Em audiência pública no Senado, ministro da Justiça manda alerta a políticos do PSDB: "Se alguém tentar intimidar a PF e o Cade, perca a esperança"; cúpula tucana pede que José Eduardo Cardozo não esteja mais à frente das investigações sobre o chamado propinoduto tucano e diz que ação do ministro, que enviou denúncia sobre o caso Siemens à Polícia Federal, é política; "O ministro da Justiça não será um engavetador de denúncia. O engavetador-geral é um prevaricador-geral", afirmou Cardozo hoje aos parlamentares
3 DE DEZEMBRO DE 2013 ÀS 13:04
247 – O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou nesta terça-feira 3 que a Polícia Federal e o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) vão, sim, continuar a investigação sobre o esquema de cartel em licitações de trens e metrô envolvendo políticos do PSDB em São Paulo. "Se alguém tentar intimidar a PF e o Cade, perca a esperança", alertou Cardozo, que participa de audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.
Na semana passada, a cúpula do PSDB pediu à Procuradoria-Geral da República e à Comissão de Ética que investiguem o ministro. Segundo os tucanos, Cardozo agiu politicamente ao encaminhar para a PF denúncia que recebeu do deputado licenciado Simão Pedro, do PT. O documento, alegam, foi traduzido e adulterado para incriminar os inimigos do governo. O titular da Justiça defende que era sua obrigação pedir apuração sobre o caso e que não pode se comportar como um engavetador de processos.
"O ministro da Justiça não será um engavetador de denúncia. O engavetador-geral é um prevaricador-geral", reafirmou o ministro nesta terça-feira. Na CCJ, Cardozo disse que cabe à Polícia Federal verificar se as denúncias entregues por ele são verdadeiras, e não a ele ou qualquer outra autoridade. O relatório que o ministro recebeu das mãos de Simão Pedro foi escrito pelo ex-executivo da Siemens Everton Rheinheimer e cita nomes do PSDB, como o senador Aloysio Nunes (SP) e o secretário do governo paulista, José Aníbal.
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Abaixo, reportagem da Agência Brasil sobre o depoimento de Cardozo:
Ministro da Justiça não pode ser um engavetador de denúncias, diz Cardozo no Senado
Karine Melo
Repórter da Agência Brasil
Karine Melo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, deu detalhes nesta terça-feira (3) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado dos procedimentos adotados na investigação da Polícia Federal sobre denúncia de formação de cartel e pagamento de propina em licitações para compra de trens em São Paulo, conhecido como caso Siemens.
Cardozo reafirmou que em maio deste ano recebeu, em mãos, na casa dele, em São Paulo, as denúncias pelo deputado estadual licenciado Simão Pedro (PT) e que, conforme determina a lei, encaminhou o material ao diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello.
"Acho que não se pode desviar atenção do que é necessário. Cumpri meu dever, a polícia vai investigar. Se alguém tenta intimidar, obstaculizar a Polícia Federal e o Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica], percam as esperanças, são órgãos republicanos. Os policiais federais e do Cade agem de maneira republicana independentemente do partido que os dirija", garantiu Cardozo.
O ministro também disse que não é papel dele comandar investigações. "Ministro da Justiça, pela lei, pode pedir a investigação, mas quem comanda, quem lidera, quem coordena é o delegado de polícia, não é nem o diretor-geral da Polícia Federal, é o delegado de polícia que nesse caso já cuidava deste inquérito desde 2008, nem foi escolhido por ninguém, já cuidava disto", disse, descartando "haver algum tipo de interferência política na Polícia Federal para prejudicar ou para auxiliar".
Cardozo ressaltou ainda que cabe ao ministro da Justiça zelar para que a isenção ocorra. "O ministro da Justiça não pode ser um engavetador de denúncias, porque engavetador-geral é expressão sinônima de prevaricador-geral e não esperem de mim, seja qual for a denúncia, e quais forem as pessoas envolvidas, um comportamento que seria juridicamente repreensível e eticamente deplorável".
O PSDB, autor do requerimento que convidou Cardozo para dar explicações no Senado, aponta motivação política para a investigação e discrepância entre a versão em inglês e a tradução para o português de uma carta atribuída ao ex-executivo da multinacional Siemens Everton Rheinheimer, com relatos sobre o suposto esquema de propina.
Sobre as diferentes versões da carta, Cardozo voltou a dizer que na verdade trata-se de documentos diferentes e não de uma tradução. Amanhã (4), Cardozo irá à Câmara também para dar explicações sobre esse caso.
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