247 - A lista é extensa. Já pediram a renúncia do pastor Marco Feliciano (PSC-SP) da presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), o deputado Jean Wyllys (Psol-RJ), a Anistia Internacional, milhares de manifestantes espalhados pelo Brasil afora, e artistas como Chico Buarque, Caetano Veloso e Wagner Moura, além da atriz Fernanda Montenegro, diva do teatro brasileiro, que, ontem, protagonizou um beijo na boca lésbico em protesto contra Feliciano. Tanta rejeição ao pastor tem motivos óbvios. Por ser homofóbico, Feliciano não reúne condições mínimas para presidir uma comissão criada em defesa das minorias.
Na noite desta quinta, Feliciano recebeu mais um sinal evidente de que é a pessoa errada no lugar errado. Dos dezenove funcionários da comissão, nada menos que 17 pediram afastamento. Ou seja: Feliciano envergonha não apenas a Câmara dos Deputados, como seus seus próprios subordinados.
Mas ele, no entanto, ainda tem um único aliado. Ele mesmo, o porta-voz do movimento neocon no Brasil e blogueiro da revista Veja, Reinaldo Azevedo. Autointitulado Tio Rei, ele diz ser contra a "intolerância dos donos da tolerância" e prega ainda "o direito de ter uma opinião" (leia mais
aqui).
Reinaldo, para variar, mais uma vez, está redondamente enganado. O pastor Feliciano pode ter a opinião que bem entender. Pode ser homofóbico e intolerante, talvez até como forma de autodefesa dos seus medos internos, desde que não cometa atos homofóbicos. Ele apenas não tem o direito de ocupar uma posição criada justamente para promover a tolerância, o entendimento e a proteção de minorias que são vítimas constantes da violência.
Feliciano já avisou que não irá renunciar e corre agora o risco de perder o próprio mandato, em razão de outros desvios de conduta, de natureza ética, como o uso de verbas da Câmara para pagamentos de despesas pessoais. Aferrado ao cargo, ele ainda não foi capaz de um mísero gesto de grandeza, talvez porque acredite que seja um herói da liberdade, como o retrata Reinaldo Azevedo.
Não, Feliciano e Reinaldo são apenas dois personagens patéticos que envergonham o parlamento e o jornalismo. Será que uma ilha deserta para ambos seria um bom destino?
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