Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista
Mostrando postagens com marcador Josias de Souza. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Josias de Souza. Mostrar todas as postagens

sábado, 4 de outubro de 2014

A resposta de Dilma será nas urnas


A primeira vez em que me dei conta da razão pela qual há tão poucas mulheres na política foi ao longo do mandato da ex-prefeita de São Paulo Luiza Erundina (1989 – 1993), que sucedeu o mandato do ex-presidente Jânio da Silva Quadros (1986 – 1989).
Erundina governou prioritariamente para o social. A intensidade de programas e medidas voltadas para a população mais pobre desagradou as elites paulistanas, que trataram de acionar sua máquina midiática de “desconstrução” moral.
Erundina foi massacrada pela imprensa paulista ao longo de seu mandato. Porém, por ser mulher, nordestina e, o que é pior, petista, em lugar das acusações de “corrupção” ou de “incompetência”, a principal arma usada contra si foi o deboche.
E deboche, contra mulheres, primordialmente se baseia na questão sexual – ela foi acusada de ser “sapatão”, o que, à sociedade paulistana da época, ao lado de ser “vagabunda” significava a morte moral para qualquer mulher.
A campanha contra Erundina foi tão virulenta que os paulistas preferiram escolher para sucedê-la ninguém mais, ninguém menos do que Paulo Maluf, que pariria Celso Pitta.
Após Maluf e Pitta implantarem uma genuína cleptocracia em São Paulo, com uma máfia de fiscais da prefeitura que chocou o país, deixando a capital paulista literalmente falida, mais uma vez os paulistanos chamaram uma petista para recompor as contas públicas.
Eis que, em 2000, Marta Suplicy se elege prefeita de São Paulo e retoma a profunda preocupação de Erundina com o social. Mais uma vez, os recursos gastos com o social desagradam a imprensa e a elite paulistanas e começa outra campanha de demolição moral.
Como na campanha contra Erundina, mais uma vez a questão de gênero se torna o mote. Eu 2003, Marta cometeu outro crime social, aos olhos da hiperconservadora sociedade paulistana: ousou separar-se de Eduardo Suplicy para se unir a outro homem.
Desta vez, outra pecha mortal para as mulheres brasileiras ignorou a vastidão de obras e programas de distensão social de Marta, a de “vagabunda”.
A partir dali, estereótipos com os quais as mulheres são acossadas se sucederam. Histérica, fútil etc. Marta tornou-se uma caricatura de si mesma e nunca mais se recuperou. Assim como Erundina foi derrotada por alguém como Maluf, em 2004 Marta foi derrotada por José Serra, que pariu Gilberto Kassab, quem, em 2012, viu São Paulo recorrer a outro petista para consertar os estragos da direita.
Fernando Haddad teve azar. Sua impopularidade, de 2012 para cá, foi edificada em cima das tais “jornadas de junho”, que exigiram dele o impossível após seis meses como prefeito. Contudo, sua popularidade já começa a se recuperar e nunca, jamais, foi alvo dos deboches que, em São Paulo, são tão eficientes contra mulheres fortes.
Haddad jamais foi alvo de deboches simplesmente porque é homem. Ninguém consegue citar um só deboche sexista contra ele ou contra qualquer espécime macho da política tupiniquim. Sem destruição moral em uma cidade moralista, deve se recuperar até o fim de seu mandato.
Quando Lula indicou Dilma Rousseff para sucedê-lo, preocupei-me. Ser mulher e petista continua não sendo uma boa combinação na política brasileira.
Claro que qualquer outro presidente petista teria sido alvo da campanha contra o PT que começou em 2012, quando o STF deu à direita os argumentos de que precisava para fazer a velhíssima campanha moralista contra a esquerda. Uma campanha que, inclusive, permitiu o golpe militar de 1964. Mas ser mulher ajudou a desconstruir Dilma.
A imprensa sabe usar muito bem o preconceito contra as mulheres. Principalmente quando são petistas. Em 2009, por exemplo, no UOL, um dos colunistas do portal publicou matéria em que achincalhava Dilma e Marta com epítetos “suaves” como “vadias” e “vagabundas”.


Em 2010, em pleno ano eleitoral, o mesmo UOL e o mesmo Josias publicam charge retratando a então candidata a presidente Dilma Rousseff como prostituta.


Essa é a imprensa que diz que Dilma “jogou sujo” contra Marina…
Ainda em 2010, a direita, valendo-se do fato de Dilma não ter um homem em sua vida – apesar de ser mãe e avó –, usou contra ela a mesma estratégia usada contra Erundina quase vinte anos antes: acusou-a de ser homossexual e inventou até uma “amante” para si.


A partir da desconstrução da imagem de Dilma no ano passado, o machismo contra ela tornou-se virulento. As redes sociais passaram a ser inundadas por montagens em que a presidente da República aparecia nua.
O uso do corpo nu de mulher idosa para o rosto da presidente fez sucesso entre uma legião de mulheres, inclusive, que compartilhavam essas imagens infames acompanhadas daquela indefectível onomatopeia para risadas histéricas, o odioso “kkkkkk…”
Uma das armas do machismo é o corpo nu de uma mulher. Se não estiver em forma, serve para ridicularizar; se estiver em forma, serve para acusações de promiscuidade.
Mas foi em 2014 que o machismo, a misoginia e a falta de escrúpulos contra a condição feminina de Dilma chegou ao máximo. Na abertura da Copa de 2014, na Arena Corinthians, em São Paulo, no “camarote VIP” do Banco Itaú, torcedores gritam “Hei, Dilma, vai tomar no cu”.
A imprensa se esbaldou com essa prova de falta de civilidade, apesar de dissimular. Bastaria não ter repercutido. Mas para “provar” como a presidente seria “impopular”, a Globo, e depois o resto da mídia, destacaram o fato, ainda que depois, vendo a má repercussão da atitude daquelas pessoas, tenham criticado.
Ora, bastava abafar o caso, em respeito às mulheres e à própria condição de chefe de Estado de Dilma. Mas noticiá-lo conferia verossimilhança à tese de que ela estava “acabada”, politicamente.
Dilma manteve, durante todo esse tempo – desde junho do ano passado, quando era massacrada nas manifestações –, uma postura altiva e corajosa. Jamais respondeu aos insultos, jamais perdeu a calma, jamais passou recibo.
Há cerca de um mês, a direita midiática já esfregava as mãos e salivava ante o sangue fresco de Dilma, que imaginava que seria vertido durante a eleição. Pela internet, o machismo, as piadas sexistas, as montagens infames usando a sexualidade de uma senhora sexagenária, mãe e avó, foram uma farra.
Eis que chegamos à véspera da eleição presidencial. Em algumas horas, após tantas humilhações, após tantas calúnias, após tanto machismo, finalmente Dilma responderá aos seus algozes, que terão que rezar para que ela não se reeleja em 1º turno.
Se existir justiça divina, Dilma encerrará essa eleição no próximo domingo. Mas, seja lá como for, seu alto favoritismo nesta reta final e sua condição de supremacia no segundo turno constituem a melhor resposta que essa grande mulher poderia dar.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Os bagrinhos de FHC: mensalão mineiro é só “caixa 2″ e “trensalão” é “de funcionários”

bagrinho
Inacreditável a cara-de-pau  de Fernando Henrique Cardoso, nesta entrevista a Josias de Souza, no UOL.
Ele admite que houve desvio de dinheiro no “mensalão” mineiro mas que lá foi “só caixa 2″.
No “trensalão” paulista, admite que houve corrupção, mas apenas “de funcionários”.
Mesmo quando um dos acusados de receber propina é Andrea Matarazzo, seu secretário de comunicação.
Bilhões e por anos a fio, durante os governos tucanos e foi só “bagrinho”.
Bagrinhos de milhões de dólares.
Bem, de qualquer forma, é um ex-presidente da República e presidente de honra do maior partido de oposição, afirmando que houve corrupção no Governo de São Paulo.
Mais, que pode ter havido formação de cartéis em seu próprio governo.
Mas não dá uma chamadinha na capa dos sites.
Viva a liberdade de imprensa…

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Nós criamos os Rafinhas Bastos


Ao insultar gente poderosa, o “comediante” da tevê Bandeirantes Rafinha Bastos talvez venha a sofrer alguma sanção de seu empregador, mas a sanha punitiva que ganha corpo por ele ter mexido com quem não devia se abate apenas sobre um dos muitos produtos de um sistema degenerado que reúne os produtores dessas “atrações” e um público que, em última instância, é o grande culpado pela existência desse tipo de “entretenimento”.
Se não, vejamos. Recentemente, o jornal americano The New York Times publicou matéria que dava conta de que o “comediante” Bastos é a personalidade mais influente do mundo no Twitter. Uma empresa que se dedica a estudar essa rede social apurou que o contratado da TV Bandeirantes, com seus milhões de “seguidores”, é a pessoa que mais influencia troca de mensagens entre tuiteiros.
As pessoas pagam para assistir aos shows de mediocridade, intolerância, insensibilidade e da mais pura canalhice de gente como o tal Bastos. Os programas da Band de que ele participa são os de maior audiência da emissora. Ou seja: esse sujeito não “existiria” se não existissem milhões de brasileiros que gostam de ver os mais fracos e discriminados sendo ridicularizados.
Há, no Brasil – mas não só aqui, claro –, uma perversão que seduz legiões: rir de mulheres “feias”, de deficientes físicos e mentais, de negros, de homossexuais, enfim, de todos aqueles que já são alvo de insensibilidade e perversidade no cotidiano por conta de suas características pessoais.
É simples entender por que esse pretenso “humorismo” explora tanto o filão dos socialmente desvalidos vendo o que acontece quando, por descuido, um desses mercenários da perversidade se esquece de que deve se concentrar só nos mais fracos e incomoda gente que tem como protestar e dar conseqüências aos próprios protestos e, nesse momento, é punido – em alguma medida, pois parece difícil que a Band abra mão de contratado tão popular.
Os figurões que se revoltaram com a piada de Bastos sobre estar disposto a “comer” Wanessa e o filho que ela leva no ventre devem ter rido de suas piadas de mau gosto quando não os afetaram. O ex-jogador Ronaldo, sócio do marido de Wanessa, até participou de “brincadeiras” do CQC, o programa que lançou esse “comediante” e que lhe deu sobrevida até quando defendeu o estupro de mulheres “feias”.
Porque esse é o conceito de humor que infesta a mídia. Que diferença há entre o que faz Bastos e o que fizeram o blogueiro da Globo Ricardo Noblat e o chargista Chico Caruso quando publicaram na internet, no último domingo, charge que debocha da aparência de uma ministra de Estado, a ministra Iriny Lopes, da Secretaria de Políticas para Mulheres? Veja, abaixo, o conceito de “humor” dessa gente.

Uma mulher madura que, como quase todas em sua faixa etária, evidentemente não pode se comparar com uma modelo internacional como Gisele Bündchen, do ponto de vista da forma física. Assim sendo, todas as mulheres dessa faixa etária que não ostentam corpos jovens e atraentes foram ridicularizadas.
Noblat e Caruso debocharam de suas mães, talvez das próprias esposas ou irmãs, além de tudo. Esse, aliás, foi o mote da mídia no caso da propaganda de lingerie da Hope: o deboche. Por puro partidarismo político e por interesses comerciais a mídia tratou com escárnio uma posição da Secretaria de Políticas para as Mulheres que reflete o desconforto de um setor da sociedade com a propaganda.
Esse comportamento, aliás, não é novo na mídia. Ano passado, quando a campanha eleitoral esquentava, o blogueiro da Folha de São Paulo (UOL) Josias de Souza, a exemplo de Noblat e Caruso – e no melhor estilo Rafinha Bastos –, acumpliciou-se ao chargista Nani para atacar outra mulher petista, a hoje presidente Dilma Rousseff, retratando-a como prostituta. Eis, abaixo, a “obra” desses degenerados.

No ano anterior, as mulheres petistas já eram alvo. Em fevereiro de 2009, o mesmo Josias de Souza publicou post com foto de Marta Suplicy e Dilma Rousseff sob uma legenda contendo os adjetivos “vadias” e “vagabundas”. Para quem não acredita, basta ver a reprodução daquilo, logo abaixo.
A culpa é desses mercenários que fazem de seus blogs ou de seus programas de televisão verdadeiros esgotos ( em que a mulher é uma das principais vítimas) ou é do público que dá audiência a eles? O jornalista americano Joseph Pulitzer disse, há mais de um século, que “Com o tempo, uma imprensa cínica, demagógica e corrupta formará um público tão vil quanto ela mesma”. Seu pensamento permanece atualíssimo.