Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

sexta-feira, 1 de abril de 2011
De olhos opacos no turbilhão do mundo
Mauro Santayana
sábado, 16 de outubro de 2010
INDIGNAÇÃO NAS UNIVERSIDADES
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
Memórias traumáticas das universidades durante o governo FHC
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A professora Cynthia Semiramis fez o importante trabalho de resgatar suas memórias do traumático período do PSDB no governo federal, no qual tudo, incluindo as universidades, era um caos. Reproduzo gordos trechos abaixo.
Fui aluno da UFRGS durante o governo FH, e posso dizer que a situação era a mesma. As instalações eram precárias, imundas e perigosas. Os professores se aposentavam em massa, e não eram repostos de maneira adequada. Aliás, os comentários à postagem original da Cynthia deixam claro que o quadro era generalizado.
Lembranças: vida universitária no governo FHC
por Cynthia Semíramis
Outro dia me vi contando para colegas de faculdade bem mais jovens como era a educação universitária no governo Fernando Henrique Cardoso e porque eu tenho tanto desgosto por essa época. Achei que seria interessante deixar o registro no blog também, para refrescar as lembranças e lutarmos para que algo assim não volte a acontecer.
Passei a década de 1990 praticamente inteira dentro da UFMG. Primeiro na Escola de Música, cursando formação musical enquanto fazia o segundo grau. Fiz um intervalo de um ano, em 1996 (aqui já era governo FHC), estudando pro vestibular. Depois, cursei a faculdade de Direito. A formatura seria em dezembro de 2001, mas foi em fevereiro de 2002 por causa da greve de servidores.
Lembro-me da aposentadoria em massa dos professores da Escola de Música, pois estavam sendo implantadas novas regras para trabalho e previdência que seriam ruins para os docentes. Mais tarde, vi o impacto dessas aposentadorias na Faculdade de Direito: as vagas deixadas em aberto pelas aposentadorias foi preenchida em sua maioria por concursos de professores temporários (os famosos professores substitutos).
Alunos de pós-graduação ou bacharéis em Direito sem pós-graduação (não havia cursos de especialização, havia pouquíssimas vagas de mestrado e doutorado na UFMG, e o mestrado da PUC-MG só foi implantado em 1997) eram contratados como professores substitutos, recebendo um salário de R$300,00 (baixo, mesmo para a época) para ministrar aulas. Como professores temporários ficavam somente em sala de aula, não desenvolviam pesquisa. As poucas vagas abertas para professores efetivos exigiam dedicação exclusiva, com salários baixíssimos e sem recursos de nenhum tipo para desenvolver pesquisa.
Alunos de graduação que quisessem seguir carreira acadêmica tinham de se dispor a fazer pesquisa e monitoria de forma voluntária, pois as raríssimas bolsas não eram suficientes para todos os candidatos aprovados. A ausência de bolsas afastou alunos que queriam fazer pesquisa, mas que não tinham família para bancar seus estudos: ou trabalhavam (e aí eram recusados na monitoria/pesquisa voluntária, pois muitos orientadores exigiam dedicação em tempo integral), ou se sujeitavam a pesquisar sem bolsa e aguardar pacientemente na fila até obtê-la.
Os prédios onde estudávamos eram ruins, pois não havia um mínimo de preocupação com planejamento ou manutenção. Os elevadores nunca funcionaram a contento, e sempre alguém ficava preso neles. A faculdade de Direito conseguiu fazer algumas reformas em meados da década de 90, alterando um dos prédios (o menos velho) para receber todos os alunos de graduação, e ampliando a biblioteca (que funcionava num porão e passou a ter um prédio acima do porão, com mais mesas para estudo, novas instalações elétricas e até elevador). Porém, o problema da manutenção era sério: quando um professor e meus colegas ficaram presos no elevador da biblioteca e foi necessário destruir sua porta para que eles saíssem, mais de seis meses se passaram até consertarem o elevador e reorganizarem a biblioteca.
[...]
Não tenho saudade das dificuldades dessa época, e ainda não entendo como um presidente que era professor universitário conseguiu destruir a universidade desse jeito.
Estando hoje novamente na UFMG, vejo o quanto algumas coisas mudaram (mais verbas pra pesquisa, bolsas de monitoria, novos livros – inclusive estrangeiros – na biblioteca). Tem muita coisa que pode ser melhorada (como a manutenção dos prédios e elevadores), mas não tem nem comparação com o pesadelo que foi estudar durante o período Fernando Henrique Cardoso. Às vezes é necessário ver ou viver situações bastante ruins para dar valor quando elas melhoram…
Blog osamigosdopresidentelula
terça-feira, 20 de julho de 2010
COMO SERRA AGE; O QUE OS AMIGOS PENSAM DO SEU MÉTODO
Logo ao assumir o governo de São Paulo, em 2007, Serra desfechou um golpe contra a autonomia universitária, o mesmo bote traiçoeiro que, segundo interlocutores fiéis, ele promete dar contra os DEMOS, caso vença as eleições de 2010. O conto do 'golpe progressista' ainda cultivado em alguns círculos acadêmicos serristas soa cada vez mais como um conto do vigário, depois do seu endosso ao terrorismo do piccolo balilla, Indio da Costa. O episódio de 2007 reforça essa percepção. O que Serra desejava então era reduzir a autonomia das universidades estaduais para engordar o caixa único do seu governo, já de olho na disputa presidencial. Com o decreto 51.461/07 ele impôs uma espécie de intervenção branca criando uma Secretaria do Ensino Superior acima dos reitores. Outro decreto, o de nº 51.636 (9/3) subordinava as universidades ao Sistema Integrado de Administração Financeira, subtraindo a autonomia de gestão das instituições que prestam contas diretamente ao Tribunal de Contas do Estado. O decreto nº 51.660 (14/3) instituía uma Comissão de Política Salarial (CPS), composta pelos secretários da Fazenda, de Economia e Planejamento etc atropelando o Fórum criado no interior das universidades para esse fim. A comunidade acadêmica reagiu. Estudantes e professores organizaram protestos e paralisações em todo o Estado. Pinotti, o secretário da Educação, já falecido, foi para o sacrifício e entregou a carta de renúncia. Após semanas de desgaste, Serra foi obrigado a recuar no que seria o primeiro de uma série interminável de conflitos de sua gestão com servidores públicos, professores, estudantes, sindicatos, movimentos sociais... Amigos de Serra do ambiente universitário desabafaram então em conversa com jornalistas numa assembléia em um campus do interior de SP: ‘Serra pensa que é mais inteligente do que de fato é. Na verdade, em política ele é burro. A prova dessa burrice é mexer com as universidades dessa forma intempestiva e acreditar que poderia dar certo. Serra pensa que sabe fazer política; pior ainda, acredita nos que dizem que ele sabe. Ele poderia até ser um bom ministro da Fazenda, mas não tem cabeça para coisas maiores’. A desastrosa condução da candidatura demotucana nesta campanha eleitoral, em que a palavra equilíbrio foi esquartejada e salgada em via pública pelo ex-governador de SP, sugere que os amigos sabiam do que estavam falando.
Lula assina decreto que dá mais autonomia às universidades federais
Medida editada pelo governo atende a reivindicações de instituições.
Universidade poderá remanejar recurso não empenhado de um ano para outro.
Robson BoninDo G1, em Brasília
(Foto: Ricardo Stuckert/PR)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou nesta segunda-feira (19) decreto que altera dispositivos referentes à gestão financeira e orçamentária das Universidades Federais para dar mais autonomia às instituições.
A partir do decreto, as universidades vão poder remanejar recursos não empenhados de um ano fiscal para o seguinte e ainda terão a figura de um banco de técnicos administrativos, que deverá dar maior agilidade na reposição de técnicos em caso de aposentadoria dos cargos.
O remanejamento de verbas e a mobilidade na substituição de servidores eram reivindicações antigas da área e foram negociadas entre o Ministério da Educação e a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). Para os reitores, o decreto dará mais agilidade, autonomia e transparência à gestão das universidades.
A cerimônia reuniu 58 reitores de instituições federais do país. Além do decreto da autonomia, também foi pauta da reunião com o presidente Lula a assinatura de uma medida provisória que disciplina o relacionamento das universidades com as fundações de apoio à pesquisa.
Lula também conversou com os reitores sobre o Programa de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf). Reitores de instituições responsáveis pela gestão de hospitais universitários apresentaram suas preocupações e debateram a publicação de portarias que contemplem o Rehuf.
Durante a cerimônia, realizada no Centro Cultural Banco do Brasil, sede provisória do governo, Lula lembrou a boa relação que manteve com reitores durante o seu governo. “Quero agradecer o carinho com que vocês me trataram o tempo inteiro. Eu posso dizer na frente da imprensa que nunca foi destratado por reitor ou reitora desse país”, discursou Lula.