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quarta-feira, 18 de maio de 2011

A CAMAREIRA E A TRAGÉDIA

O obscuro episódio protagonizado pelo diretor-geral do FMI, Dominique Strauss-Khan, ilustra não apenas uma possível derrocada pessoal mas a do socialismo francês e, de certa forma, de boa parte da esquerda mundial diante da crise econômica.  Strauss-Khan exerce(ia) o comando da inspetoria financeira do capitalismo. O Fundo Monetário apesar das boas intenções de Keynes em Bretton Woods --e as do próprio Khan, segundo alguns economistas--  é o  órgão encarregado, em última instância, de preservar os interesses dos credores ricos contra Estados e nações pobres. Notabilizou-se pela imposição de ajustes de austeridade devastadora, como ocorre agora no caso das condicionalidades impostas  à Grécia e Portugal para liberação de ajuda. Cálculos do economista Pierre Salama sugerem que na crise da dívida externa, nos anos 80, o FMI impôs aos países pobres e em desenvolvimento um programa de arrocho econômico que resultou em transferências de recursos, na forma de pagamento de juros, de gravidade e volume superiores às compensações de guerra extraídas da Alemanha pelo Tratado de Versalhes, após a derrotada germânica no primeiro conflito mundial. Esse escalpo promovido pelas potencias vitoriosas, que levaria Keynes a renunciar à representação da Inglaterra na mesma de negociações, estaria na origem do  nazismo e da Segunda Guerra. O trágico não é que o dirigente desse instrumento típico da espoliação exercida pelas finanças seja um suposto sedutor de camareiras em hotéis de US$ 3 mil a diária. Mas, sim, que Strauss Khan represente o máximo que o socialismo francês tem a propor para enfrentar o direitista Sarkozy, no escrutínio de 2012. Em outras palavras, a esquerda não tem nada de novo  a dizer aos trabalhadores e à classe média hoje na Europa. Apenas a extrema direita tem um programa a oferecer à sociedade para acudir a sua angústia diante da crise. E ele é mais completo que o do FMI de Strauss-Khan. Ao arrocho sobre as políticas públicas ele acrescenta o ódio contra os estrangeiros, uma xenofobia higienista que, no limite, como já ocorre na Itália, sanciona a restauração de campos de concentração para impedir imigrantes miseráveis de disputar os minguados direitos e empregos que o torniquete ortodoxa subtrai  aos próprios europeus. Entre eles vagas para camareiras em hoteis de luxo, equivalentes ao que emoldurou o suposto assédio de Khan nos EUA. 
(Carta Maior; 4º feira, 18/05/ 2011)