Ao comentar as denúncias de cartel e favorecimento a governos do PSDB em licitações do Metrô e da CPTM, deputado federal do PT ressalta o tratamento diferente que é dado quando irregularidades são praticadas pela oposição ao governo federal; segundo ele, trata-se de uma "manobra", não só da imprensa, mas também do Judiciário e do Ministério Público, que atuam de maneira "seletiva"; para Ricardo Berzoini, o caso pede "pressão popular"; "Não importa o tamanho do esquema. Se envolve dinheiro público deve haver indignação"
12 DE AGOSTO DE 2013 ÀS 17:10
247 - O deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP) disse nesta segunda-feira 12 que existe uma "manobra" quando há denúncias de irregularidades por parte da oposição ao governo federal, praticada não só pela imprensa, segundo ele, mas também pelo setor Judiciário e pelo Ministério Público, que atuam de maneira seletiva. As declarações foram dadas à Rádio Brasil Atual enquanto o parlamentar comentava as denúncias de cartel e favorecimento a governos do PSDB em licitações do Metrô e da CPTM em São Paulo.
O petista lembrou que no caso do chamado 'mensalão mineiro' também houve "tratamento desigual". E que agora, tentou-se a "mesma manobra". "Eu cheguei a ironizar que a Folha [de S.Paulo] publicou uma matéria que parecia que era uma irregularidade cometida na Ucrânia ou na Moldávia. Não havia nenhuma relação com o governo do Estado onde o jornal tem sede. Eu acredito que mais uma vez tentaram ocultar aquilo que era óbvio desde 2008", disse o deputado.
No final de julho, Berzoini chegou a sugerir, pelo Twitter, que o jornal estaria blindando o governo de Geraldo Alckmin (PSDB-SP) ao não citar os nomes dos tucanos envolvidos no caso. "Folha noticia caso do superfaturamento do Metrô de SP na editoria de ...cotidiano!! E não cita o nome de ninguém do governo tucano", escreveu o parlamentar, que tuitou em seguida: "Nunca vi nada igual!! Rabo preso com o PSDB??"
Na avaliação de Ricardo Berzoini, o episódio exige "pressão popular" de movimentos sociais, centrais sindicais e da sociedade civil, que devem se mobilizar para pressionar a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) a instalar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as suspeitas de corrupção no Estado.
"Não importa o tamanho do esquema. Se envolve dinheiro público deve haver indignação. O que foi revelado até agora demonstra um esquema que passa por vários governos, mostrando que havia, inclusive, negociação internacional. Isso precisa ser esclarecido e, quanto mais investigação, melhor. Não há razão para alguém ser contra uma CPI para aprofundar as investigações policiais", afirmou o deputado.
O PT quer a investigação da responsabilidade ou omissão de agentes públicos e políticos do PSDB relacionados às denúncias de formação de cartel entre empresas para obras e manutenção de equipamentos do Metrô e da CPTM. O cartel seria formado pelas empresas Alstom, Bombardier, CAF, Siemens, TTrans e Mitsui, envolvendo superfaturamento nos preços, pagamento de propinas e fraudes em licitações e contratos desde 1997, período de hegemonia do PSDB no Palácio dos Bandeirantes.
A instalação da CPI tem duas barreiras difíceis de serem transportadas. A regimental, que depende do Colégio de Líderes para ser superada, e a política. Com 26 assinaturas já coletadas, o PT teria de conseguir o apoio de mais seis deputados entre os 68 que o governador Geraldo Alckmin tem a seu favor. A aposta é que as assinaturas que faltariam para viabilizar a CPI sejam de deputados que se sintam constrangidos em não apoiar uma iniciativa cuja demanda tem a ver com as recentes manifestações de rua por transparência e contra a corrupção, um risco alto em ano pré-eleitoral.
Reportagem publicada na quinta-feira passada (8) na Folha de S.Paulo afirma que, em e-mail enviado a superiores em 2008, um executivo da Siemens diz que José Serra, então governador do estado, sugeriu que a empresa entrasse em acordo com uma concorrente para evitar que uma possível disputa judicial de ambas pelo contrato provocasse atraso na entrega de trens da CPTM.
Para Berzoini, os indícios do envolvimento de Serra com o caso são grandes. "Acho que os e-mails são um elemento de indício muito forte. Evidentemente, não é de se imaginar que o diretor de uma empresa vá citar o nome do governador sem que haja qualquer fato vinculado a essa citação."
Com Rede Brasil Atual. Ouça aqui a reportagem completa de Marilu Cabañas
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