Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quinta-feira, 22 de março de 2012

A Dilma está em “crise” ? A crise é do PMDB e no PiG (*) @@@ O carimbo de Dilma Rousseff nas negociações políticas

Antes de mais nada, amigo navegante, leia o excelente artigo da Maria Inês Nassif sobre como Dilma enfrenta a chantagem do PMDB e do PiG (*).

A partir daí, considere que o PiG (*) se lambuza no que chama de “crise“ da Dilma no Congresso.

A Folha (**), diz na manchete que “Base aliada retalia (sic) Dilma e impõe derrotas ao Governo”!

Aparentemehte, o Golpe deu certo: agora, a Dilma cai.

Na página dois, aquela colonista que disse que o Cerra era o mais consistente e se tornou especialista em assuntos do AR, descreve a “crise” como um “Dia de cão”.

Coitadinha da Dilma !

Não deve ter dormido essa noite.

A manchete do Estadão baba de alegria !

Até o Valor, o PiG-Chic, dedica três páginas do primeiro caderno à “crise”.

Qual é o tamanho da “crise”, amigo navegante ?

A votação da Lei Geral da Copa foi adiada.

O amigo navegante tem dúvida de que Lei da Copa será votada ?

Alguma Lei ?

Não, não é isso ?

Porque não haverá Copa sem uma Lei que ordene.

A menos que a Globo consiga transferir a Copa para o Haiti, como tentou transferir as Olimpíadas para Madrid.

Qual é o outro ingrediente da “crise” ?

A bancada ruralista quer votar o Código Florestal antes da Lei da Copa.

A Dilma não quer.

Que “crise” é essa ?

A Dilma e os ruralistas divergem.

Assim como os verdes (por falar nisso, o que tem feito a Blá-blá-rina ?) divergem dos ruralistas e da Dilma.

E daí ?

Quem vai ganhar, amigo navegante ?

Outra  “crise” é o Ministro da Fazenda ir ao Congresso falar sobre a situação econômica internacional.

E, segundo a Folha (**), “deverá ser questionado (sic) sobre as disputas no Banco do Brasil”.

“Disputas” que, certamente, se travam em termos muito mais elegantes dos que a do PSDB de São Paulo.

E daí, amigo navegante ?

Que “crise” é essa ?

Como diria a Inês Nassif, a Dilma pode governar até 2014, numa boa, sem precisar aprovar nada crucial no Congresso.

Daquilo que ela mais precisava, o Orçamento e o Fundresp – que vai arrumar as contas da Previdência – o Congresso já lhe deu.

O que está em jogo é que a Dilma resolveu desmontar a panelinha da chantagem.

Resolveu acabar com o toma-lá-dá-cá da Patricia Poeta, quer dizer, do PMDB e seus Varões da Moralidade – Temer, Wellington, Eduardo Cunha, Sarney, Henrique Alves, Padilha etc etc…

No próprio Valor, na pág A7, Raymundo Costa segue a trilha aberta pela Maria Inês Nassif e considera:  

Planalto aposta na renovação da maioria

Por Raymundo Costa | De Brasília


(…)


A nova orientação política do governo Dilma obedece a uma lógica cuidadosamente planejada e tem por objetivo formar uma nova maioria no Congresso, agregando setores de partidos aliados insatisfeitos com o governo àqueles que já compunham a coalizão governista de mais de uma dezena de partidos, a chamada base aliada. Dilma também quer inovar nos métodos e renovar lideranças. O exemplo que costuma ser dado é o do Senado, há vários anos com seus principais cargos controlados pela tríade formada pelos senadores José Sarney (AP), Renan Calheiros (AL) e Romero Jucá (RR), todos do PMDB. Na Câmara, ainda davam as cartas o chamado “grupo paulista” do PT, ligado ao ex-ministro José Dirceu e ao campo majoritário do PT.


Com a renovação, a presidente espera mudar práticas como o famoso toma lá, dá cá que costuma nortear muitas negociações no Congresso para a aprovação de projetos de interesse do governo. A própria Dilma talvez tenha sido quem melhor explicou o conceito por trás da ideia dessas mudanças, em discurso ontem no Rio de Janeiro quando falou sobre o “jeitinho” brasileiro. “Não tenho nenhuma dúvida que a maioria dos brasileiros cansou de conviver com práticas marcadas pela lassidão e com nossa fama do país do jeitinho”.


A presidente negou que estivesse criticando a flexibilidade do brasileiro. “Estou criticando o jeitinho”. Segundo Dilma, o brasileiro preza a ética e o respeito às regras. “Sei que o povo brasileiro sabe que sem regras, os primeiros que sofrem são os mais fracos”, afirmou. No que depender de seu governo, disse Dilma, o Brasil será país em que contratos, tratos, regras e acordos serão sempre cumpridos.


(…)


(Colaborou Francisco Goes, do Rio)



(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a  Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.
DEBATE ABERTO


Há uma aposta clara em que, ao escolher seus próprios interlocutores na base aliada, a presidenta conterá os movimentos de chantagem que têm sucedido de forma permanente a troca dos ministros vitimados por denúncias. E que existe espaço na agenda para correr esse risco.

Não parece aleatória a estratégia política assumida pela presidenta Dilma Rousseff (PT), desde que iniciou uma reforma ministerial em capítulos. A leitura que deve ser feita da ação de Dilma junto à base aliada (aí incluídas as escolhas ministeriais e de lideranças no Congresso politicamente mais afinadas com o perfil que quer dar às relações entre Executivo e Legislativo) é a de que ela bancou o risco de desarranjar uma coalizão montada pelo governo anterior, que também deu sustentação à sua candidatura, para fugir ao permanente impasse de demitir auxiliares indicados pelos partidos a cada denúncia de corrupção, e em seguida ser obrigada a se submeter à chantagem dos mesmos partidos para manter as pastas nas mãos dos grupos hegemônicos nas legendas. E, se correu o risco, é porque o governo avaliou que há espaço para tentar arranjos na base partidária, já que não existem questões urgentes a serem decididas pelo Congresso – a única, o Código Florestal, prescinde de uma enorme base de apoio, já que as posições individuais dos parlamentares estão muito consolidadas e a bancada ruralista é muito forte. Mantendo ou não os instrumentos tradicionais de negociação com a base aliada, o Executivo não teria nenhuma garantia de lealdade nessa questão.

Daqui para o final do ano, a gestão do Orçamento, com toda a flexibilidade que a lei dá ao governo, e as medidas para neutralizar os efeitos da crise financeira internacional sobre a economia têm mais relevância do que as matérias que tramitam no Congresso. O que é importante de fato esbarra em questões que transcendem acordos partidários – caso não apenas do Código Florestal, mas também da Reforma Política, onde uma decisão partidária não consegue se sobrepor aos interesses individuais dos parlamentares. Apenas o PT consegue fechar questão sobre o assunto.

Foram 11 os ministros substituídos até agora, mais dois líderes do governo – parte deles por baixa produtividade, outra parte vitimada por denúncias. Nesse último caso, a presidenta está tentando inverter a mão. Como a hegemonia dos grupos internos, nos partidos tradicionais, é definida pelo poder de troca desses grupos com o governo federal, está apostando que, ao subtrair influência desses líderes sobre a máquina administrativa e transferi-los a outros que estão hoje à margem das decisões partidárias, desequilibrará o poder interno a favor de pessoas mais comprometidas com o seu governo.

Ao substituir o senador Romero Jucá (PMDB-RR) por Eduardo Braga (PMDB-AM) na liderança do governo no Senado, ela não preteriu o maior partido da base de sustentação do governo, mas grupos internos que detinham há nove anos o monopólio das relações com o governo, especialmente os ligados a José Sarney (AP) e Renan Calheiros (AL). É uma aposta de que, se a interlocução com o Executivo define a hegemonia interna do PMDB, a presidenta pode ter o poder de renovar internamente o partido, ao optar por outros interlocutores.

O mesmo comportamento teve antes, em relação aos ministros escolhidos. Dilma tem alterado a lógica tradicional de que é preciso simplesmente se submeter às indicações dos aliados, mesmo que elas custem alimentar, ao longo de toda a gestão do indicado, a cota de poder de quem indicou – e, em consequência, os instrumentos de pressão sobre o próprio governo. Até agora, Dilma tem nomeado alguém do partido do ministro demitido, mas com compromissos de lealdade com o governo, não com os grupos dominantes de sua agremiação. Esta foi a origem da revolta do PR, que anunciou a saída do governo: o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, que é do PR, porém não faz parte do grupo dominante do partido, não é aceito pelos líderes da legenda como cota partidária, e sim como cota pessoal de Dilma.

No PDT, o movimento é semelhante. Após a demissão de Carlos Lupi (RJ) do Ministério do Trabalho, o político retomou o lugar de presidente da legenda, acirrando uma divisão interna que se prolonga quase desde a morte do fundador do partido, Leonel Brizola. O deputado Brizola Neto (RJ) está na contramão do grupo de Lupi: tem formação política que permite uma aderência mais orgânica ao governo, isto é, suas posições são muito mais próximas de um governo de esquerda do que as de Lupi. O ex-ministro manteve o PDT nos moldes deixados por Brizola avô (poder concentrado na Presidência e pouca seletividade na escolha de quadros) sem ter o carisma do velho caudilho. O poder de Lupi no PDT também depende do seu poder de interlocução com o governo. A escolha de Brizola Neto para o Trabalho, se for confirmada, dará mais consistência ideológica a uma pasta que, num governo petista, com tradicionais ligações com o sindicalismo, tem que servir como contraponto a outros ministérios destinados à direita governista. A lealdade do deputado, sem que se exija dele abrir mão de suas convicções políticas, será naturalmente maior a Dilma do que ao PDT representado por Lupi.

A reação dos partidos aliados ao ajuste pretendido por Dilma na representação dessas legendas em seu governo já seria grande, pois esses movimentos ameaçam o status quo das lideranças que detém o comando dos partidos de formação tradicional. Torna-se maior no período pré-eleitoral porque aí entram novos elementos de possível barganha. O pré-candidato do PT à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, está pagando a fatura pelo jogo duro de Dilma. Como a vitória na capital paulista é fundamental na definição do jogo político depois das eleições, os partidos aliados ao governo nacionalmente passaram a usar a eleição local para reverter o quadro. Com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda afastado das lides eleitorais, a aposta dos aliados do governo federal é a de que o poder de barganha eleitoral reate as relações de poder dos grupos alijados da convivência com Dilma, por conta das mudanças na correlação de forças no Congresso.

É uma aposta que não pode ser traduzida por falta de orientação política do atual governo, mas por uma estratégia política diferente da gestão anterior. Se a área gerencial da atual administração já trouxe do governo Lula o perfil de Dilma, que foi sua principal colaboradora, no campo político o novo governo ainda não tinha uma cara própria. A presidenta, mesmo obrigada a apelar para a intermediacão do ex-presidente Lula de vez em quando, assumiu correr um risco. Mas ela não tinha alternativa a não ser a de imprimir o seu próprio estilo também nas relações políticas mantidas com o Congresso. Sem traquejo de negociação, conhecimento dos atores envolvidos na permanente barganha do poder e carisma de Lula, obrigatoriamente teria que impor padrões de relacionamento com seus alidos, sob pena de ficar refém da política tradicional.

(*) Colunista política, editora da Carta Maior em São Paulo.


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