Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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terça-feira, 20 de março de 2012

A “surpresa” todos sabiam, menos o jornal

 

Quando a gente fala aqui do péssimo nível do jornalismo econômico brasileiro não está se referindo, em geral, à qualidade dos jornalistas, mas à transformação das editorias em máquinas de propaganda política.
Escrevi no Tijolaço, o quanto era ridículo dizer que o Banco Central estava “pressionado” a baixar juros.
Como é evidente que o BC, em nome do Estado brasileiro, é quem define quanto o Estado brasileiro vai pagar de juros, ser “pressionado” a pagar menos é um paradoxo.
Se fosse “inflação em alta pressiona BC a aumentar juros”, bem. Mas o contrário?
Ontem foi O Globo que, além de repetir a dose, cria um curioso – e revelador – clima conspiratório em torno da redução dos juros.
“Um dia após a divulgação de que a economia brasileira cresceu só 2,7% em 2011, o Comitê de Política Monetária (Copom) aprovou uma redução de 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros, que ficou agora em 9,75%. Mas a decisão não foi unânime. A medida foi aprovada por cinco votos a dois. Os dissidentes queriam cortar apenas 0,5 ponto, como apostava a maior parte dos analistas econômicos.”
“Os dissidentes”, observem só…Parece que são pobres perseguidos dos países da antiga Cortina de Ferro, não é? Lutando, em nome dos princípios do liberalismo contra uma feroz ditadura, os dissidentes queriam garantir a liberdade de uma taxa completamente diferente: 0,25%!!
E depois, diz que “a maior parte dos analistas econômicos” previa um corte de 0,5%… Que maior parte? Onde? Há dias, e até mesmo neste modesto blog aqui,  antecipava-se corte de 0,75%. Todos os jornais fizeram o mesmo e os mercados futuros de juros já tinham essa projeção…
O mercado sabia, apenas não queria, e já por diversas vezes se apontou aqui que as “projeções” das instituições financeiras – diretamente interessadas em que estes índices fiquem o mais alto possível – são eivadas de parcialidade. Tanto que, em qualquer análise séria, não há como explicar que se “pagasse o mico” de prever no dia 2 de março  um Índice de Preços ao Consumidor da Fipe de 0,45%, quando os resultados semanais que a instituição publicava há mais de um mês não chegavam a isso e, pior, caíam fortemente.
Todos eles sabem que a inflação de fevereiro virá abaixo das “previsões” oficiais de 0,46% que espelham no Boletim Focus, para o qual o Banco Central coleta as “previsões” do mercado.
Mas, hoje, teremos uma nova “surpresa”…

Por: Fernando Brito

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