Se o Brasil fosse os Estados Unidos e nossa CVM tivesse a força da SEC - Securities and Exchange Comission- a esta hora uma dúzia de agentes estariam cruzando, desesperadamente, todos os dados de compra e venda de ações do Banco do Brasil e da Petrobras na última semana.
Está claramente configurado que o boato de uma queda de Dilma nas pesquisas na quinta-feira passada “testou” o efeito de uma notícia como essa no mercado.
Ficou claro que haveria, com uma notícia assim, alta expressiva nos papéis das duas estatais.
Não havia uma pesquisa mostrando queda de Dilma.
Ou melhor, havia (verdadeira ou não) uma pesquisa indicando isso.
Quem soubesse de seus resultados podia comprar Petrobras e BB, respectivamente, a R$ 13,78 e R$ 21,11, as ações ordinárias.
E vender, hoje, com valorização de uns 8%.
Em um dia.
Se soubesse disso no primeiro boato, dobre a parada e dobre os lucros.
Grana para ninguém botar defeito, dependendo da “bala” que se tinha para apostar na operação.
Dinheiro ganho, claro, dos otários que venderam as ações e dos fundos que operam com margens mais rígidas de compra e venda, por terem perfil conservador.
Mas este negócio de desonestidade nos mercados de capitais é ficção, não é?
O “Lobo de Wall Street” é só um filme, coisa de cinema.
Coisa de americano.
Aqui, não.
O Ibope fez duas pesquisas, nos mesmos dias, com a mesma base amostral, o mesmo número de entrevistados e não as “juntou”, mesmo tendo que pagar, do próprio bolso, uma legião de entrevistadores.
E guardou por dez dias o resultado de uma delas, claro, apenas porque lhe deu na telha.
Não contou o resultado para ninguém, nem para o Senado Clésio Andrade, cliente que contratou por R$ 214 mil a tal pesquisa “engavetada”.
E os ganhos de dezenas ou centenas de milhões na bolsa foram só um acaso ou, claro, fruto da competência espírita de alguns operadores.
O importante é que a Dilma “perdeu” pontos e isso vai para o Jornal Nacional, mesmo que a outra pesquisa – terminada depois, segundo os registros do TSE – mostra que não tenha perdido coisa alguma.
Sabe como é: São Luiz é mais fresquinho porque vende mais ou vende mais porque é mais fresquinho?
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