A evidência mais gritante de que o Brasil passa por um golpe talvez nem seja a ausência de crime de responsabilidade de Dilma, requisito primordial para processo de impeachment de um presidente ser instalado. Na última terça-feira, surgiu evidência muito mais forte.
Kiko comentou minha matéria sobre o sumiço do casal fascista que insultou o ator José de Abreu enquanto ele jantava com a esposa em um restaurante paulistano e que, de troco, ganhou cusparadas na cara:
“(…) Anna Claudia del Mar, uma ex-modelo, e seu par, um ‘advogado’ não identificado, não deram as caras publicamente.
Por quê?
Cinco dias depois do episódio, ninguém conhece o paradeiro deles. Abreu já esteve no Faustão, contou sua história — e nada da dupla aparecer para vender sua versão.
Sem precisar falar nada, já estão sendo defendidos por toda a direita. Se alegassem, por exemplo, que Zé de Abreu estava armado com uma escopeta, certamente sua verdade seria acolhida sem questionamentos.
Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania, escreveu que ‘o tal advogado que agrediu José de Abreu estava no meio de uma traição à esposa, que não pode saber que ele jantava com outra mulher’.
É plausível. O dono do estabelecimento provavelmente tem o nome do rapaz, que pagou com cartão de crédito. Abreu prometeu processá-los (…)”.
Sobre esse caso, vale acrescentar que, segundo a TV Bandeirantes, Eurico Carvalho, gerente do restaurante Kinoshita, onde tudo ocorreu, contou à emissora que José de Abreu foi provocado pela ex-modelo Anna Claudia Del Mar e o namorado dela, que não teve o nome divulgado.
Mas este post não é sobre esse caso e, sim, sobre outro sumiço que o Kiko, do DCM, citou na matéria em questão. Trata-se do sumiço do juiz-espetáculo Sérgio Moro logo após a aprovação do processo de impeachment de Dilma Rousseff na Câmara dos deputados.
Diz o DCM:
“(…) Desde que a Câmara aprovou o impeachment numa das sessões mais bonitas na história da democracia ocidental, Moro sumiu.
Junto com ele, foram-se os vazamentos de escândalos na imprensa. A última vez que se ouviu falar do juiz foi na coluna de Fausto Macedo no Estadão, num autovazamento temeriano.
No último dia 13, Moro, segundo Macedo, avisou a “interlocutores” que gostaria que a Lava Jato terminasse em dezembro (…)”
Pois é… E o pior é que não ficou por aí.
Na última terça-feira (27/4), a Lava Jato declarou, oficialmente, não só que vai terminar mesmo as investigações (após a aprovação do impeachment de Dilma na Câmara), mas que só aceitará uma coisa para continuar aceitando acordos de delação premiada.
Só que quem falou desta vez não foi Sergio Moro, mas o porta-voz do Ministério Público na Lava Jato, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, aquele que, em março, ameaçou me prender primeiro para só depois me processar por conta de a própria Lava Jato ter vazado sua 24ª fase e, por isso, eu ter publicado aqui no Blog que isso aconteceu.
Em entrevista à edição desta semana da revista Época, Santos Lima insinua que a investigação já alcançou seu objetivo e que, agora, só fará acordo de delação premiada se o delator tiver alguma coisa contra Lula para oferecer.
Claro que isso não é dito na matéria, mas o anúncio de encerramento da operação até o fim deste ano é tão escandaloso que permite inferir que seja essa a verdade por trás da entrevista revoltante que esse senhor concedeu à revista golpista da família Marinho.
Para ler a entrevista, clique na imagem abaixo – o post prossegue em seguida.
E por que é revoltante a Lava Jato vir agora dizer que vai parar as investigações até o fim do ano? Simples, porque há cerca de três meses os membros do MP na Operação garantiram, em reportagem da Folha de São Paulo, que a operação duraria “mais três anos”, ou seja, duraria até 2018.
Para ler a matéria, clique na imagem abaixo – e o post nem precisa continuar depois dela. Está comprovado que bastou os procuradores da Lava Jato atingirem seu objetivo golpista que já perderem o ímpeto investigativo que tinham três meses atrás.
Em primeiro lugar, não faz o menor sentido tratar como fato consumado a possibilidade de o Senado afastar a presidente Dilma Rousseff por 180 dias, abrir o processo de impeachment e colocar o vice-presidente Michel Temer na Presidência da República.
Isso pode acontecer? É óbvio que pode. As chances são grandes? São. É certeza que isso acontecerá? Não.
O mais provável é, sim, que os senadores optem por ao menos abrir o processo, o que deixará a presidente Dilma por seis meses olhando para o ar no Palácio da Alvorada. Mas quem acompanha política com olhos de ver sabe que está se consolidando a crença de que mesmo que Temer sobreviva a esses 180 dias do processo contra a antecessora, seu governo pode nem chegar ao fim devido aos seus problemas com a Justiça.
Contudo, neste momento, se não fosse o prejuízo para a democracia que derivaria da materialização do impedimento sem base legal de uma governante eleita legitimamente, em termos de estratégia política seria muito bom que Temer virasse presidente e se mantivesse no cargo até 2018.
Para entender a razão de tal afirmativa basta clicar na imagem abaixo e ler as 19 páginas do documento que o PMDB de Michel Temer divulgou em 29 de outubro do ano passado.
O PMDB de Temer publicou, seis meses atrás, um “programa de governo” para quando o golpe se consumasse, o que retira qualquer dúvida sobre a conspirata de que participam, a quatro mãos, Michel Temer e Eduardo Cunha desde o início do ano passado, quando a Câmara colocou um gangster para dirigir a Casa.
O que o PMDB – ou a tal “fundação Ulisses Guimarães”, ou seja, Temer e Cunha – chama de “programa de governo” é, na verdade, uma proposta sobre medidas econômicas contra a população mais humilde e a favor do grande capital.
Basicamente, o documento prevê, dissimuladamente, privatizações desbragadas culminando com entrega do Pré Sal, terceirização do trabalho assalariado com geração prática de redução de direitos trabalhistas e fim das políticas públicas que têm permitido distribuição de renda e redução da pobreza. Inclusive com pauperização do salário mínimo.
Trata-se, pois, de um programa feito para tirar de pobre e dar para rico.
A mídia prepara um discurso para sustentar esse massacre dos setores mais baixos da pirâmide social. Obviamente que atribuiria a Dilma e ao PT o empobrecimento da população que iria se acelerar crescentemente sob a batuta de Temer.
Contudo, na visão deste que escreve há sinais de que a população começa a perceber que os problemas que o país enfrenta decorrem menos de erros de gestão de Dilma e (muito) mais de sabotagem da economia pela direita através da Operação Lava Jato, que, como muitos já devem ter percebido, após a vitória do impeachment na Câmara entrou em hibernação.
Pesquisa Vox Populi, encomendada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), revela que Lula chega a liderar a corrida eleitoral de 2018 para presidente da República. O ex-presidente aparece com 31% as intenções de voto, com grande vantagem sobre qualquer adversário.
Cenário 1
Lula – 29%
Marina Silva – 18%
Aécio Neves – 17%
Jair Bolsonaro – 7%
Ciro Gomes – 5%
Ninguém/Branco/Nulo – 16%
NS/NR – 7%
Cenário 2
Lula – 31%
Marina – 23%
Aécio – 20%
Ninguém/Branco/Nulo – 19%
NS/NR – 7%
Entre dezembro do ano passado e abril deste ano, Aécio caiu 11 pontos percentuais (ele tinha 31% em dezembro e 23% em fevereiro), Marina subiu de 19% em fevereiro para os 23% atuais.
A aprovação ao impeachment de Dilma também caiu nas últimas semanas. Pesquisa Datafolha divulgada há cerca de quinze dias aponta que a taxa favorável ao impeachment dela encolheu de 68% para 61%.
Já o percentual daqueles que são contra o fim antecipado do mandato de Dilma subiu de 27% para 33%. O novo levantamento foi realizado entre os dias 7 e 8 de abril. A pesquisa anterior havia sido realizada nos dias 17 e 18 de março.
A pesquisa também mostrou que agora os eleitores também são contrários à possibilidade de Temer assumir a Presidência. 58% das pessoas se dizem favoráveis ao afastamento dele. Além disso, para 60% Temer deveria renunciar à vice-presidência. É o mesmo porcentual atribuído à Dilma Rousseff.
Diante de uma eventual saída de Dilma e Temer, 79% dos eleitores se dizem favoráveis à realização de novas eleições. Apenas 16% dos entrevistados são contrários a um novo pleito.
A proporção daqueles que acreditam que o governo Temer seria igual ao de Dilma Rousseff oscilou de 38% em meados de março para 37% agora. Já aqueles que esperam uma piora em relação ao governo da petista são 26% dos entrevistados contra 22% da última pesquisa.
Esses números não mudam o fato de que a maioria ainda reprova fortemente Dilma, Lula e o PT, mas mostram duas coisas:
1 – Apesar da artilharia contra os petistas e da aprovação do impeachment na Câmara, em vez de a imagem deles piorar ela está melhorando;
2 – Terá vida curta o discurso que pretende empurrar para os petistas a responsabilidade eterna pelo desastre social que sobrevirá da aprovação do programa peemedebista “ponte para o futuro”.
A degradação das condições de vida dos brasileiros será mais pronunciada a partir do hipotético governo Temer por conta não apenas das políticas públicas, mas, também, devido ao fato de que o golpe impedirá o fim da crise política.
Claro que a situação de alta do desemprego iria dificultar, inicialmente, a eclosão de greves, mas o aumento da carestia e a supressão acelerada de direitos trabalhistas trabalharia em sentido diametralmente oposto.
Além disso, como já se sabe o PSDB pretende se associar formalmente a essa aventura golpista, indicando ministros. Quem se associa a tal enormidade haverá de ter dificuldade em abandonar o barco quando ele começar a afundar.
Está sendo preparada uma festança pseudo democrática para comemorar a provável – porém, ainda não inevitável – materialização do golpe. Frases de efeito do governo “de facto” tentariam criar um clima de “agora, sem Dilma, vai”.
Falta combinar com os russos.
A depressão acelerada das condições sociais que virá por aí, se a aventura golpista se consumar, é um fator que tem que ser separado, neste ponto, e colocado na prateleira para uso antes que o texto termine.
O que ocorre é que entre a militância pró governo há um clima de frustração que tem lá suas justificativas, mas que, mais uma vez, vai de encontro ao meu ponto de vista. Anteriormente, julguei que a situação era mais difícil do que parecia, mas, neste momento, julgo que as previsões catastróficas que estão sendo feitas sobre o pós golpe são exageradas e não deverão se materializar por conta daquele fator que coloquei na prateleira para uso posterior.
Preveem que Lula não conseguirá disputar a eleição de 2018 porque, sabendo de sua força política, tratarão de prendê-lo sob alguma desculpa ou de condená-lo sumariamente para que caia na lei da “ficha limpa”, impedindo-o de se candidatar.
O pânico é ainda maior. Muitos acreditam que, tal qual ocorreu após o golpe de 1964, as eleições previstas para daqui a dois anos não se realizarão. E que talvez o país só retorne à democracia em 2022.
Vamos, então, buscar aquele pote de esperança que coloquei na prateleira. Abrindo-o, encontramos um remédio eficaz para tentações autoritárias: trata-se de uma substância democrática conhecida como POVO.
Enquanto a ditadura implantada em 1964 conseguiu manter o povo esperançoso com o “milagre econômico”, foi fácil fazer esse povo se conformar com a falta de eleições, com a falta de democracia. Mas não há regime que segure o povo quando este se revolta.
As manobras da ditadura no Legislativo conseguiram impedir a volta da democracia por algum tempo quando o povo passou a exigi-la (Diretas Já), mas foi por muito pouco tempo. E isso ocorreu em um regime autoritário assumido, em uma ditadura violenta que prendia e matava quem quisesse sem julgamento, sem juiz, sem júri.
Não chegamos a tanto. O Brasil não poderá abrir mão da democracia nesse nível. O regime afundaria sob pressão interna e externa. Não há mais espaço para abolir eleições.
Podem prender ou impedir Lula? Talvez. Se o Judiciário chegar a esse ponto, porém, com o povo querendo Lula, podem ter certeza de que ele elegerá em seu lugar quem quiser. De novo. Bastará que a maioria se convença lá adiante de que tudo que está acontecendo hoje foi um golpe, foi sabotagem para tirar do poder um governo popular e colocar um governo para ricos.
Não se desespere, não desacredite da democracia, não perca fé na verdade. Há mais de uma década que escrevo regularmente nesta página que a verdade é uma força da natureza como o vento ou a chuva. Tentar contê-la é como tentar reter água entre mãos em concha. A verdade escapa por entre os dedos de quem tenta contê-la.
É uma daquelas situações incompreensíveis a forma como algumas pessoas estão tratando o episódio envolvendo o ator global José de Abreu e um (aparentemente) jovem casal na semana passada.
O caso é extremamente simples. Qualquer pessoa com olhos e ouvidos em funcionamento é capaz de entender exatamente o que ocorreu entre as pessoas supracitadas. Porém, entre o fato e a versão há sempre uma zona nebulosa que permite aos espertalhões distorcerem a verdade.
Para entender o que aconteceu não é muito difícil. Basta rever o episódio, gravado em vídeo e reproduzido à exaustão na internet. Porém, o vídeo que você verá a seguir é diferente dos outros. Teve áudio e definição aumentados.
Está tudo muito claro. Um casal (José de Abreu e sua mulher, Priscila Petit) está jantando calmamente em um restaurante. A parte masculina do casal é um ator consagrado. Não exerce cargo público, vive de seu trabalho como ator na maior emissora de televisão do país.
Abreu é simpatizante do Partido dos Trabalhadores e não esconde a sua opinião política de ninguém. Apaixonado por política, trava debates homéricos na internet. Mas não tem qualquer relação formal com administrações petistas.
Outro personagem dessa história é a lei Rouanet. Trata-se de uma lei federal de Incentivo à Cultura (Lei nº 8.313 de 23 de dezembro de 1991), sancionada pelo então Presidente Fernando Collor de Mello.
A lei Rouanet, portanto, tem um quarto de século de existência. Não foi criada pelos governos do PT e permite que empresas abatam do imposto de renda valores (até um limite) que investirem em produções culturais.
Ao contrário do que pensam os fascistas que acusam e agridem qualquer um que divirja deles politicamente, a lei Rouanet não dá dinheiro público para ninguém e quem recebe seus recursos não é um ator, mas o produtor de um filme ou peça de teatro.
Muito bem. Abreu jantava com a esposa quando começou a ser insultado por um casal na mesa contígua à sua em um restaurante de São Paulo. Foi chamado de “safado”, de “ladrão da lei Rouanet” e sua esposa foi chamada de “vagabunda” pelos agressores.
O que motivou a agressão desse casal foi a opinião política do ator. Ou seja: o casal agressor viu o homem jantando com a esposa e se julgou no direito de insultá-lo dessa maneira, fazendo acusações desse calibre, provavelmente sem nem saber o que é a lei Rouanet.
A reação previsível de um homem que é tratado dessa forma e vê esposa, mãe, filha ou irmã sendo tratada de forma ainda pior dificilmente seria a de não dar bola ou contemporizar. Parcela expressiva de pessoas do sexo masculino, aliás, teria reação violenta.
Abreu, tomado pela indignação, cuspiu no agressor.
Eis que surge um movimento dos grupos antipetistas que atuam na internet querendo anular, fazer sumir a causa de Abreu ter cuspido no casal que o agrediu e à sua esposa.
Uma jornalista petefóbica espertinha que escreve no portal IG decidiu perguntar a advogados se cuspida é crime. Submeteu a eles a pergunta sem expor a situação completa. Apenas perguntou se cuspir em alguém é crime.
Os advogados em questão opinaram que cuspir em alguém é crime. Porém, não levaram em conta que a cuspida hipotética que lhes foi apresentada não é a que ocorreu com Abreu.
O ator não saiu pelo restaurante buscando alguém em quem cuspir gratuitamente nem cuspiu apenas por uma divergência de opinião. Cuspiu por ter sido chamado de “safado” e “ladrão” e por sua mulher ter sido chamada de “vagabunda”.
Mas como os fascistas querem colocar a situação nesses termos – de que José de Abreu cuspiu no casal só por uma mera divergência de opinião -, tomemos em conta – vá lá – essa mentira hedionda.
Então, se Abreu cometeu um crime, uma violência inominável contra esse pobre casal, se está tão claro assim que essa cuspida constitui crime, onde é, diabo, que estão os agredidos? Por que não estão dando entrevistas à imprensa, relatando a “agressão” que sofreram, dando a própria versão dos fatos?
Alguém acredita que lhes faltaria espaço? Alguém acha que a mídia tucana não teria o maior prazer em dar todo espaço do mundo aos agressores de Abreu a fim de pintar o ator “petista” como um agressor sujo que cospe em quem discorda dele?
Alguns dirão que os fatos verdadeiros explicam por que esse casal simplesmente sumiu da face da Terra. Afinal, esse homem e essa mulher agrediram Abreu e sua esposa e a cuspida que os agressores levaram do ator constitui o que a lei chama de “retorsão imediata à injúria”.
Explico: muitos juristas divergem dos dois advogados que disseram à jornalista antipetista supracitada que consideram que o simples ato de cuspir crime. Há corrente jurídica que acha que cuspir em alguém não constitui crime de agressão física, mas injúria, um dos crimes contra a honra previsto no artigo 140 do Código Penal.
Ocorre que Abreu também foi vítima de crimes contra a honra. Além de injúria, foi vítima de calúnia e difamação objetivas contra a sua honra – há calúnias e difamações subjetivas, que se fazem por meio de insinuações e também são puníveis (alô, trolls do Blog).
Segundo o jurista Pedro Serrano, professor de Direito Constitucional da PUC-SP, o que houve foi o que a lei chama de retorsão imediata à injúria. Serrano também opina que cusparada não é crime de agressão física porque não causa lesão ao alvo. Cusparada é uma agressão moral, uma injúria.
Trocando em miúdos: Abreu e sua esposa foram agredidos verbalmente, caluniados e difamados. Se forem processar os agressores ou se por eles forem processados, o juiz provavelmente irá determinar que cada um fique com o seu prejuízo porque um agrediu e o outro retorquiu.
Ainda assim, os agressores de José de Abreu poderiam bater na tecla de que foram vítimas de violência física por parte dele – tentariam equiparar a cusparada a um soco no nariz, por exemplo. Do jeito que a Justiça anda antipetista, vai que cola…
Mas nada, o casalzinho fascista não dá as caras.
Houve quem identificasse a parte feminina desse casal. Segundo o famoso antipetista Roger Rocha Moreira, vocalista do grupo musical Ultraje a Rigor, a mulher do casal que agrediu Abreu é uma ex-modelo (?) chamada Anna Claudia del Mar.
No sábado, o Blog chegou a acessar a página dela no Facebook. Porém, nesta segunda-feira o perfil da “ex-modelo” naquela rede social foi apagado. Em uma busca na internet, descobre-se que ela tem um perfil na rede social Linkedin. Ou melhor, tinha. Porque também foi apagado.
Fonte do Blog que atua em um grande jornal paulista explica a perda de ímpeto militante desse casal fascista após o ímpeto agressor inicial. O tal “advogado” que agrediu José de Abreu estava no meio de uma traição à esposa, que não pode saber que que ele jantava com outra mulher no dia em que ambos decidiram dar vazão ao próprio fascismo.
Não é hilariante?
*
PS: o ator pornô Alexandre Frota ameaçou de violência o ator José de Abreu através de vídeo postado na internet e ainda o injuriou pesadamente. Fez isso por Abreu ter se defendido de uma agressão. Abreu pode não apenas processar frota pelo vídeo como, também – e principalmente – registrar uma notícia-crime por ameaça de violência física. Confira a ameaça no vídeo abaixo.
Preso por golpe contra o Banco do Brasil, Ruy Muniz enganou eleitores dizendo que foi por “resistência à ditadura”; vejam o vídeo
por Conceição Lemes
A hipocrisia despudorada da deputada federal Raquel Muniz (PSD-MG), na sessão da Câmara de 17 de abril de 2016, jamais será esquecida.
Ao proferir o 303º voto a favor da abertura do impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff, a saltitante parlamentar afirmou:
“Meu voto é em homenagem às vítimas da BR-251. É para dizer que o Brasil tem jeito, e o prefeito de Montes Claros mostra isso para todos nós com sua gestão.
O meu voto é por Tiago, David, Gabriel, Mateus, minha neta Júlia, minha mãe Elza. Meu voto é pelo Norte de Minas, é por Montes Claros, é por Minas Gerais, meu voto é pelo Brasil.
Sim, sim, sim, sim, sim, sim…”
Foram 35 segundos de glória, que, menos de 12 horas depois, desabaram nas páginas policiais.
O prefeito de Montes Claros, Ruy Muniz (PSB), que é seu marido, foi preso pela Polícia Federal (PF) na manhã da última segunda-feira, 18 de abril, na operação Máscara da Sanidade II – Sabotadores da Saúde. Além de Ruy Muniz, foi presa a secretária de Saúde do município, Ana Paula Nascimento.
Ruy Adriano Borges Muniz e Ana Paula Nascimento são acusados de fraude na gestão pública de Saúde.
Eles teriam retido recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) destinados a quatro hospitais filantrópicos e públicos da região, para beneficiar um privado, o Hospital das Clínicas “Mário Ribeiro”, que é do prefeito.
Na coletiva de imprensa após a prisão, os delegados da PFdisseram que:
* o prefeito denegria a imagem de hospitais públicos e filantrópicos da região, inclusive utilizando veículos de comunicação da região, para favorecer o seu hospital;
* ele [o prefeito] alegava que os hospitais devidamente credenciados e que deveriam receber repasses não estavam cumprindo os requisitos básicos e exigências da lei para que os recursos fossem repassados. Ao invés de adotar outras medidas para que o serviço fosse prestado da forma adequada, sem sacrificar a saúde financeira do hospital, ele simplesmente não repassava o recurso e deixava que as unidades passassem dificuldades e não conseguissem atender a demanda da sociedade. Foi identificado que em alguns casos, recursos provenientes do SUS estavam sendo desviados em detrimento dos hospitais credenciados para favorecer um hospital particular;
* o município reteve R$ 16,5 milhões, que seriam destinados as quatro unidades hospitalares, e que atendem mais de 1,6 milhão de pessoas por mês e que, portanto, foram afetadas. Segundo as investigações, apenas em outubro de 2015, 37 mil procedimentos deixaram de ser feitos.
Ruy Muniz deve responder pelos crimes de falsidade ideológica majorada, dispensa indevida de licitação pública, estelionato majorado, prevaricação e peculato. Pode pegar até 30 anos de cadeia.
“Mais um moralista sem moral”, detona o deputado estadual Rogério Correia (PT-MG). “A fama do Ruy Muniz é de corrupto; ele não tem currículo, tem ficha corrida.”
O jornalista Luís Carlos Gusmão, do blog Em cima da notícia, de Montes Claros, denuncia aoViomundo: “O Ruy Muniz vive praticando golpes. O primeiro, em 1987, foi o roubo do Banco do Brasil; ficou preso durante 14 meses”.
O GOLPE CONTRA O BANCO DO BRASIL: R$ 12 MILHÕES EM VALORES ATUAIS
A atual prisão é a segunda na vida de Ruy Muniz. A primeira foi, mesmo, em 1987.
O golpe aconteceu em 4 de maio de 1987. Resultou num desfalque de Cz$ 39,45 milhões (a moeda da época era o cruzado).
Em valores atuais seriam R$12 milhões.
Ruy Muniz, então com 27 anos e estudante de Medicina, e o bancário Setembrino Lopes Filho, arquitetaram e executaram o crime.
Naquela época, os pagamentos de prefeituras que tinham conta no Banco do Brasil eram autorizados por mensagem de telex. A prefeitura encaminhava um telex com sua senha e o banco realizava o pagamento.
Setembrino Lopes, que era funcionário do Banco do Brasil, conseguiu a senha da Prefeitura de Janaúba, município também no Norte de Minas.
Matéria de O Jornal, de Montes Claros, de 16 e 17 maio de 1987, dá detalhes. Segue um trecho:
Segundo o secretário de Segurança Pública, Sidney Safe da Silveira, o golpe começou quando Setembrino Lopes Filho conseguiu a chave secreta para liberação de ordem de pagamento da Prefeitura de Janaúba, no Banco do Brasil, número que varia diariamente.
A quadrilha alugou, então, um telex e, através dele, remeteu, no dia quatro de maio, ordem de pagamento usando o indicativo do Banco do Brasil de Janaúba para a agência da Savassi, em Belo Horizonte, para que fosse liberado o dinheiro para Luiz Roberto de Souza Marques; nome falso com o qual Ruy Muniz abriu conta em agência do Banco Real, na capital.
Quando a ordem chegou, o médicofoi ao banco da Savassi, com a identidade falsa, e de lá mesmo liberou “DOC” para sua conta no Banco Real.
Posteriormente, os membros da quadrilha dividiram o dinheiro em várias parcelas que foram aplicadas em diversos bancos de investimentos. Eles receberam desses bancos cheques endossados com os quais começaram a comprar dólares ao que seria a terceira fase da “lavagem” do dinheiro, após o que seria impossível localizar os criminosos.
Em um vídeo para a campanha a prefeito de 2012, Ruy deu sua versão do caso.
Disse que o golpe contra o BB tinha sido uma “ideia romântica de tirar dinheiro do governo de direita para ajudar os pobres”, foi “em nome de ideal”.
A narradora diz que “Ruy virou preso político e foi levado para um dos mais tenebrosos símbolos da ditadura”.
Contando apenas, é impossível acreditar. Ruy aposta na falta de memória e na desinformação dos eleitores em relação a esse período da história do Brasil. Abusa da boa fé deles.
O vídeo foi publicado no YouTube por um militante político, que se identifica como participante da resistência à ditadura militar, na década de 70, “indignado com as mentiras descaradas” do então candidato a prefeito Ruy Muniz.
Assista:
ESTELIONATÁRIO, SIM. PRESO POLÍTICO, NÃO.
“Essa história de preso político é a maior lorota. Foi a versão que o Ruy usou no calor do debate eleitoral para justificar o roubo do Banco do Brasil”, afirma Luís Carlos Gusmão. “Sua prisão não teve nada a ver com questões ideológicas.”
Ruy aplicou o golpe contra o BB em maio de 1987. A ditadura militar (1964 a 1985) já havia acabado. Um civil, José Sarney, estava na presidência da República.
Junto com vídeo, o militante político postou a seguinte mensagem:
Você, telespectador, acredita mesmo que Ruy Adriano Borges Muniz roubou para dar dinheiro aos pobres? Ou para combater a ditadura? Pois devia saber que o fato narrado (roubo do Banco do Brasil) na realidade ocorreu em 1987, quando a ditadura já havia acabado. Ruy Muniz, empresário do rendoso mercado da educação privada, está menosprezando o conhecimento de história do Brasil dos montesclarenses.
Como militante político que participou da resistência à ditadura militar, na década de 70, eu fico indignado com mentiras descaradas como esta deste autointitulado “ex-esquerdista romântico” que deu um golpe financeiro “para dar aos pobres”.
Os assaltos a bancos para financiar guerrilhas na luta contra a ditadura eram feitos por organizações políticas de esquerda. Isto aconteceu, de 1969 até meados de 1973. Os métodos podem ser questionados, mas jamais sua finalidade.
É esta confusão que o “profe$$or” quer fazer!
Quer estar no mesmo patamar daqueles que arriscaram ou deram a vida pelas liberdades democráticas. É totalmente diferente do desfalque de 1,34 milhão de dólares no Banco do Brasil, acontecido em 04 de maio de 1987, nas agências de Janaúba e Savassi, de BH.
Este foi um ato de um bandido de colarinho branco e seus 2 comparsas, para benefícios próprios. Ruy foi preso e confessou o crime. Não fez uma declaração sobre luta política. Até porque o Brasil vivia um momento de redemocratização, de debate da nova Constituição, promulgada em outubro de 1988.
Ele não conseguiria enganar ninguém. Ruy foi condenado, não como prisioneiro político como aqueles que lutaram contra a ditadura. Foi preso como estelionatário comum, pelo DOPS.
Através de mexidas políticas foi transferido para a cadeia de Montes Claros e posteriormente libertado, algum tempo depois, com o abatimento de alguns anos do que deveria passar na cadeia.
Coisas da (in)justiça brasileira.
– E o PT, o Lula, o que tem a ver com a história do golpe contra o BB? – quem assistiu ao vídeo deve estar se perguntando.
Nada. Nada. Nada.
Só que, malandramente, Ruy começa a sua fala no vídeo mencionando o Partido dos Trabalhadores e Lula. Uma tentativa óbvia de levar o eleitor incauto a crer que o golpe se deu na época em que ele estava no PT.
Por isso, aos fatos:
* Ruy ficou no PT pouco mais de um ano. Em 1982, lançou-se candidato à Prefeitura de Montes Claros e perdeu.
* No final de 1983, foi expulso. “Ele não se enquadrava no perfil do partido, naquela época mais à esquerda, linha definida por integrantes de pastorais da Igreja Católica”, afirma o blogueiro Gusmão.
* Ou seja, quando aplicou o golpe no BB, ele não tinha nada a ver com o PT há mais de três anos.
De lá para cá, Ruy já passeou pelo PDT, DEM, PRB e agora está no PSB:
* Em 1986, Ruy foi candidato a deputado estadual pelo PDT, mas não se elegeu.
* Em 2004, ele se filiou ao PFL, hoje Democratas (DEM), pelo qual se candidatou a vereador e foi eleito. Acusado de compra de votos, teve seu mandato cassado pela Justiça Eleitoral. Decisão posteriormente revertida.
* Em 2006, foi eleito deputado estadual, também com a acusação de compra de votos.
* Em 2008, candidatou-se a prefeito de Montes Claros, mas acabou derrotado.
* Em 2009, voltou a ocupar a cadeira de deputado estadual. Foi eleito líder do DEM na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
* Em 2010, candidatou-se a deputado federal, ficando na quarta suplência do DEM.
* Em 2011, deixou o DEM e filiou-se ao PRB, do qual foi presidente regional.
* Em 2012, foi eleito prefeito de Montes Claros pelo PRB, partido que trocou recentemente pelo PSB.
Ruy Muniz é frequentemente apresentado como empresário da educação. Ele é dono da Funorte, Faculdades Unidas do Norte de Minas, a partir da qual expandiu seus interesses no ramo.
É um dos investidores na Universidade Santa Úrsula, do Rio de Janeiro.
O prefeito preso também é dono do jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte.
“O RUY FAZIA E ACONTECIA E NADA OCORRIA COM ELE”
Ruy Muniz completará 56 anos no dia 2 de maio de 2016. A ficha corrida de suas burlas da lei ao longo da vida é grande.
O Viomundo não endossa o conteúdo de links que reproduz na Galeria dos Hipócritas, por não ter checado as informações neles constantes. Os reproduzidos abaixo são para facilitar o trabalho de investigação colaborativa com nossos leitores.
Trabalhamos com documentos oficiais sustentados por entrevistas. No pé deste post, você pode ver a denúncia completa e oficial contra Ruy no caso que o levou à cadeia pela segunda vez.
Agora, é fato. Está amplamente demonstrado que houve hipocrisia na declaração da esposa dele, a deputada Raquel: o modo de o marido dela governar Montes Claros não é demonstração de que o Brasil “tem jeito”.
Um único deputado estadual pode ter desviado dos cofres públicos mais de R$ 100 milhões nos últimos dez anos. Ruy Muniz (DEM) é suspeito de ter montado um esquema criminoso que utiliza da filantropia em benefício próprio e de familiares. Em sigilo, a Polícia Federal (PF), a Receita Federal, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e a Controladoria Geral da União (CGU) estão fazendo uma devassa nas empresas do deputado. Muniz nega a acusação e se diz vítima de uma perseguição política, já que é candidato à Prefeitura de Montes Claros.
O TEMPO teve acesso a documentos das investigações que mostram fortes indícios de envolvimento de Muniz. O esquema que ele teria montado tem ramificações em 22 Estados e tem como eixo a Associação Educativa do Brasil (Soebras). A entidade é filantrópica e mantém filiais espalhadas pelo país. Entre as instituições pertencentes à Soebras estão o Promove, a faculdade Kennedy e o Instituto Hilton Rocha.
Todas as investigações das autoridades foram baseadas em auditorias realizadas pelo Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) na Soebras. Os relatórios da Previdência e os inquéritos da PF mostram que Muniz utilizava a entidade filantrópica para sonegar impostos, desviar recursos públicos, fraudar licitações e cometer crimes eleitorais. Ele responde ou respondeu, por meio de suas empresas, a mais de 200 processos judiciais e é investigado em cinco inquéritos da PF — sendo que em um deles já foi indiciado. Integrantes das equipes de investigação estão convencidos de que Ruy Muniz estaria preso se não fosse o foro privilegiado que o protege, já que é deputado estadual.
Por ser uma entidade filantrópica, a Soebras está isenta do pagamento de impostos federais, estaduais e municipais conforme prevê o artigo 55 da lei 8.212/91. De acordo com as investigações, Ruy Muniz incluía na contabilidade da instituição várias empresas das quais é dono para sonegar os tributos que elas deveriam pagar. Ou seja, funcionários das empresas particulares de Muniz estariam recebendo pela Soebras. A entidade é suspeita ainda de ter contratado empresas ligadas a Muniz para a prestação de serviços que não teriam sido prestados. O deputado também é acusado de ter firmado convênios com o governo federal sem licitação ou com processo licitatório suspeito e de não ter comprovado alguns dos serviços prestados.
A Soebras é dirigida por Muniz e familiares, entre eles um irmão e sua esposa. A entidade não poderia ter um dono, de acordo com a Constituição Federal, por ser filantrópica.
Ruy Muniz, ao depor na CPI das Universidades Privadas, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj)
O relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a “má gestão” das universidades privadas Sociedade Unificada de Ensino Superior e Cultura (Suesc), Cândido Mendes, Gama Filho e UniverCidade, pediu o indiciamento de seis pessoas. O documento foi votado e aprovado nesta quinta-feira (18) na Alerj e será levado ao Congresso Nacional. (…)
Dentre os indiciados estão Candido Mendes e Alexandre Kazé, da Universidade Candido Mendes (Ucam), Márcio André Mendes Costa (ex-controlador do Grupo Galileo, que administrou a UniverCidade e a Gama Filho entre 2010 e 2012), Rui Muniz, da Universidade Santa Úrsula, e Igor Xavier e Rodrigo Calvo Galindo, do Grupo Kroton, que administravam a Sociedade Unificada de Ensino Superior e Cultura (Suesc).
“A importação se dirigia a um grupo de empresas que atua sobre as vestes da filantropia, mas com propósito de extrair lucros e de promoção social de seus gestores de fato”, disse o procurador geral da república, Marcelo Malheiros, durante coletiva de imprensa nesta segunda-feira (14), sobre a apreensão de equipamentos médicos supostamente comprados pelas associações sem fins lucrativos, Amas Brasil e Soebras. Os bens beneficiariam o grupo empresarial do prefeito Ruy Muniz e da esposa dele, deputada federal Raquel Muniz.
Os equipamentos, importados da Alemanha, são avaliados em R$ 9 milhões e estão retidos no Porto de Santos. O delegado da RFB [Receita Federal do Brasil], Gilmar Silva, explica que para que seja feita a importação toda empresa precisa estar habilitada no Sistema de Comércio Exterior, e, para comprar os bens, foi feito um pedido em nome da Amas, no valor de U$ 150 mil. Em tese, a entidade estaria livre de tributos por estar ligada à Prefeitura. Posteriormente, houve outro pedido, de valor ilimitado, com a justificativa de que a associação pegaria um empréstimo com a Soebras. (…)
Para o MPF, Ruy e Raquel utilizaram dos cargos públicos para “pressionar, intimidar e violar competências legais de auditores fiscais da Receita Federal. Com isso, objetivavam, de modo ilegítimo, facilitar e promover seus interesses econômicos”, por isso ambos respondem por ação de improbidade administrativa(…)
Os equipamentos apreendidos podem ter três destinos; leilão, doação ou incorporação ao patrimônio público.
Em nota, Ruy e Raquel Muniz negaram que sejam importadores dos equipamentos e disseram que a aquisição foi requerida pela Amas e Soebras. Informaram que as associações irão recorrer, assim que forem intimadas.
“A Amas/Soebras entrará com ação contra o delegado da Receita Federal por induzir a juíza ao erro. Outra ação será a denúncia do mesmo à Superintendência da Receita Federal. Quererem prejudicar uma entidade sem fins lucrativos, que trabalha sério em prol da educação e da saúde de Montes Clarose região”, diz a nota.
Quaisquer informação e/ou documentos aos quais nossos leitores tiverem acesso nos casos acima mencionados podem ser enviados por e-mail para galeriahipocritas@gmail.com. Agradecemos a colaboração.
SITUAÇÃO ELEITORAL COMPLICADA
A situação judicial da nobre deputada federal Raquel Muniz, esposa de Ruy, também é complicada.
Como nós já publicamos aqui, a Procuradoria Eleitoral do MPF de Minas Gerais pediu a cassação do registro ou do diploma de Raquel alegando “abuso de autoridade e de poder político, com uso da máquina administrativa em benefício de sua candidatura”. Ela e o marido correm o risco de se tornar inelegíveis por 8 anos devido a esse crime eleitoral.
Segundo a denúncia, Ruy montou esquema de captação de votos para a candidatura da mulher em 2014 prestando favores a pacientes de cidades distantes de Montes Claros, que não poderiam ser atendidos diretamente no sistema público de saúde do município. Teria sido uma espécie de fura-fila médico para garantir votos à esposa.
“Eu nunca imaginei que o prefeito acabasse preso. Até agora, o Ruy fazia e acontecia e nada ocorria com ele. Além disso, gozava de regalias com pessoas próximas da Polícia Federal”, observa o blogueiro Gusmão.
“Por exemplo, o atual corregedor da Prefeitura de Montes Claros é Geraldo Guimarães, delegado da PF aposentado recentemente. O secretário adjunto de Esportes, Antônio Eustáquio Gomes, o Toninho da Cowan, é sogro do atual delegado da Polícia Federal, o doutor Marcelo de Freitas. Sem falar no vereador Cláudio Prates, escrivão de Polícia Federal, aliado do prefeito Ruy Muniz.”
PS 1 do Viomundo: Diferentemente do que disse O Jornal, de Montes Claros, Ruy Muniz era estudante de Medicina em 1987, quando aplicou o golpe contra o BB, e não médico. Pesquisa no portal do Conselho Regional de Medicina do Estado de Minas Gerais (CRMEMG) revela que a inscrição dele na instituição como médico se deu em 1989. Em 2006, ela foi cancelada, não podendo mais exercer a medicina.
PS 2 do Viomundo: A Soebras é a entidade filantrópica do prefeito Ruy Muniz e da deputada federal Raquel Muniz envolvida nos escândalos. Entre os bens patrimoniais da instituição, constam três aeronaves — bimotor Sêneca, jatinho Embraer Phenom e um helicóptero Robinson 66.
Abaixo, foto do interior de uma dessas aeronaves durante viagem a Minas Gerais. À bordo, o presidente da Câmara, deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e a deputada Raquel Muniz. Ela (com a sua indefectível gravatinha) aparece atrás dele. Há suspeitas de que o jatinho teria sido usado para levar parlamentares para votar pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
Zé de Abreu solta o verbo no Faustão e desmente Diogo Mainardi
EDUGUIM
Sabe onde anda Diogo Mainardi, leitor? Não sabe? Já perguntou pros tucanos? Não? E pra algum marqueteiro de tucano, também não?
Bem, uma hora a gente, aqui do Blog, pergunta pra eles o que sabem do lugar onde Mainardi se esconde atualmente.
E onde ele anda é em um site com um nome idiota que transforma o que deveria ser trabalho jornalístico em pistolagem política contra o PT – e só contra o PT.
O tal site se diz “antagonista”; deveria ser “antagonista do PT”, ora.
A mando e financiado por quem mesmo é o trabalho desse site? Bem, isso é uma outra história que ainda será contada.
Por enquanto, vamos falar do padrão Mainardi de (falta de) qualidade. A última barrigada do ex “enfant terrible” de Veja se deu neste domingo.
Como você pode ver na imagem no alto da página, o “antagonistazinho” previu que José de Abreu iria se humilhar em rede nacional (no programa do Faustão – argh!) porque reagiu ao ataque de uma dupla de fascistas.
Não foi o que rolou. Zé de Abreu soltou o verbo no programa em tela, na noite deste domingo.
Além de reafirmar que não se arrependeu de ter reagido a um ataque fascista de que foi vítima na semana passada, ainda defendeu Dilma, Lula e criticou os petefóbicos em geral.
Confira no vídeo abaixo – meio ruim, mas foi o que deu pra arrumar – a nova barrigada do ex-pistoleiro da Veja, que, agora, atua como pistoleiro direto dos tucanos
Da entrevista concedida por Zé de Abreu ao Faustão, neste domingo, há um pequeno trecho que resume o que o apresentador — e possivelmente a própria TV Globo — acreditam ser “democracia” ou “liberdade de expressão”.
Num comentário, Fausto Silva disse que aquela entrevista, em si, era um exemplo de democracia, com a concessão de 30 minutos, “absurdamente”, para que Zé de Abreu expressasse suas opiniões políticas.
Fez a gente lembrar da Globo publicando seus índices de audiência nos jornais, no passado, como se equivalessem a votos — ainda que o público brasileiro não tivesse muitas escolhas, considerando o monopólio global obtido ao longa da ditadura militar.
Sim, a Globo tentava tirar sua legitimidade do Ibope como se fosse uma eleição, como se tivesse havido uma disputa limpa e igual entre as diversas emissoras para chegar à casa do telespectador.
Mais audiência, mais “votos”, mais legitimidade, diziam os anúncios da Globo.
É como se o crack “ganhasse eleição” pelo do fato de que vicia e mata mais.
Para nosso bem, agora o Jornal Nacional não seria capaz de apresentar seus 25 pontos de audiência como vitória esmagadora numa “eleição” popular.
Estamos livres dos anúncios, mas não da visão distorcida de democracia.
Se Faustão — ou a direção da Globo — decidiu conceder 30 minutos a um colega, por que o Jornal Nacional se nega cotidianamente a conceder direito de resposta aos que critica? Por que resume a opinião alheia a notas para cumprir o formalismo de que ouviu o outro lado? Por que não reproduz em seu noticiário o pluralismo da sociedade brasileira, do qual Zé de Abreu, Monica Iozzi e Letícia Sabatella são exemplos? Por que o jornalismo da Globo promoveu uma limpeza ideológica em seus quadros a partir de 2002?
Faustão expressou a visão de democracia da Casa Grande, algo fortuito, arbitrário, ao qual os adversários políticos têm direito desde que obedeçam as regras definidas pelos outros e se limitem ao tempo que lhes foi concedido.
Zé de Abreu foi muito além das explicações sobre as cusparadas que disparou em um restaurante de São Paulo. Teve a oportunidade de chamar Eduardo Cunha de “ladrão”, por exemplo (veja a íntegra no vídeo acima).
O ator também mencionou o episódio de ontem à tarde na avenida Paulista, quando houve confronto entre defensores do Pato e defensores da democracia, que organizaram um piquenique diante da TV Gazeta. O jornalista Pio Redondo, quando tentava proteger uma jovem de agressão, teve dois dentes quebrados por um agressor partidário do golpismo.
O fato de que a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo está empregando leões-de-chácara armados com paus e barras de ferro é MUITO preocupante, mas isso a Globo, indignada com cusparadas, pelo jeito ainda não acha digno de registro.
As fotos são do Mídia Ninja.
Nosso colaborador Adilson Filho viu a entrevista numa padaria de um dos lugares de maior risco para quem não concorda com a Globo, a Zona Sul do Rio:
Acabei de ver José de Abreu dando a sua versão sobre o ocorrido no restaurante.
Estava na padaria, junto a outras pessoas que também pararam para assistir. É incrível o que está acontecendo no país.
Os brasileiros, de um tempo pra cá, passaram a acompanhar a vida política como se fosse uma novela.
Foi assim que me senti, parado, junto a funcionários, clientes e o dono da padaria, vendo o personagem da semana se manifestar na telinha da TV.
Foi realmente impressionante a entrevista.
Ele falou sobre intolerância crescente, sobre combate à corrupção, sobre a quadrilha do PMDB, sobre a queda da ciclovia no Rio de Janeiro, sobre a quarta citação do vice-presidente Temer por delatores da Lava Jato, sobre a honradez da presidente Dilma… mas foi quando falou sobre a violência que sofreu, dizendo que uma mulher que chama a outra de vagabunda não merece ser chamada de mulher, que arrancou aplausos do auditório e foi fazendo o recinto esvaziar aos poucos.
Eu fiquei pensando sobre a reação dele ao ataque dos fascistas e consigo compreendê-lo totalmente.
Honestamente, não sei como reagiria, na hora, tendo que lidar com dois loucos descontrolados no meio de um jantar com minha família.
Ele cuspiu, poderia ter jogado a mesa no chão ou dado logo uma tapa no meio da venta do sujeito.
É sempre difícil prever uma reação sob forte impacto emocional. Mas acho que alguma lição temos que tirar, e temos de começar a pensar juntos, pois o país que essas pessoas estão moldando com esse golpe irá exigir de nós esse esforço coletivo.
Eu não acredito em diálogo com essa gente. Não existe.
Estamos falando de golpistas, de loucos alucinados que atacam à luz do dia em restaurantes e aeroportos, gente que está longe de ser ‘ingenuazinha’ ou (apenas) iludida pela mídia, como muitos pensam.
É gente que sabe muito bem o que quer, desde que o mundo é mundo. Mas também não acho que a única alternativa seja o enfrentamento físico e verbal.
Isso eu não acho mesmo, e vou lutar até o fim acreditando. Acho que temos de tentar construir juntos um “caminho do meio” para lidar com o fascismo que está aí.
A coisa já não é mais tão imprevisível assim, sabemos que a qualquer momento poderemos ser atacados, xingados, etc.
Nas ruas, creio que a melhor solução seja deixar falando sozinho, se estiver com os filhos dizer que está dando péssimo exemplo pra eles, tentar desconcertar, ou fingir que não está ouvindo mesmo.
Se for o caso, chamar uma autoridade. Em locais privados, como restaurantes, por exemplo, a coisa muda de figura.
Creio que a melhor atitude seja chamar o responsável e exigir a retirada do louco que não está sabendo se comportar civilizadamente.
Não sou eu que tenho que bater boca com um descontrolado desses, o restaurante é responsável por garantir minha integridade.
Fiquei vendo a entrevista até o final, sobraram eu, o gerente da padaria e um cara que esperava o amigo fazer a compra.
Eu percebia o tempo todo esse cara procurando o meu olhar, querendo demonstrar algo.
Fiquei na minha, apenas acompanhando o final da entrevista.
Quando Zé de Abreu falou sobre a ilegitimidade de Temer eu dei um risada como quem diz: é “isso aí mesmo”.
O cara estrebuchava, gritou algumas coisas para o amigo, olhava pra mim — e eu continuava fingindo que não o o via, olhos fixos pra cima.
Não é fácil, eu sentia que ele estava mexido, não acreditando que dentro de uma Padaria na Zona Sul da cidade alguém concordava com o que o seu “inimigo” falava.
Senti o quanto ele queria fazer de mim o seu inimigo também.
E se eu reajo, olho pra ele, ele manda uma letra qualquer — tudo podia descambar pra algo muito pior que o cuspe.
Eu já estava ali me preparando espiritualmente pra ser provocado e não reagir.
Como eu não olhei pra cara dele nem por um minuto, fingi que nem existia, talvez ele tenha desistido.
Eu resolvi escrever isso aqui por acreditar que esse pode ser um caminho: nem diálogo, nem porrada. É possível ignorar os fascistas sem baixar a cabeça.
E acho que, daqui pra frente, precisaremos todos aprender a fazer esse exercício coletivo, encontrar cada um o seu meio de não cair em provocação, mas se manter firme e ocupando os espaços com dignidade, para que a nossa sociedade não se transforme de vez naquilo que eles estão fazendo de tudo para transformá-la.