Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O Pentágono quer enlouquecer... os “jihadistas”! Acredite quem quiser

Copio aqui, então, o tal parágrafo, enterrado no meio da matéria, e que, se tivesse sido lido, faria os leitores saltarem, em pânico, das poltronas do domingo:
“Consideremos o que os especialistas norte-americanos em computadores estão fazendo pela internet, talvez o mais amplo paraíso seguro de terroristas, pela qual recrutam, levantam dinheiro e planejam ataques futuros em escala global.
Especialistas norte-americanos tornaram-se super eficientes no trabalho de forjar as assinaturas eletrônicas que a Al Qaeda usa para autenticar suas declarações e manifestos distribuídos pela rede, e postam ordens e instruções dirigidas aos militantes, algumas delas tão horrendas que, como o Pentágono espera, farão vacilar a convicção de jovens jihadistas, que ainda não se tenham decidido a abraçar definitivamente a causa; o plano do Pentágono prevê que, ante ordens para que executem ações tão terríveis, muitos jovens recuarão e se afastarão do movimento Jihad.”
Os itálicos são meus. Como os autores sugerem que façamos, espiemos por um momento por essa inacreditável, bizarra, pequena janela que se abre para o modo como o Pentágono pensa. Para começar, não se sabe onde trabalham esses “especialistas norte-americanos em computadores”. Talvez trabalhem no Pentágono, talvez em alguma sala do National Counterterrorism Center, mas, sejam quem forem e trabalhem onde trabalharem, a pergunta da semana, do mês, do ano é a seguinte: “Que diabo serão as tais “ordens e instruções” que distribuem, e que, de “tão horrendas”, “farão vacilar a convicção de jovens jihadistas, que ainda não se tenham decidido a abraçar definitivamente a causa”?
Mesmo que nossos especialistas em computadores fossem, de fato, capazes de convencer jovens muçulmanos ainda vacilantes a desertar de suas crenças jihadista – e eu não apostaria um vintém nas competências do Pentágono nesse campo –, o que estará acontecendo com jovens muçulmanos (e também velhos, por que não?), que absolutamente não sejam vacilantes e já se decidiram a abraçar definitivamente a causa... E que tomem como autênticas as ordens “horrendas” que recebam (do Pentágono), para praticar ações “tão terríveis”?!
É situação potencialmente Frankenstein – e só nos restam perguntas e mais perguntas. Que tipo de monstros os especialistas militares do Pentágono (especialistas em computadores) estão fabricando?
Outra pergunta: quem, exatamente, supervisiona o trabalho desses “especialistas” e as mensagens “horrendas” que saem da cabeça deles? (Deve-se supor que não escrevam em inglês; e todos sabemos que agentes realmente competentes nas línguas árabe, pashtum, dari e farsi – escritas! – são poucos no Pentágono, não estão todos no mesmo local e, assim sendo... Quem confere o que seja lá quem for realmente escreve?!)
Não podemos esquecer que já tivemos exemplo de programa semelhantemente alucinado, sem supervisão possível, que acabou sendo descoberto, chegou aos jornais revelado como escândalo e resultou na morte – real, não cenográfica – de pelo menos dois agentes da Polícia de Fronteira dos EUA, além, é claro, de muitos mexicanos.
No final de 2009, a Agência Federal do Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos lançou um hoje infame programa de rastreamento de armas no Arizona, chamado “Operação Rápidos e Furiosos” (referência a uma série de filmes sobre carros e disputas de ‘rachas’ urbanos). O objetivo era rastrear as armas que os cartéis de drogas vendiam através da fronteira; para tanto, o programa fez circular pela fronteira armas reais; como depois se soube, mais de 2.000. Segundo o Washington Post, os agentes da polícia de fronteira “receberam instruções para não agir nem questionar [os contrabandistas de armas], e deixar as armas serem levadas, com o objetivo de descobrir para onde iam”. Foi exatamente o que os agentes fizeram durante mais de um ano, até que se descobriu – e não se sabe quem ainda não sabia disso – que as armas “chegaram às ruas” e às piores mãos imagináveis.
Jon Stewart, no programa Daily Show, levantou problema interessante: “Se o Plano que a Agência Federal de Armas de Fogo aprovou para impedir que armas norte-americanas caiam na mãos dos cartéis de droga é fornecer armas americanas aos cartéis de droga... Queria saber, por favor: Que planos eles rejeitaram?”
Pode-se fazer a mesma pergunta também sobre o programa anti-jihadismo do Pentágono, que envolve mensagens que, supostamente, devem soar ‘extremistas demais’ aos ouvidos de jovens muçulmanos, a ponto de levá-los a abandonar o movimento. Não seria hora de alguém tomar providências para saber que ‘ordens’ horrendas o Pentágono anda distribuindo para jihadistas?
O que, diabos, os tais “especialistas” estão mandando os jihadistas fazerem? E se, em vez de levá-los a desistir da causa, as ordens “horrendas” forem tomadas ao pé da letra? Afinal, se os jovens jihadistas são pressupostos “confusos e contráditórios”, nada impede que tomem as “ordens horrendas” como... perfeitamente exequíveis e, mesmo, altamente recomendáveis para imediata execução! E se isso acontecer, e os jihadistas interpretarem as ordens de modos não previstos pelos seus mandantes do Pentágono... E se alguém morrer numa dessas “ações horrendas”? E mesmo que em alguns casos funcionem como o Pentágono prevê que funcionem, o que impede que as mesmas mensagens funcionem diferentemente, noutros casos? E o que impede, por exemplo, que algumas daquelas “ordens horrendas” sejam horrendas a ponto de ordenar ações contra norte-americanos?
Não há dúvidas: alguém deve imprimir aquele parágrafo de Schmitt e Shanker num cartaz gigante e colar num muro que se veja do Capitólio, até que alguém exija ampla investigação do ‘programa’ do Pentágono para jihadistas jovens. Se já aconteceu no Comitê de Armas de Fogo, por que não aconteceria também no Pentágono? Alguém consegue pensar em malversação mais completa, do dinheiro dos contribuintes? (...)
Não pensem em “contenção” nem em “detenção”. Pensem em receber o troco, pelo que os EUA estão fazendo ao mundo. E se algum dia descobrirmos que “especialistas em computadores” a serviço do Pentágono e sob ordens do Pentágono podem ser os responsáveis por algum ataque “horrendo” contra nós mesmos?


Nota dos tradutores


11/8/2011, Tom Engelhardt, Tom Dispatch
Aug 17, 2011 Asia Times Obline,
Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu

Inclua o que você lerá adiante na categoria dos parágrafos de jornal que ninguém leu, mas que, se lidos, poriam a nação de cabelos em pé. É parágrafo para provocar calafrios nos políticos, disparar os alarmes de incêndios e catástrofes e ‘ameaças’, e seria excelente motivo para que os deputados e senadores mudassem de assunto e parassem, afinal, de fingir que discutem a ‘crise’ da dívida dos EUA.

Semana passada, dois repórteres do New York Times, Eric Schmitt e Thom Shanker, publicaram matéria na Sunday Review daquele jornal sob o título “Depois do 11/9, uma era de espiões que são cozinheiros, funileiros, encanadores, pedreiros, carpinteiros, alfaiates e jihadistas”.[1] A matéria comentava os mais recentes avanços do pensamento do Pentágono sobre contraterrorismo: a teoria da “detenção” [orig. deterrence]. (Evidentemente, um amálgama de velhas ideias sobre “contenção” da Guerra Fria, com bomba atômica para destruir quem não se deixe “conter” e tenha de ser “detido”, requentadas pelos rapazes que habitam hoje, em tempos de Jihad, o prédio de cinco lados.) O artigo de Schmitt e Shanker é, como os leitores são informados em nota, adaptação de pesquisa que os repórteres estão fazendo para seu próximo livro, Counterstrike: The Untold Story of America’s Secret Campaign Against Al Qaeda.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A paz dos cemitérios

Quem optou por enfrentar a grande mídia durante a primeira década do século XXI pode ter uma surpresa a partir de 1º de janeiro próximo. A mídia tenta construir um pacto não escrito e não proferido com o governo Dilma Rousseff. E a proposta, para um projeto pessoal, não é nada ruim, mas para o projeto coletivo de país pelo qual votamos, é péssima.
Não se afirma, aqui, que Dilma aceitaria tal coisa. Mas a proposta existe e é tentadora. E muito simples: paz. O fim do bombardeio midiático – ou um arrefecimento até o nível de normalidade de cobertura de um governo por uma imprensa normal e não por uma facção política e ideológica como a que tenta, há quase oito anos, inviabilizar o governo Lula.
Em primeiro lugar, analisemos um dos muitos comentários do mesmo tipo que têm sido produzidos pelo colunismo de Globos, Folhas, Vejas e Estadões. No caso, de Eliane Cantanhêde, que disputa com Dora Kramer o título de colunista feminina mais tucana do mercado. Mas para não cansar o leitor com o tucanês da moça, reproduzo só o que interessa.
“(…) Dilma tem lá o jeito dela, diferente do de Lula. Quer menos improvisação, rompantes, tititi. Vai cobrar discrição. E só vai abrir a boca em questões de repercussão internacional quando tiver certeza (…).
Pois é, vejam só. Claro que Dilma se aproxima mais do aceitável para a elite branca paulista. Filha de europeus, “bem-nascida”, “bem-estudada”, quase doutora (só faltou defender a tese de doutorado), certamente conjugará verbos e dirá os plurais com maior acuidade. Além de ter nascido no Sudeste, é claro.
Enfim, além de “palatável”, ela tem a chance de, supostamente, fazer o Brasil avançar mais apenas não desencadeando um processo de regulação da nova mídia um único centímetro fora do que ditarem os barões da velha mídia. Dessa forma, o governo não perderia tempo com escândalos incessantes, fim de semana sim, fim de semana não.
Imaginem o que teria sido o governo Lula sem a sabotagem da mídia. Os mais pragmáticos dirão logo que teria sido melhor Lula condescender com a mídia e barrar qualquer tentativa de colocar ordem nessa bagunça que é a comunicação do Brasil. Mas não adiantaria. O ódio que sentem por ele é visceral, não decorrente, apenas, de interesses contrariados.
A mídia teme que o governo brasileiro, a exemplo do que fez o argentino, obrigue uma Globo a se desfazer de vários tipos de mídia que concentra – tevê, rádio, jornais e revistas, portais de internet… Teria que escolher um ou dois tipos e vender os outros. E vender mesmo, não entregar a laranjas. Haveria investigação. Seria como nos Estados Unidos, por exemplo…
Que escolha você faria, se fosse Dilma? Optaria por ter paz para tentar fazer um governo melhor e deixaria essa gente conservar o poder de controlar o país através da proteção ou da intimidação de políticos usando até concessões públicas ou concluiria que uma paz para governar como essa é, na verdade, a paz dos cemitérios?

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Mídia inventa “rupturas” entre Lula e Dilma

EDUARDO GUIMARÃES _ BLOG CIDADANIA

Nos últimos dias, em duas oportunidades a mídia andou divulgando declarações da presidente eleita, Dilma Rousseff, que, segundo esses veículos, sugeririam alguma espécie de ruptura com políticas de seu antecessor direto, o presidente Lula.
Declaração dada por Dilma em várias oportunidades durante a campanha eleitoral, sobre a iraniana Sakineh, ameaçada de pena de morte em seu país, tornou-se novidade após ser repetida pela presidente eleita nos últimos dias.
A sucessora do presidente Lula declarou-se contrária ao apedrejamento da iraniana e a mídia interpretou tal declaração – ao menos para o seu público – como se representasse “ruptura” da política externa do novo governo em relação ao anterior.
O mais impressionante na teoria que essa forma de noticiar uma não-notícia encerra é a premissa de que o governo Lula algum dia teria apoiado a forma bárbara de execução da iraniana, contra quem não se sabe, de fato, o que pesa, mas que de maneira alguma justificaria forma tão bárbara de punição.
E agora surge outra notícia com o mesmo viés, de tentar sugerir outra ruptura que Dilma estaria ensaiando em relação ao governo de seu mentor político.
Durante a campanha eleitoral, Dilma afirmou várias vezes ser contra qualquer tipo de controle sobre a mídia, no que diz respeito a cercear opiniões e críticas ao governo. Na última quarta-feira, a presidente eleita voltou a repetir algo que já dissera várias vezes nos últimos meses.
Dilma afirmou o que já afirmara e de novo mídia volta a dizer que isso representaria ruptura.
Segundo o jornal O Estado de São Paulo desta quinta-feira, “a presidente eleita, Dilma Rousseff, deu mostras mais uma vez de que, se decidir por enviar ao Congresso o projeto que cria o marco regulatório para as telecomunicações e radiodifusão, o fará sem qualquer previsão de controle de mídia”.
E para mostrar a suposta “ruptura” com o passado, o jornal ressalta que “Cerca de seis horas antes da manifestação de Dilma, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve uma reunião com o ministro da Comunicação Social, Franklin Martins. Recebeu do auxiliar um esboço da proposta que cria uma agência de controle do conteúdo de rádios e TVs.”.
A preocupação da mídia é a de que essa agência “substituiria a Agência Nacional do Cinema (Ancine), teria poderes para multar as emissoras que veicularem programação considerada – por ela mesma, por critérios subjetivos – ofensiva, preconceituosa ou inadequada ao horário”.
A parte mais engraçada é a de que uma agência de controle trabalharia sob critérios “subjetivos”, como se o trabalho da Anatel ou da Aneel dependesse dos humores dos dirigentes das agências.
Não há, no entanto, nenhuma garantia ou evidência concreta de que o governo Dilma promoverá mudanças na política externa ou que aposentará a regulação do setor de comunicação que, queiram ou não Estadão e companhia, ocorrerá.