Sabatinas na CNI com os três principais candidatos
a presidente levantaram uma interrogação; a depender do resultado da
eleição, o Brasil pode ser submetido a um novo pacote econômico a partir
de janeiro?; Eduardo Campos, do PSB, falou em baixar medidas
tributárias já na primeira semana de seu eventual governo; Aécio Neves,
do PSDB, também posicionou na primeira semana do mandato, em razão "do
capital político fortalecido", o momento ideal para fazer mudanças na
economia; presidente Dilma Rousseff foi a terceira a ser ouvida, mas não
se comprometeu com guinadas no rumo atual; o País aguentaria um novo e
surpreendente choque?
247 – A se tomar ao pé da letra, o principal
compromisso assumido pelos dois principais presidenciáveis da oposição,
nas sabatinas feitas pela Confederação Nacional da Indústria, sugere,
mais uma vez, que eles têm surpresas a serem reveladas somente em caso
de vitória.Tanto Eduardo Campos, do PSB, que foi entrevistado ontem na parte da manhã, quanto Aécio Neves, do PSDB, que se apresentou em seguida, frisaram que "na primeira semana" em que chegarem à Presidência da República, caso vençam a disputa, pretendem baixar medidas econômicas. Não ficou claro, porém, qual a exata dimensão dessa iniciativa.
Campos, que compareceu com a candidata a vice Marina Silva ao seu lado, garantiu que baixará medidas na área tributária logo nos primeiros dias de sua possível gestão. De maneira genérica, ele garantiu que suas ações terão o sentido de simplificar e equalizar melhor o peso dos tributos sobre o empresariado e a sociedade. Mas não foram detalhadas quais seriam, ponto a ponto, essas medidas.
Diante da necessidade de aumentar a arrecadação do governo, para equilibrar o déficit público, seria factível a Campos promover um choque de impostos? Ou, ao contrário, abrir um pacote de bondades capaz de animar os empresários a novos investimentos? Quem sairia ganhando? E perdendo?
Aécio, por seu lado, também bateu na tecla de agir com decisão "na primeira semana" de seu eventual mandato, que ele considerou até mais importante que "o primeiro mês". Na visão do presidenciável tucano, é logo no começo da gestão que um governante tem "capital político fortalecido" para adotar "medidas corajosas" que julgar necessárias.
Meses atrás, ainda esse ano, em reuniões sucessivas com empresários em São Paulo, o ex-governador de Minas Gerais chegou a falar em "medidas amargas", mesma expressão usada, no mesmo foro - a casa do empresário João Doria Jr. -, por Campos. Diante da cobrança de políticos governistas, como a senadora Gleisi Hoffmann, sobre quais serão essas iniciativas, ambos desconversaram.
Agora, na CNI e com a aproximação da eleição, o tucano e o socialista voltam a falar em agir com impacto logo de saída. Ambos consideram que a sociedade brasileira enfrenta um momento tão adverso que demandaria muitas novidades em matéria de política econômica para acelerar nos trilhos do desenvolvimento.
A única a não prometer alterações radicais no curso da administração é a presidente Dilma Rousseff. Ela se comprometeu a incorporar ideias entre os 42 pontos citados pela CNI como cruciais para o desenvolvimento. Mas acentuou que, "ao contrário do que foi feito antes", não pretende "desorganizar a economia como ocorreu com as idas do País ao FMI" durante o governo do presidente Fernando Henrique.
Para Dilma, a política econômica deve seguir o rumo atual, apenas com ajustes pontuais.
No cenário eleitoral de 2014, o debate sobre como cada candidato irá agir sobre a economia está apenas começando. Já se dá pela falta, porém, de esclarecimentos que diminuam o risco de surpresas desagradáveis para o eleitor como mais um pacote econômico – seja ele de que tamanho for.
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