Conselho Regional de Medicina do Ceará passa a ser obrigado a conceder registro profissional ao médicos estrangeiros inscritos no Mais Médicos; 'férias' do brasileiro Patrick Henrique Cardoso em Chicago foram punidas com demissão; sindicato das domésticas pede indenização a jornalista que fez comparação preconceituosa com cubanas; baixo nível respondido com força
12 DE SETEMBRO DE 2013 ÀS 13:43
247 - Uma a uma, as atitudes preconceituosas, indisciplinadas e vexatórias de médicos brasileiros e críticos do programa Mais Médicos são rechaçadas pela sociedade – e, também, pela Justiça. Nesta quinta-feira 12, decisão do desembargador Lacerda Dantas, de Fortaleza, considerou ilegal a atitude do Conselho Regional de Medicina do Ceará de negar registro aos médicos estrangeiros inscritos no programa.
A decisão foi tomada dias depois de o médico brasileiro Patrick Henrique Cardoso ter sido excluído do Mais Médicos, por ter ficado em seu posto apenas três dias até sair de férias para Chicago, conforme postou no Facebook. Ao mesmo tempo, deu entrada na Justiça de São Paulo o pedido de indenização por danos morais do Sindicato das Empregadas e Trabalhadores Domésticos contra a jornalista Micheline Borges, que afirmou, também no Facebook, que as médicas cubanas tinham "uma cara de empregadas domésticas", não se impunham "pela aparência" e questionava: "será que eles entendem de dengue?"
Vai ficando claro que a crítica rasteira ao Mais Médicos não irá prosperar em nenhuma frente. Pesquisa CNT/MDA publicada ontem mostrou que o apoio da população ao programa saltou de 49% em junho para 73% agora. É um sucesso. Por outro lado, sofre ataques e boicotes em sua fase mais sensível, a da implantação. O índice de faltas entre os médicos brasileiros é alto. Pelo visto, além dos que não queriam a implantação do programa, até mesmo muitos dos que aceitaram as condições parece que se arrependeram.
Por falar em cubanos, e como dizia Che Guevara aos homens de sua coluna que não queriam prosseguir, que saiam. Não sem antes uma reprimenda pública.
Abaixo, notícia sobre a decisão da Justiça do Ceará:
CRM-CE terá de conceder registro a médicos estrangeiros
O Conselho Regional de Medicina do Ceará (CRM-CE) terá de conceder registro profissional aos médicos estrangeiros do Programa Mais Médicos que vão atuar no estado. Foi o que decidiu o Tribunal Regional Federal da 5ª Região, em Recife, nesta quinta-feira (12), menos de 24 horas após o governo federal ter entrado com recurso judicial contra a liminar que desobrigava o CRM-CE a conceder registro profissional aos estrangeiros participantes do programa.
O Conselho Regional de Medicina do Ceará (CRM-CE) terá de conceder registro profissional aos médicos estrangeiros do Programa Mais Médicos que vão atuar no estado. Foi o que decidiu o Tribunal Regional Federal da 5ª Região, em Recife, nesta quinta-feira (12), menos de 24 horas após o governo federal ter entrado com recurso judicial contra a liminar que desobrigava o CRM-CE a conceder registro profissional aos estrangeiros participantes do programa.
Na quarta-feira (11), o ministro-chefe da Advocacia Geral da União (AGU), Luís Inácio Adams, e o secretário de Gestão da Educação e do Trabalho em Saúde do Ministério da Saúde, Mozart Sales, estiveram pessoalmente no TRF 5 e se reuniram com o desembargador Francisco Wildo Lacerda Dantas, do Tribunal Regional Federal (TRF) da 5ª Região, em Recife, para apresentar o pedido de suspensão da liminar e a favor do programa.
Na decisão judicial publicada hoje, o desembargador Lacerda Dantas considerou que "a suspensão de programa destinado a implementar uma política pública endereçada a melhorar o sistema de saúde pública, a sua sustação, pura e simples, sem uma apreciação jurídica definitiva – porque nas lindes próprias de uma transitória medida liminar -, causa grave lesão à saúde pública". Além disso, argumentou que "uma vez obstaculizado o recebimento dos profissionais estrangeiros, nos termos da decisão combatida, os municípios referidos permanecerão sem qualquer assistência médica, a despeito da disposição do multicitado programa em supri-la".
A Medida Provisória nº 621/2013 e o Decreto nº 8.040/2013, que instituíram o Programa Mais Médicos, têm força de lei e determinam o registro provisório aos médicos estrangeiros que vão atuar pelo programa no país, sem revalidação do diploma.
Os profissionais estrangeiros participantes do Mais Médicos estão sendo avaliados por instituições de ensino e só poderão atender a população após aprovação nesta etapa, cuja duração é de três semanas. A opção por este modelo de avaliação invés da realização do Revalida assegura que o profissional atuará exclusivamente na Atenção Básica, no âmbito do programa, por um período de três anos. Com o diploma revalidado, o profissional poderia atuar em outros serviços de saúde, inclusive da rede privada.
Desde o lançamento do Programa Mais Médicos, em 8 de julho, a AGU e o Ministério da Saúde já obtiveram vitória em 12 ações movidas por conselhos profissionais contra o programa.
Estão escalados para atuar em 16 municípios do Ceará 34 profissionais com diploma do exterior – 28 deles cubanos e seis de outras nacionalidades. O estado tem menos médicos por habitante do que a média nacional, com 1,05 médico por mil habitantes, enquanto o Brasil tem 1,8.
Aderiram ao Mais Médicos 150 municípios do Ceará, que solicitaram 629 profissionais para ocuparem vagas ociosas em equipes de Atenção Básica no estado. Porém, na primeira seleção do Programa Mais Médicos, apenas 105 médicos brasileiros escolheram o estado.
Programa - Lançado pela Presidenta da República, Dilma Rousseff, no dia 8 de julho, o Mais Médicos faz parte de um amplo pacto de melhoria do atendimento aos usuários do SUS, com objetivo de acelerar os investimentos em infraestrutura nos hospitais e unidades de saúde e ampliar o número de médicos nas regiões carentes do país.
No Ceará, além das medidas emergenciais de envio de médicos, até 2017, serão abertas 455 novas vagas em cursos de Medicina e 543 em residência médica. Estão sendo ampliadas 150 UBS, além das 128 em reforma e 310 em construção no estado. Somente em 2013, foram investidos R$ 164,6 milhões nessas obras.
Fonte: Agência Saúde
Leia aqui a reportagem do 247 sobre o médico que trabalhou dois dias e viajou para os EUA.
Leia aqui matéria sobre a jornalista processada por dizer que as médicas cubanas têm "cara de empregada doméstica"
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