Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

MENOS CRUCIFIXO, MAIS TRABALHO FIXO. 17 de setembro: ocupar Wall Street

corrupção nos mercados: operação Alquimia da PF desmantela rede de fraudes na indústria  química conectada a paraísos fiscais** prejuízos à receita pública: R$ 1 bilhão de reais **ilhas, mansões, carros de luxo, iates são confiscados**10 crianças somalis morrerão de fome hoje em acampamentos na Etiópia** é a média, diz ONU.  
Milhares de indignados tomam as ruas do centro de Madrid nesta 4º feira e ocupam a praça do Sol em protesto contra gastos públicos  para recepcionar a viagem do Papa Bento XVI, que chega nesta 5º feira à capital espanhola. 'Mais educação, menos religião', dizem cartazes empunhados pela multidão. A Praça do Sol, tradicional reduto dos 'indignados' foi interditada há mais de 15 dias como preparativo para a chegada do Papa que participa na Espanha das Jornada Mundial da Juventude. A Espanha tem o maior índice de desemprego do euro, 20%. Entre os jovens a taxa é dramaticamente superior, chega a 45%, no caso da Andaluzia, por exemplo. A crise atingiu em cheio a economia espanhola cujo crescimento mimetizou a bolha imobiliária norte-americana. O governo Zapatero mimetizou igualmente a terapia  ortodoxa de cortes de gastos para atender à pressão dos mercados. Fundos e bancos ameaçam não  financiar mais a dívida pública espanhola, exigindo juros cada vez mais elevados do governo. Zapatero antecipou para novembro as eleições a sua sucessão. Pesquisas indicam que a direita está em vantagem na corrida eleitoral. Manifestantes laicos pró-emprego e cristão pró-Papa  trocaram insultos  na Porta do SOl.


 
Um esboço de coordenação e de plataforma comum começa a ser articulado por lideranças das mobilizações de rua de países europeus. A grande novidade há muito ansiada pela esquerda mundial é a possível adesão de movimentos civis norte-americanos aos protestos que convergem para dois pontos: mais democracia,  menos poder às finanças desreguladas. Tudo ainda muito incipiente, mas é certo que o amálgama tem a força da coerência: uma coisa depende da outra e a saída para a crise depende das duas. O impulso de convergência tem uma data e uma palavra de ordem que vai ao ponto unificando os dois propósitos das ruas: "17 de setembro: ocupar Wall Street'. A ver (leia Nouriel Roubi nesta pág.
"Sem estímulo fiscal ou reestruturação global da dívida, não há saída" e http://occupywallstreet.com/ )
(Carta Maior; 4º feira, 17/08/ 2011)

sexta-feira, 11 de março de 2011

Santayana: o Papa faz política, sim !


O Papa apoiou o Cerra. Quem não lembra ?


Conversa Afiada reproduz texto de Mauro Santayana:

O Cristo que vive entre nós


Mauro Santayana


O papa Bento 16, na biografia de Cristo que acaba de publicar, decretou, de sua cátedra, que Cristo separara a religião da política. Mais do que isso, participa de um dos equívocos de São Paulo – porque até os santos se enganam – o de que, se Cristo não ressuscitou de entre os mortos, “vã é a nossa fé”.   Cristo ressuscitou dos mortos, não em sua carne perecível, mas em sua grandeza transcendental. O papa insiste – e nessas insistências a Igreja sempre se perdeu – em que o corpo de Cristo ainda existe, em toda a fragilidade da carne, em algum lugar, ao lado de Deus. Com isso, o Santo Padre separa Cristo da humanidade a que ele pertence, e o situa no espaço da mitologia dos deuses pagãos.


A afirmação mais grave do Papa, de acordo com o resumo de suas idéias, ontem divulgadas, é a de que política e religião são instituições separadas a partir de Cristo. A própria história do Vaticano o desmente. A Igreja Católica – e todas as outras confissões religiosas – sempre estiveram a serviço do poder político, e em sua expressão mais desprezível. Para não ir muito longe na História – ao tempo da associação entranhada entre os reis, os imperadores e o Vaticano, durante a Idade Média -, bastam os exemplos de nosso século. Os documentos existentes demonstram o apoio da Igreja a ditadores como Hitler, considerado, por Pio XII, como “um  bom católico”. Mais recentemente ainda, houve a “Santa Aliança”, conforme a denominou o jornalista norte-americano Bob Woodward, entre o antecessor de Ratzinger e o presidente Reagan, dos Estados Unidos, com o propósito definido de acabar com a União Soviética. Por acaso não se trata de uma escolha política do Vaticano a rápida canonização do fundador da Opus Dei, como santo da Igreja, e o esquecimento de grandes papas, como João 23, e de mártires da fé, como o bispo Dom Oscar Romero, de El Salvador?


A religião sempre esteve na origem  e na inspiração da política, e, em Cristo, essa identidade comum se torna ainda mais nítida. O campo da razão em que a fé e a política se encontram é o da ética. A ética é uma exigência da fé em Deus e do compromisso com a vida humana. A política, tal como a identificaram os grandes pensadores, é a prática da ética. A ética política significa a busca do bem de todos. Nessa extrema exegese do que seja a ética, como o fundamento da justiça, a boa política é a da esquerda, ou seja, da visão de igualdade de todos os homens.


Em Cristo, a fé é o instrumento da justiça. Quem quiser confirmar esse compromisso político de Cristo, basta ler os Atos dos Apóstolos, e verificar como viviam as primeiras comunidades cristãs, unidas pela absoluta fraternidade entre seus membros, enfim, uma sociedade política perfeita. Ao negar a essencial ligação entre a fé cristã e a ação política, o papa vai além de seu velho  anátema contra a Teologia da Libertação, surgida na América Latina, um serviço que ele e Wojtyla prestaram, com empenho, aos norte-americanos. Ele se soma aos que, hoje, ao separar a política da ética da justiça, decretam o fim da esquerda.


Esse discurso – o de que não há mais direita, nem esquerda – vem sendo repetido no Brasil. Esquerda e direita, ainda que a denominação venha da França revolucionária de 1789, sempre existiram. Na Palestina, no tempo de Jesus, a esquerda estava nos pescadores e pecadores que o seguiam, e a direita nos “fariseus hipócritas”, que, no Sinédrio, e a serviço dos romanos, o condenaram à morte.


O papa acredita que a Igreja sobreviverá à crise que está vivendo. Isso é possível se ela renunciar a toda sua história, a partir de Constantino, e retornar ao Cristo que andava no meio do povo,  perdoava a adúltera, e chicoteava os mercadores do templo. O  Cristo que ressuscitou  dos mortos está ao lado  dos que vêem a fé como a realização da justiça e da igualdade, aqui e agora.