Passeata com mais de 120 mil pessoas --a avaliação é da polícia-- avança nesse momento para a praça Sintagma no centro de Atenas** é a maior manifestação de protesto registrada desde o início do processo de arrocho fiscal na economia grega**população emite sinais claros e sucessivos de uma divergência inconciliável com a opção feita pelo governo Papandreu de privilegiar os banqueiros credores e escalpelar o país
** China desacelera (leia análise nesta pag)**
Criação de empregos no Brasil registra queda de 16,5% em relação ao total de vagas criadas no 3º tri de 2010*
Copom fixa hoje a nova Selic**
Passeta de mais de mil pessoas entre empresários e sindicalistas, ontem , em SP, após o lançamento do manifesto 'Mais empregos e menos juros'
Ministro do Esporte vai à Câmara defender-se de denúncias, repete acusação de 'bandido' contra policial detrator e pede à oposição 'racionalidade' para luta política não virar 'Tribunal de Nuremberg'. Após cancelar ida à PF por problema de saúde, João Dias Ferreira aparece de surpresa no Senado e faz acordo com oposição para depor. Proposta ainda precisa ser aprovada.
André Barrocal
BRASÍLIA – Alvo de denúncia de corrupção, o ministro do Esporte, Orlando Silva, voltou a se defender, nesta terça-feira (18), desta vez em depoimento na Câmara dos Deputados, onde repetiu que seu acusador seria “bandido”, a reportagem da revista Veja, uma “farsa” e dizendo-se vítima de um “tribunal de exceção”.
Mas o que era para ser mais um dia de contra-ataques isolados terminou de forma inesperada. O detrator do ministro, o policial militar João Dias Ferreira, que mais cedo deixara de depor à Polícia Federal (PF) alegando problemas pessois, parecia recuperado à tarde, foi ao Senado, reuniu-se com adversários do governo, garantiu ter provas contra Silva e fez um acordo: topa dar um depoimento público na Câmara na quinta-feira (20).
O ministro ainda não chegara à Comissão de Ficalização e Controle, quando a presença de João Dias no Senado estava sendo soprada por assessores da oposição a jornalistas que acompanhariam o depoimento de Silva. A informação teve o efeito de dividir as atenções de parte da imprensa entre acusado e acusador.
Ao falar à Comissão, Orlando Silva usaria mais uma vez palavras fortes, como já tinha feito em diversas entrevistas concedidas desde o fim de semana. Referiu-se outra vez a João Dias, alvo de processos judiciais e de cobrança de devolução de mais de R$ 3 milhões ao ministério, como “criminoso”, “bandido” e “delinquente”.
Reclamou de ter de se defender de acusações sem provas feitas em uma “reportagem falsa”. Declarou-se vítima de uma “inquisição moderna”, de um “tribunal de exceção” e de um “tribunal de Nuremberg”, que “tangenciam com o fascismo e o autoritarismo”. E fez um apelo: “Não há racionalidade no processo político? Até na guerra tem limite. Na luta política tem que ter também.”
Quando chegou a vez de os parlamentares de manifestarem, os governistas cumpriram o esperado. Os líderes dos dois maiores partidos do Congresso apoiaram o ministro. “A reportagem confronta a Constituição, a presunção de inocência, e o condena liminarmente”, disse Paulo Teixeira (SP), do PT. “Ele [João Dias] diz ter gravações mas se omitiu, fugiu da luta e do jogo”, afirmou Henrique Alves (RN), do PMDB.
Acordo surpresa
A “omissão” mencionada por Alves referia-se ao não comparecimento de João Dias à PF, aonde o próprio havia se comprometido espontaneamente, na véspera, a ir depor. Por isso, foi com estranheza que Alves reagiu, quando os líderes dos três principais partidos adversários do governo – Duarte Nogueira (PSDB-SP), Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA) e Rubens Bueno (PPS-PR) - chegaram a comissão e começaram a relatar reunião que haviam tido com João Dias por mais de uma hora e meia, no Senado.
“O depoimento dele é absolutamente estarrecedor. Traz detalhes e informações que não constam na imprensa, provas materiais inegáveis que precisam ser do conhecimento do Brasil”, disse ACM Neto. “Ele teme pela integridade física, pela maneira como vem sendo ameaçado”, afirmou o tucano.
No encontro com a oposição, o PM disse possuir gravação que incriminaria Orlando Silva - uma reunião que ele, João Dias, teria mantido com um secretário do ministério. Depois, à imprensa, disse que a gravação vai aparecer no tempo certo e que “vão surgir diversos documentos que em breve vão provar essa situação [esquema no ministério].”
À oposição, João Dias contou que a gravação será objeto de uma nova reportagem da revista Veja, no próximo fim de semana.
Oposicionistas de boa vontade
Feito o acordo com o PM, os líderes oposicionistas optaram pela tática do sangramento de Orlando Silva. Abriram mão de questionar o ministro, argumentando que só podem fazê-lo de forma adequada depois do depoimento público do PM. Não sabiam que alguns de seus correligionários haviam mostrado boa vontade com o ministro durante a sessão.
“Estou acostumado a ouvir bandido. Não vi nos seus olhos [do ministro] alguém que pegou dinheiro”, dissera o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR), que é delegado da Polícia Federal. Também tucano, Vanderlei Macris (SP) afirmara acreditar que o ministro vai acabar perdendo o cargo, mas lhe deu o benefício da dúvida. “Do outro lado, quem fala não tem nenhuma estrutura moral.”
Os governistas não demonstraram disposição de aprovar a ida de João Dias à Câmara, proposta que será votada nesta quarta-feira (19). Acham que a ideia não passa de uma tentativa de chantagem de PM aliada à tentativa oposicionista de sangrar o ministro e desgastar o governo. Mas vão estar numa posição delicada de barrar um personagem que tem despertado tanto interesse jornalístico.
“A acusação é injusta. Se ele quer palanque, que procure outro lugar”, disse o líder do PCdoB, Osmar Júnior (PI). “É no mínimo esquisito ter a gravação e não ter apresentado ainda”, afirmou o líder do governo, Cândido Vaccarezza (SP), para quem o caso está encerrado.
Mais explicações
Para Orlando Silva, porém, o caso ainda não está encerrado. Depois de quase quatro horas de audiência, o ministro ainda topou dar mais uma entrevista coletiva à imprensa, na própria Câmara. O assunto principal seria uma notícia surgida ao longo do dia, na internet: a compra, pelo ministro, de um terreno de R$ 370 mil em Campinas sob o qual passariam dutos da Petrobras.
A notícia deixava no ar a suspeita de que Silva não tinha dinheiro para a aquisição e que se beneficiaria com futura desapropriação da Petrobras. Em nota oficial, a Petrobras disse que não haverá desapropriação. E, na entrevista, Orlando Silva afirmou que foi uma compra regular e que se trata de sua única propriedade.
O ministro voltará ao Congresso nesta quarta (19) para dar explicações, agora no Senado.
Mas o que era para ser mais um dia de contra-ataques isolados terminou de forma inesperada. O detrator do ministro, o policial militar João Dias Ferreira, que mais cedo deixara de depor à Polícia Federal (PF) alegando problemas pessois, parecia recuperado à tarde, foi ao Senado, reuniu-se com adversários do governo, garantiu ter provas contra Silva e fez um acordo: topa dar um depoimento público na Câmara na quinta-feira (20).
O ministro ainda não chegara à Comissão de Ficalização e Controle, quando a presença de João Dias no Senado estava sendo soprada por assessores da oposição a jornalistas que acompanhariam o depoimento de Silva. A informação teve o efeito de dividir as atenções de parte da imprensa entre acusado e acusador.
Ao falar à Comissão, Orlando Silva usaria mais uma vez palavras fortes, como já tinha feito em diversas entrevistas concedidas desde o fim de semana. Referiu-se outra vez a João Dias, alvo de processos judiciais e de cobrança de devolução de mais de R$ 3 milhões ao ministério, como “criminoso”, “bandido” e “delinquente”.
Reclamou de ter de se defender de acusações sem provas feitas em uma “reportagem falsa”. Declarou-se vítima de uma “inquisição moderna”, de um “tribunal de exceção” e de um “tribunal de Nuremberg”, que “tangenciam com o fascismo e o autoritarismo”. E fez um apelo: “Não há racionalidade no processo político? Até na guerra tem limite. Na luta política tem que ter também.”
Quando chegou a vez de os parlamentares de manifestarem, os governistas cumpriram o esperado. Os líderes dos dois maiores partidos do Congresso apoiaram o ministro. “A reportagem confronta a Constituição, a presunção de inocência, e o condena liminarmente”, disse Paulo Teixeira (SP), do PT. “Ele [João Dias] diz ter gravações mas se omitiu, fugiu da luta e do jogo”, afirmou Henrique Alves (RN), do PMDB.
Acordo surpresa
A “omissão” mencionada por Alves referia-se ao não comparecimento de João Dias à PF, aonde o próprio havia se comprometido espontaneamente, na véspera, a ir depor. Por isso, foi com estranheza que Alves reagiu, quando os líderes dos três principais partidos adversários do governo – Duarte Nogueira (PSDB-SP), Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA) e Rubens Bueno (PPS-PR) - chegaram a comissão e começaram a relatar reunião que haviam tido com João Dias por mais de uma hora e meia, no Senado.
“O depoimento dele é absolutamente estarrecedor. Traz detalhes e informações que não constam na imprensa, provas materiais inegáveis que precisam ser do conhecimento do Brasil”, disse ACM Neto. “Ele teme pela integridade física, pela maneira como vem sendo ameaçado”, afirmou o tucano.
No encontro com a oposição, o PM disse possuir gravação que incriminaria Orlando Silva - uma reunião que ele, João Dias, teria mantido com um secretário do ministério. Depois, à imprensa, disse que a gravação vai aparecer no tempo certo e que “vão surgir diversos documentos que em breve vão provar essa situação [esquema no ministério].”
À oposição, João Dias contou que a gravação será objeto de uma nova reportagem da revista Veja, no próximo fim de semana.
Oposicionistas de boa vontade
Feito o acordo com o PM, os líderes oposicionistas optaram pela tática do sangramento de Orlando Silva. Abriram mão de questionar o ministro, argumentando que só podem fazê-lo de forma adequada depois do depoimento público do PM. Não sabiam que alguns de seus correligionários haviam mostrado boa vontade com o ministro durante a sessão.
“Estou acostumado a ouvir bandido. Não vi nos seus olhos [do ministro] alguém que pegou dinheiro”, dissera o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR), que é delegado da Polícia Federal. Também tucano, Vanderlei Macris (SP) afirmara acreditar que o ministro vai acabar perdendo o cargo, mas lhe deu o benefício da dúvida. “Do outro lado, quem fala não tem nenhuma estrutura moral.”
Os governistas não demonstraram disposição de aprovar a ida de João Dias à Câmara, proposta que será votada nesta quarta-feira (19). Acham que a ideia não passa de uma tentativa de chantagem de PM aliada à tentativa oposicionista de sangrar o ministro e desgastar o governo. Mas vão estar numa posição delicada de barrar um personagem que tem despertado tanto interesse jornalístico.
“A acusação é injusta. Se ele quer palanque, que procure outro lugar”, disse o líder do PCdoB, Osmar Júnior (PI). “É no mínimo esquisito ter a gravação e não ter apresentado ainda”, afirmou o líder do governo, Cândido Vaccarezza (SP), para quem o caso está encerrado.
Mais explicações
Para Orlando Silva, porém, o caso ainda não está encerrado. Depois de quase quatro horas de audiência, o ministro ainda topou dar mais uma entrevista coletiva à imprensa, na própria Câmara. O assunto principal seria uma notícia surgida ao longo do dia, na internet: a compra, pelo ministro, de um terreno de R$ 370 mil em Campinas sob o qual passariam dutos da Petrobras.
A notícia deixava no ar a suspeita de que Silva não tinha dinheiro para a aquisição e que se beneficiaria com futura desapropriação da Petrobras. Em nota oficial, a Petrobras disse que não haverá desapropriação. E, na entrevista, Orlando Silva afirmou que foi uma compra regular e que se trata de sua única propriedade.
O ministro voltará ao Congresso nesta quarta (19) para dar explicações, agora no Senado.
Fotos: José Cruz/ABr
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