Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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domingo, 27 de julho de 2014

Quantos votos têm os banqueiros?

Santander, antes de ser banco, é um município espanhol da província de Cantábria. A cidade tem 35 km² e população de 181 mil habitantes (números de 2007). Seu filho mais eminente é Emilio Botín, banqueiro, presidente mundial do Grupo Santander, um dos maiores grupos financeiros do mundo. A fortuna do magnata chega a 1 bilhão de euros.
Botín, que apoia Aécio Neves, não chega a ser tão rico quanto a família mais rica do Brasil, que, segundo a revista Forbes, é a família Marinho, dona da Globo – juntos, Roberto Irineu Marinho, João Roberto Marinho e José Roberto Marinho têm uma fortuna de 28,9 bilhões de dólares. Mas o dono do banco Santander certamente é muito rico e não faz parte do seu grupo social, caro leitor.
O mesmo Botín, porém, é tão rico quanto a família Setubal, dona do Banco Itaú, 12ª colocada no ranking da Forbes. A família banqueira apoia Marina Silva e, por extensão, Eduardo Campos. Bilionários, os Setubal têm uma fortuna estimada em 3,3 bilhões de euros.
Essas famílias bilionárias não estão sozinhas em suas preferências políticas oposicionistas. O mercado financeiro, os mega empresários estrangeiros e nacionais e potências como os Estados Unidos querem Dilma Rousseff fora.
Se faltava alguma oficialização do oposicionismo do capital nacional e estrangeiro, ela se deu através de manchete de capa da Folha de São Paulo deste sábado (26). Segundo o jornal, as “consultorias” de economia – ou seja, os gurus de banqueiros e grandes grupos econômicos em geral – apostam na eleição de Aécio Neves.
Na última sexta-feira, explodiu como uma bomba a notícia de que o banco Santander estava enviando aos seus clientes “premium” – detentores de gordas contas bancárias – uma mensagem no estrato mensal praticamente pregando voto na oposição a Dilma, dizendo que a economia irá piorar caso ela seja reeleita.
O efeito desse apoio desmesurado a Aécio Neves ou, na falta dele, a Eduardo Campos – quem, recentemente, declarou não ter “preconceito” contra o capital e as privatizações –, é uma incógnita. Conforme vem sendo lembrado reiteradamente, a ojeriza dos muito ricos ao PT é histórica.
Uma longa fila de “colunistas” vem lembrando de episódios como o do ex-presidente da Fiesp, Mario Amato, quem, em 1989, previu que, se Lula vencesse a eleição presidencial daquele ano contra Fernando Collor de Mello, “800 mil empresários deixariam o Brasil”. Ou o episódio da eleição de 2002, quando o mercado chegou a criar o “lulômetro”, um indicador que mensurava o mau-humor do capital contra a possibilidade de Lula derrotar José Serra – conforme Lula se firmava como o potencial presidente eleito, o dólar subia e a bolsa caía.
Em 2002, a campanha de Lula pareceu acreditar na influência política do capital e divulgou uma “carta aos brasileiros”, na qual garantia aos banqueiros e mega empresários que, se eleito, Lula não romperia contratos ou daria “calote” nas dívidas públicas interna e externa. Talvez por entender que foi a oposição do capital que derrotou Lula em 1989, quando Mario Amato previu uma diáspora empresarial, caso o petista fosse eleito.
Particularmente, nunca acreditei que, ao menos em 2002, a opinião política do mercado pudesse impedir a eleição de Lula. O Brasil estava farto do PSDB e, mais do que isso, farto de votar sempre no anti Lula e se dar mal.
Elegemos Collor e ele afundou o país em uma das piores recessões da história. Elegemos FHC duas vezes e seu mandato terminou com o país arrasado, desemprego nas alturas, dezenas de milhares de falências por ano…
O mercado financeiro e os mega empresários parecem sofrer de amnésia. Não lembram mais do quanto penaram durante os governos que ajudaram a eleger contra Lula…
Não se sabe se, hoje, a campanha de Dilma pensa como a de Lula em 2002 e acha que o capital pode derrotá-la. É possível que acredite nisso. Na última sexta-feira, o Blog recebeu e-mail da campanha de Dilma Rousseff informando que entrou com representação contra a coligação tucana e uma certa “consultoria” por estar por trás de uma farsa.
Segundo a campanha de Dilma reclama ao TSE, “A pretexto de oferecer análise do mercado de ações, a [consultoria] Empiricus tem veiculado, indevidamente, propagandas eleitorais pagas na internet, em site de pessoa jurídica, que tratam da eleição presidencial em curso, veiculando conteúdo negativo a Dilma e positivo a Aécio Neves”.
Nas últimas semanas, o Blog vem recebendo seguidas denúncias contra a tal consultoria “Empíricus”, que vem espalhando uma “análise” em que prevê que caso Dilma seja eleita será “O fim do Brasil”. O texto diz, a rigor, o mesmo que o Santander, ainda que pintando o quadro “tétrico” com “cores mais fortes”, por assim dizer.
Durante o desastre econômico em que o PSDB jogou o país durante os anos 1990, o mesmo Mario Amato que previra o êxodo empresarial caso Lula fosse eleito em 1989, arrependeu-se. Chegou a manifestar à Folha de São Paulo seu arrependimento: “Fui maldoso e não fui leal com o Lula”, disse. Agora, porém, os neo Mario Amatos cometem a mesma injustiça.
O lucro de banqueiros e empresários durante os anos Lula e Dilma foi alguma coisa de quase sobrenatural. Algumas dessas empresas multiplicaram seu lucro por dez, por vinte, por trinta. E, ainda assim, querem de volta o grupo político que os afundou na última década do século XX.
Enfim, vá entender esses bilionários e multimilionários…
Seja como for, porém, o fato é que banqueiro, capitão da indústria, enfim, os muito ricos em geral não têm lá toda essa influência política. Os brasileiros votaram contra eles em 2002. Com todo o terrorismo que fizeram – que a “carta aos brasileiros” não impediu –, o povo lhes deu uma banana e elegeu Lula.
Apesar das pesquisas falsificadas – como ocorre a cada eleição desde 2006 –, as novas pesquisas já começam a mostrar que Dilma não está tão mal quanto dizem. Muito pelo contrário, pode vencer em primeiro turno. E, no segundo turno, apesar das versões dos Datafolhas da vida, ela ainda vence qualquer adversário.
Em termos de terrorismo econômico, a mídia e a oposição já fizeram tudo que podiam. Não dá para piorar a vida do povo. Não dá para gerar desemprego ou deprimir salários – hoje, respectivamente, várias vezes mais baixo e mais altos que quando o PSDB governava.
Quantos votos têm os banqueiros? Será que vale a pena a campanha de Dilma se esforçar muito para reconquistá-los? Particularmente, acho que a presidente e seu estafe devem se concentrar no povão, na parcela dos brasileiros que é capaz de mensurar quanto o Brasil melhorou desde 2003.
Os banqueiros são um caso perdido. Não são racionais. A mentalidade que leva o capital a fazer oposição aberta à reeleição de Dilma e a requerer um tucano no Poder é produto da mesma loucura que jogou o planeta na maior crise econômica da história.
Aliás, é bem provável que esse apoio desmesurado e desavergonhado do capital a Aécio Neves gere efeito oposto ao pretendido. E parte da mídia tucana, prevendo o fenômeno, já trata de avisar os banqueiros. Coluna de Fernando Rodrigues na Folha deste sábado mostra que já há preocupação em Aécio ficar carimbado como candidato dos banqueiros.
Não creia no manifesto bom-mocismo de Fernando Rodrigues. Ele sabe muito bem o risco que é Aécio ficar carimbado como candidato dos banqueiros. Na opinião deste Blog, muita gente que ficou sabendo da campanha eleitoral para o tucano nos estratos bancários do Santander já se pergunta se o interesse dos banqueiros na gestão da economia é igual ao seu.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

As várias caras do atraso

Mário Amato, Regina Duarte e Maitê Proença
DIAP
Por Marcos Verlaine*


Eleições são raros momentos de reflexão política e a possibilidade de passar a limpo a democracia, ainda mais num país como o Brasil, em que o povo fica mais próximo e atento ao processo e debate políticos. Para o bem ou para o mal, as eleições no Brasil são momentos de engajamento e engate.


Mas todo processo político tem suas gafes - pequenas ou grandes - e essas chamam a atenção pelo inusitado.


Nas eleições de 1989, a direita temia dois 'bichos papões': Lula e Brizola. O segundo foi inviabilizado ficou o primeiro. Naquela ocasião, quem foi escalado para semear o pânico e o terror foi o então presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do estado de São Paulo), Mário Amato, quando disse que se Lula ganhasse os empresários iriam embora do Brasil.


Na ocasião, Amato disse: "Se Lula for eleito, 800 mil empresários deixarão o país". A frase teve grande impacto na mídia e repercutiu entre os empresários, por ter sido proferida pelo presidente da Fiesp. Em entrevista à revista Veja, anos depois, ele declarou que de fato sua frase foi fundamental para derrota de Lula.


Bem, o resultado todos sabem. Collor se elegeu, e fez um governo pífio e corrupto.


Nas eleições de 2002, a atriz global Regina Duarte, a ex-namoradinha do Brasil, protagonizou um momento triste, para dizer o mínimo, quando foi para a televisão, na propaganda eleitoral do então candidato tucano José Serra, dizer ter "muito medo" de um possível governo do então candidato Lula.


Em novembro de 2009, a Folha de S.Paulo procurou a atriz e questionou se ela ainda sentia medo em relação ao próximo presidente, a atriz foi enfática.


"Eu tenho muuuuuuuuuuuuito medo. Eu tenho muuuuito medo", repetiu.


A atriz, no entanto, não quis especificar a origem do temor, mas afirmou que não pretende se engajar novamente em uma campanha política.


Nestas eleições, o mico vem agora da atriz global Maitê Proença, que declara simpatia a Marina Silva (PV) e José Serra (PSDB), e disse que talvez a discriminação contra as mulheres "venha a calhar nesse momento de eleições" para salvar o país de Dilma Rousseff.


Maitê foi uma das pessoas que estavam presentes em recente encontro de Serra com artistas no Rio de Janeiro.


"A mulher ainda é tratada como escrava na África, Ásia, países árabes, na maior parte do planeta. Só no ocidente houve progressos, muitos, mas ainda há discriminação. Quem sabe a própria [discriminação] venha a calhar nesse momento de eleições, atiçando os machos selvagens e nos salvando da Dilma?", disse a atriz, em entrevista ao jornal Estado de S.Paulo, na última segunda-feira (9), ao ser perguntada se "o feminismo já era ou a mulher ainda precisa lutar contra as discriminações da sociedade?".


A frase embute em si absoluto despreparo, pois o machismo dos "machos selvagens" vitima muitas mulheres Brasil afora. E foi pronunciada num momento muito infeliz, quando a Lei Maria da Penha completa 4 anos, e explicita que a cultura machista está por trás da violência contra as mulheres no país.


O raciocínio é torpe, sinuoso, diria burro, e mostra o quanto o preconceito é perigoso, pois a atriz se mostrava, parecia, mais aberta ao debate político. Com essa 'pérola' talvez anime um pouco mais o debate eleitoral, que se mostra insosso até o presente momento.


Subjacente ao terror de Mário Amato, o medo de Regina Duarte e o preconceito de Maitê Proença está o conservadorismo do Estado brasileiro, que ao fim e ao cabo estimula essas estultices, sobretudo em momentos de decisões políticas importantes, cujo resultado poderá ser de mais amadurecimento político e social de nosso povo.


Que prevaleça a inteligência de nosso povo contra essas e outras tolices parta de onde partir.


(*) Analista político e assessor parlamentar do Diap