem …
– Sabe o que eu descobri ?
– Que o Futuro não tem Capitalismo … ou será o Capitalismo não tem Futuro ?
– Não, meu querido. Descobri que a Globo terceirizou a Academia Brasileira de Letras.
– Como assim ?
– No tempo do Dr Roberto, essas coisas eram no Auditório do Globo. Agora, são na Academia.
– Coitado do Machado, Vasco …
– Coitado do Capitalismo, meu filho …
Pano rápido.
Em tempo: Em tempo: liga o Vasco, irritado, lá de Marapendi, depois de ler a fiel reprodução do nosso diálogo: “Você se esqueceu de dizer que o Aref do Cerra também aprova construção de shopping …
Paulo Henrique Amorim
(*) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.
(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
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