Aplicada a teoria do “domínio do fato”, aquela invocada pelo Ministro Joaquim Barbosa de que um superior tem, mesmo sem prova material , culpa por atos de corrupção de seus indicados para a administração, toda a cúpula tucana estaria agora sentada no banco dos réus nos casos da Siemens e Alstom.
Hoje, a Folha mostra que os “bagrinhos” que Fernando Henrique diz terem sido os responsáveis pela corrupção nadavam, também, em águas federais, durante a era tucana, abocanhando ao menos R$ 6 milhões na construção da usina de Itá, em Santa Catarina, um das (poucas) obras do Governo Federal.
E o Estadão registra também que os mais altos dirigentes das estatais paulistas levavam sua cota – inclusive em viagens a Paris, ulalá! – na propinagem generalizada entre a Alston e os governos tucanos de São Paulo.
Aliás, a denúncia do Ministério Público Federal contra 12 pessoas de estatais paulistas, além do Tribunal de Contas do Estado é muito curiosa: indicia o time inteiro, mas deixa de fora o técnico e os cartolas graúdos da equipe.
A “teoria dos bagrinhos do fato” sustentada pelo ex-presidente tucano e a avifauna correlata – que, ao inverso da tese barbosiana, diz que ninguém sabia de nada – tem um problema, porém.
A Justiça da Suíça, Alemanha e França.
Apesar de tanto tempo guardadas “na pasta errada” os fatos estão aparecendo, vindo lá de fora.
Para vergonha do sistema judicial brasileiro, que vai sendo atropelado, meio a contragosto, por verdades que não se pode mais esconder, apesar de sabidas há mais de seis anos.
Como registra hoje o Estadão, ao reproduzir trecho do depoimento de um ex-diretor da Empresa Paulista de Transmissão de Energia, ouvia-se “nos corredores da extinta estatal que a multinacional francesa Alstom pagava propina para o presidente da EPTE, o diretor técnico, o diretor financeiro, bem como para funcionários da área técnica.”
Ouvia-se nos corredores, reparem.
Todo mundo sabia, menos os “dominadores do fato”.
Os bagrões.
Mas resta um consolo à turma tucana: pelo menos são corruptos em francês, n’est pas?
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