Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quinta-feira, 20 de junho de 2013

Mídia marcha sem rumo diante das manifestações

Jornal do Brasil

Quanto mais forte e ágil a mobilização dos manifestantes que toma o país e chega até ao exterior, maior a perplexidade e as interrogações de autoridades do governo. A falta de uma liderança clara e a existência de uma pauta difusa de reivindicações se alia às ferramentas das redes sociais para consolidar uma onda de protestos imprevisível. A única certeza é a de que a indignação é generalizada e a população se identifica cada vez mais com o que acontece nas ruas.
Mas não são apenas governo e autoridades da segurança que parecem perdidos em meio às palavras de ordem dos ativistas. A própria mídia, com sua incurável mania de rotular e definir fenômenos sociais, atira a esmo, errando muitas vezes o alvo.
Jornal do Brasil, atento às tendências, decidiu abrir um canal direto com as mídias sociais criando o espaço "Tá nas redes" e mostrando como os ativistas estão se articulando. 
A gafe mais clássica talvez tenha sido a de Arnaldo Jabor. Semana passada, em sua crônica no Jornal da Globo, o comentarista questionou o protesto, comparando-o a manifestações criminosas de São Paulo. "Não pode ser por causa de vinte centavos", decretou, afirmando ainda que a maioria dos manifestantes era de classe média. "Tudo é uma imensa ignorância política. A causa é a ausência de causas. Esses revoltosos de classe média não valem nem vinte centavos", disparou precipitadamente para, na semana seguinte, após ser massacrado nas redes sociais, voltar atrás em sua coluna na rádio CBN: 
“Outro dia eu errei, sim. Errei na avaliação do primeiro dia das manifestações contra o aumento das passagens em São Paulo. Falei na TV sobre o que me pareceu um bando de irresponsáveis fazendo provocações por causa de 20 centavos. Era muito mais que isso”, admitiu.
Mas os erros não param por aí. Numa onda de protestos que já foi batizada como "Revolta do Vinagre", "Primavera Carioca" e até "Salad Uprising" (Revolta da Salada), não é difícil perceber que aprisioná-la numa única definição é uma tarefa inútil.
Contudo, as tentativas persistem. Em seu blog no site de O Globo, o jornalista Merval Pereira resume de forma imperativa: "Mesmo que as reivindicações sejam várias e muitos cartazes exibam anseios mal explicados ou utopias inalcançáveis, há um ponto comum nessas manifestações dos últimos dias: a luta contra a corrupção."
O jornalista Reinaldo Azevedo, da Veja, não ficou atrás. Hoje, em seu blog, disparou: "Movimento Passe Livre, chamado de pacífico por certa imprensa, se nega a condenar saqueadores e diz que eles são protagonistas de uma “revolta popular”. E ainda há gente que me pede para aplaudir essa gente! Não há a menor chance de isso acontecer!", escreveu para depois ser também atacado por ativistas que lembravam as inúmeras pautas de reivindicações que estão nas ruas.
No editorial de hoje da Folha de S. Paulo, intitulado Incógnita nas ruas, o texto destaca cenas isoladas de vandalismo e a mobilização da classe média, para concluir que "...como na marcha de muitas cabeças, em São Paulo, é difícil prever onde esse caudal irá desembocar. Nem os manifestantes sabem."
Já o Valor faz conjecturas financeiras, alertando que a economia não gosta de incerteza, que os protestos assustam os investidores e que a questão social pode entrar de vez no radar do mercado. 
Bem definiu o cientista político e professor da UFRJ Paulo Baía, em entrevista à GloboNews na noite de terça-feira: "Estamos diante de uma coisa nova. Quem tentar fazer comparações e definições estará cometendo um erro.
"

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Tijolaço: O “errinho” de US$ 2,3 bi de Roger Agnelli

 
Quando, tempos atrás, Lula reclamou publicamente de que o então presidente da Vale, Roger Agnelli, o queridinho da mídia conservadora tinha mandado construir 12 megacargueiros no exterior e não no Brasil, houve um imenso alvoroço nos jornais.
“Intromissão estatal”, “abuso”, “interesse dos acionistas” (como se os órgãos estatais não fossem os maiores acionistas do grupo controlador da Vale!), e outras coisas do gênero.
D. Roger I (e único), o imperador da Vale nunca errava. Tudo o que fazia era genial, lucrativo, inconteste.
Hoje, por dicas de nossos comentaristas, cheguei ao site de Bloomberg, e está lá a notícia:
“China rejeita meganavios de minério e mostra erro de US$ 2,3 bi da Vale”
A história, resumindo, é a seguinte. As empresas de navegação chinesas não querem que a vale, com seus supernavios, esvazie o mercado de frete no país, que já terá problemas com a crise européia. Já as siderúrgicas querem que a Vale repasse ao preço do minério a redução de custo de frete que consegue com o transporte de quantidades gigantescas, o dobro dos grandes navios de minério que hoje fazem esse trabalho. E não querem ver a Vale controlando o comércio da mina à porta da fábrica.
Os chineses, que ao contrário de certos grupos da elite brasileira, defendem os interesses de seu país, por isso, não permitiram a atracação do primeiro navio da Vale que rumava a seus portos e, segundo a matéria publicada ontem no final da noite pelo Estadão, “foi desviado para o porto de Taranto, na Itália, porque não tinha autorização para atracar na cidade chinesa de Dalian. O navio chegou até o Cabo da Boa Esperança, deu meia volta e retornou ao Atlântico.”
Isso é o resultado de uma ação empresarial auto-suficiente, que não encara seu país e seus clientes como parceiros, que não consulta seus interesses e coloca, acima de tudo, um apetite “goela grande” e se acha o maior “esperto” .
Que, felizmente, parece ter acabado, para a viuvez de parte de nossa mídia, com a mudança de direção da Vale.
Agora, o bom e velho Estado vai, certamente, entrar em negociações diplomáticas para resolver o impasse junto ao governo chinês, que certamente exigirá concessões de parte do Brasil para dar um desfecho aceitável ao caso. E os acionistas da Vale vão ter de “segurar” os prejuízos contratuais da interrupção de contratos bilhonários para a contrução da enorme frota de meganavios “fantasmas”, que nunca chegarão aos portos a que se destinavam.
Compreende-se que a Vale esteja silenciosa ainda sobre o assunto. A esta hora, estão lidando com uma dúzias de batatas quentes navais, cada uma do tamanho do Pão de Açúcar. É ver o que pode ser feito com a carteira de contratos, inclusive com a negociação de sua modificação para a instalação dos estaleiros contratados no Brasil, com acordos para a Vale fornecer-lhes aço a preço de custo, evitando as multas, e diminuindo o porte das embarcações.
Vamos ver agora a claque de Agnelli, diante do “mico” mundial que está fazendo nossa – porque a Vale é uma ferramenta estratégica do Brasil – grande mineradora.
Quando Getúlio aproveitou a 2ª Guerra para, com o apoio de Franklin Roosevelt nacionalizar a Itabira Iron e transformá-la na Vale do Rio Doce, ninguém esperava que, 70 anos depois, fosse aparecer outro espertalhão a la Percival Farquhar na história da empresa.
Farquhar, como se sabe, não queria saber de siderurgia, só de exportar minério bruto.
Demorou mas, um dia, foi ele o exportado.
Por Fernando Brito no Tijolaço

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Irregularidade nas pesquisas só houve entre março e abril



Os meios de comunicação aliados a José Serra já começam uma nova ofensiva em favor de seu candidato. Essa ofensiva inclui manipulação de interpretação das pesquisas, retomada de denúncias contra Dilma e o PT e reprodução de campanhas anônimas de difamação destes, de forma a levá-las ao conhecimento do público sem, entretanto, dar-lhes apoio formal.
Este texto, porém, abordará apenas as interpretações enviesadas das pesquisas
Na edição de hoje da Folha de São Paulo, o diretor do instituto, Mauro Paulino, dá uma interpretação superficial das últimas pesquisas para afirmar, sem medo de ser feliz, que o Datafolha seria o instituto que mais teria acertado o resultado final da eleição.
Este é um assunto complexo que requer a maior simplificação possível, pois essa complexidade dos fatos permite afirmações que não guardam relação com a realidade contando com a dificuldade do público de compreender processo tão intrincado.
Na reta final do primeiro turno, todos os institutos de pesquisa mostraram a mesma tendência, de queda de Dilma e de subida de Marina. Quanto a Serra, só Datafolha, Ibope e Vox Populi detectaram sua subida na reta final da campanha. O Sensus não registrou esse movimento, que nas outras pesquisas ficou dentro da margem de erro.
Entre 5 de abril e 2 de outubro, Datafolha e Ibope fizeram 14 pesquisas cada, Sensus fez 6 e Vox Populi 8.
A tendência da eleição, sobretudo depois do início do horário eleitoral, em agosto, foi prevista, portanto, por todos os institutos. Todos eles captaram bem a arrancada de Marina na reta final e a queda de Dilma. E todos registraram o mesmo sobre Serra, subida tímida ou estagnação, consideradas as margens de erro.
Para simplificar, reitero afirmação que fiz anteriormente de que o que interessa em estatística são as tendências que os números mostram, e que essas tendências só apresentaram perturbações em um único momento desde o começo de abril até o último domingo. Esse momento foi entre março e abril, conforme se pode ver no gráfico acima.
Nos gráficos do Datafolha e do Ibope, um círculo revela o momento em que, ao passo que estes institutos mostravam subida de Serra e estagnação de Dilma, Sensus e Vox Populi antecipavam a tendência de subida de Dilma e de estagnação ou queda dos adversários. Isso durou até meados de setembro, quando Marina teve maior aceleração das intenções de voto e Serra permanecia estagnado até a reta final, quando teve discreta subida em 3 dos 4 institutos.
Como se pode notar, porém, a partir de fins de abril, com a representação do Movimento dos Sem Mídia à Justiça Eleitoral, Datafolha e Ibope passaram a acompanhar a tendência de Sensus e Vox Populi. Dali em diante, todos os institutos passaram a mostrar o que de fato aconteceria em 3 de outubro.
Neste momento, essa discussão está sendo escamoteada na grande imprensa. Até hoje os grandes meios de comunicação não noticiaram o inquérito da Polícia Federal sobre os institutos de pesquisa. Mesmo que a mídia não tenha considerado a fato em suas análises, isso não quer dizer que não exista.
Estão errando todos. Haverá conseqüências da investigação que a Polícia Federal está fazendo por conta da iniciativa do Movimento dos Sem Mídia. Não se pode afirmar quem será responsabilizado pelo que aconteceu entre março e abril, quando dois pares de institutos divergiram entre si, mas posso garantir que dois dos quatro institutos serão responsabilizados.
É possível afirmar que é inexplicável e suspeitíssima a divergência entre Datafolha e Ibope, de um lado, e Sensus e Vox Populi do outro entre março e abril. Em minha opinião, Datafolha e Ibope tentaram “segurar” a tendência de ultrapassagem de Serra por Dilma naquele momento.
Devido ao segredo em que tramita a investigação das pesquisas pela PF, não será possível dar mais informações sobre o assunto. Todavia, os que estão ignorando essa investigação apesar de saberem dela terão, no mínimo, que mentir para o público quando não puder mais ser escondida. E esse momento chegará…
Essa investigação deve produzir conclusões no primeiro semestre do ano que vem. E os indícios de que ela apontará que entre março e abril deste ano ao menos dois institutos de pesquisa tentaram enganar a sociedade, já me chegam às mãos.
O caso transcende a campanha eleitoral. É preciso desmascarar o uso de pesquisas de intenção de voto para impedir que se materializasse mais cedo uma tendência de expressivo fortalecimento da candidatura Dilma Rousseff ao longo deste ano. Esse fato só não virá a público se Serra se eleger e mandar a PF interromper a investigação.
Como fiz em outras oportunidades em que previ fatos que mais tarde todos teriam que reconhecer, peço a vocês que não se esqueçam deste texto. Em alguns meses, este assunto dominará o debate político no Brasil e produzirá conseqüências ainda imprevisíveis, mas que garanto que virão de forma inexorável.