Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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domingo, 12 de outubro de 2014

O povo brasileiro só conta com sua própria lucidez

Slucidez
Nenhum de nós, neste momento, tem o direito de ser ingênuo com o que está acontecendo.
Não há um processo eleitoral democrático, normal, onde as forças políticas se confrontam e disputam a preferência do eleitor.
Tanto que se empurra ao favoritismo um homem que se formou no conforto do nepotismo e cuja  virtude política é sua própria nulidade pessoal.
Existe, sim, uma tentativa em marcha – e avançada – de conduzir o povo brasileiro não à eleição de um candidato, mas ao linchamento de um governo.
Uma espécie de 1954 com urnas eletrônicas.
O povo brasileiro está sitiado.
Ocultaram-lhe que seria Aécio – e não Marina – a enfrentar Dilma no segundo turno e, assim, deixaram sua nulidade no “freezer”, até que fosse a hora de plantá-lo, ao velho como novidade, para a cartada final.
E, para ela, não foi preciso mais que articular o comportamento de um canalha de terceiro escalão ao qual se prometem prêmios por “delações”, com um juiz que o faz prestar um depoimento genérico, sobre fatos  que, depois de meses de investigação, ele já teria de ter revelado, para que seja divulgado em redes de televisão, enquanto se nega o acesso a quem é acusado às informações sobre o que é dito, especificamente.
Parte do Judiciário se junta ao que é generalizado.
A imprensa, as instituições, a economia, seus políticos  estão de goela aberta, prontos a devorar seu futuro.
Estão prontos a tudo que lhes signifique uma chance de tirar este país do povo brasileiro.
Os que o defendem estão mudos ou anulados, perdidos em seus próprios equívocos, acomodações e conveniências.
Respeitaram, como em nenhuma outra época da história brasileira, o livre funcionamento das instituições e não tocaram nos privilégios de nossa elite, exceto o de ser a única dona do Brasil.
Todas estas forças, agora,  se unem contra um processo político que o afirmava.
Um processo do qual, nem mesmo ele, o povo, tem uma consciência que vá além de sua pele, de seu instinto.
Porque suas vanguardas política abriram mão de sê-lo, na ilusão de que podiam ser “de todos”
Como naquele momento terrível de nossa história, o “mar de lama” que sem pintava não era real e muito menos Getúlio Vargas estava nele mergulhado.
Mas a histeria moralista da UDN de nossos tempos conseguiu arrastar parte da classe média.
Marina Silva é só a expressão desta hipocrisia, de um movimento que há 60 anos agita corrupção e anticomunismo como se fossem honrados e defensores das liberdades, mas compactua com o saque colonial de nosso país e com todo o autoritarismo que  tivemos e temos.
Temos uma elite perversa, que compreende que a fome só faz escravos e que vê escravos da comida os que deixam de passar fome.
Que odeiem um médico cubano porque aceita trabalhar ganhando R$ 4 mil quando R$ 10 mil não bastam a um médico recém-formado no Brasil para trabalhar de oito às cinco na periferia.
Tornamo-nos o país do ódio.
As manchetes de jornal são o que teria dito um crápula, um ladrão, em troca de um perdão e sabe-se mais o que lhe tenham prometido, para declarações cronometradas a coincidirem com o momento das eleições.
No entanto – que maravilha! – o povo brasileiro resiste.
Só tem seu instinto a defendê-lo.
Mas o instinto, tão desprezado, é muito poderoso, se ele encontrar referências.
Se tivermos, porém, a coragem de lhes dar a verdade.
Temos 15 dias e um desafio imenso pela frente.
Nestas duas semanas, temos de usar os programas de TV e os debates para desmontar, corajosamente, as montagens marteladas a cada dia pela mídia.
Já não é hora de posturas defensivas ou de jogos estratégicos.
Campanhas são longas, como a que fizeram de junho de 2013 para cá, quando fizeram um país que acreditava estar indo no caminho certo parecer um lugar onde parecia que tudo estava errado.
E como, assim, conseguiram os incautos esquecer de anos, décadas em que a classe dominante fez, de fato, tudo dar errado para o nosso país e nosso povo.
Mas o que temos agora não é uma campanha, mas uma batalha.
Nelas, é preciso coragem, ousadia e líderes.
Se deixarmos que se percam as referências, a força de nosso povo se dispersa e pode ser vencida.
Mas se elas surgem, deixando de lado os cálculos políticos convencionais, o povo brasileiro pode  sair do isolamento em que o querem colocar.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Boito:Tucanos usam alta classe média alta para atender capital internacional


Os interesses do grande capital internacional e da fração da burguesia brasileira a ele completamente integrada, representados pelo PSDB, encontraram uma base de apoio no Brasil. Essa base não é “a classe média”. A parte majoritária da classe média apoia a política neodesenvolvimentista dos governos do PT. Essa base de apoio é a fração superior da classe média brasileira, a alta classe média. Em termos eleitorais, não é muito e em daí as agruras do PSDB
08/04/2013
Armando Boito Jr., especial para o Brasil de Fato
I
Muitos analistas e observadores políticos têm escrito que o PSDB representa a classe média. Será verdade?
É meritório colocar a questão de saber quais setores sociais um determinado partido político representa. Tal questão poderá parecer óbvia para alguns, mas ela não o é para a maioria dos que escrevem sobre os partidos políticos. Nas universidades, os cientistas políticos analisam os partidos de maneira formalista. São consideradas sua estrutura interna e seu papel no sistema partidário sempre isolando a vida do partido da estrutura social e econômica da sociedade.
Esse enfoque, que omite a questão da função representativa dos partidos, é praticado pelos neoinstitucionalistas, corrente amplamente hegemônica na Ciência Política contemporânea. Ainda nas universidades e também nos jornalões, a questão é omitida inclusive por outras razões.
Os articulistas que se apresentam como conhecedores da política brasileira se deixam iludir pelo discurso dos próprios partidos. Apegam-se à superfície desse discurso e tomam ao pé da letra suas proclamações de princípios e de intenções bem como suas declarações de ocasião. O resultado é que o exame rigoroso da representação partidária é deixado de lado.
Os partidos políticos representam, no geral e de modo complexo e flexível, interesses de classe e de frações de classe sociais. Partindo desse ponto, voltamos à pergunta: os tucanos representam a classe média?
II
No fundamental, a resposta é não, não representam. Como tentei argumentar em texto escrito anteriormente para o Brasil de Fato, o PSDB representa o grande capital internacional – financeiro e produtivo – e a fração da burguesia brasileira subsumida a esse capital.
A plataforma do PSDB, como tentei então mostrar, sistematiza e representa os interesses desse setor da classe dominante. Ao dizer isso, não me refiro às declarações genéricas desse partido, que é, como a de muitos outros, a “construção de um país mais próspero e mais justo”.
Refiro-me, isto sim, ao elenco de medidas práticas que esse partido defende, nas linhas ou nas entrelinhas dos seus documentos e nas manifestações de seus líderes, e que ele de fato aplica quando está no poder: controle rigoroso e por meios ortodoxos do processo inflacionário, taxa de juro elevada, câmbio estável e apreciado, redução dos gastos públicos com investimentos, com o funcionalismo e com programas sociais – mas não com a rolagem da dívida interna – e a retomada do programa de privatizações e da reforma trabalhista.
Indiquei, ainda no referido artigo, como é possível visualizar, por detrás dessas propostas, os interesses inconfessáveis – posto que contemplam uma restrita minoria – do grande capital internacional e da fração da burguesia brasileira a ele integrada. O PSDB tem sido, pelo menos até o presente, o principal partido político desse setor da classe dominante.
Se o PSDB fosse o partido da classe média, seríamos obrigados a concluir que essa classe social controlou o poder governamental durante os governos FHC e teria, então, dirigido o processo de implantação do modelo capitalista neoliberal no Brasil. Ora, não seria difícil demonstrar que não foi essa classe social, tão vasta e heterogênea, a grande beneficiária da desregulamentação do mercado de trabalho, da redução dos direitos sociais, das privatizações, da abertura comercial e financeira da década de 1990.
Contudo, numa dimensão que não é a fundamental embora seja também importante, o que se pode dizer a respeito da relação do PSDB com a classe média é que esse partido tem como base social mais ampla um setor da classe média. Esse setor não dirige o partido, mas oferece-lhe apoio ativo. A ação do partido deve, por isso, contemplar alguns interesses desse setor social, mesmo que não os priorize.
Mas, atenção: é apenas uma parte da classe média, a sua camada superior, que serve de base social para esse partido burguês e neoliberal. A classe média é demasiado heterogênea e raramente intervém unificada no processo político.
Podemos resumir assim: o PSDB representa os interesses do grande capital internacional e da fração da burguesia brasileira completamente integrada a esse capital e se apoia na alta classe média. Ou, dito de outro modo, o grande capital internacional dirige o PSDB enquanto a alta classe média tem, de maneira secundária, alguns dos seus interesses atendidos por esse partido [1].
A baixa classe média e mesmo a classe média remediada – camada intermediária e inferior do funcionalismo público, trabalhadores de escritório, comerciários e outros – têm votado preferencialmente em partidos como o PT. É certo que a divisão entre a parte superior, intermediária e inferior da classe média não é uma separação nítida, mas ela indica tendências efetivamente atuantes.
III
Para comprovar afirmações como essas seriam necessárias pesquisas mais amplas do que as que temos disponíveis. Porém, os mapas eleitorais de uma cidade como São Paulo são expressivos indicadores da procedência do que dissemos acima.
Nos bairros burgueses e de alta classe média, a população tem votado, de maneira amplamente majoritária, nos candidatos do PSDB, enquanto nos bairros onde habitam a classe média empobrecida e remediada, o proletariado e os trabalhadores da massa marginal, nesses últimos, o PT colhe a esmagadora maioria dos votos.
Para citar casos extremos mas significativos, no segundo turno da eleição para a prefeitura de São Paulo em 2012, o candidato do PT chegou a ter mais de 80% dos votos em bairros da Zona Leste e da Zona Sul da cidade, enquanto o candidato do PSDB atingiu a mesma marca nos Jardins.
Por que a alta classe média apoia o partido do grande capital internacional propiciando-lhe, ainda, alguma força eleitoral? As razões são de ordem econômica e ideológica.
Desde a década de 1990, quando serviu de “base de massa” para a ofensiva neoliberal dirigida pelo imperialismo e pela grande burguesia, a alta classe média convenceu-se de que os direitos sociais representam, para ela, custos sem retorno.
É verdade que parte da classe operária também embarcou nessa canoa – basta lembrarmos a atuação da Força Sindical naquele período e as vitórias de Fernando Henrique Cardoso em 1994 e 1998. Mas os trabalhadores o fizeram por razões distintas daquelas que moviam a alta classe média e, de resto, descobriram, em poucos anos, que tinham embarcado numa canoa furada.
No caso das famílias de alta classe média, elas mantiveram a sua posição. Os profissionais liberais bem sucedidos, os ocupantes de cargos de direção e administrativos nas empresas privadas, o alto funcionalismo público e outros setores que integram a fração superior da classe média não queriam e não querem saber de ensino ou de saúde pública – salvo quando a instituição pública é privilégio deles próprios, como ainda é o caso de algumas universidades públicas.
No geral, as famílias de alta classe média preferem os serviços privados que são, nos fatos ou na fantasia, de melhor qualidade e que, não menos importante, permite que elas e seus filhos se mantenham separados da população pobre. Ora, o neoliberalismo prometia isso: suprimir e reduzir direitos sociais acenando com uma correlata redução dos impostos.
Os governos do PT, tanto Lula quanto Dilma, embora não tenham rompido com o capitalismo neoliberal, têm uma política social distinta daquela da década de 1990. Em muitos aspectos, essa política contraria os interesses e as disposições ideológicas da alta classe média.
Tais governos criaram o Bolsa Família, fortaleceram o Benefício de Prestação Continuada, suspenderam as ameaças que pairavam sobre a aposentadoria rural, implantaram uma política de reajuste real do salário mínimo e deram guarida à lei que estende os direitos trabalhistas às empregadas domésticas.
Circunstância agravante: tais governos estimularam um ataque em regra à reserva de mercado que, informalmente, a alta classe média detinha de grande parte das vagas oferecidas pelas universidades públicas. Todos pudemos ver a disposição com a qual os intelectuais, professores e estudantes desse setor social combateram e combatem a política de quotas racial e social.
Nesse ponto, evidencia-se a maneira concreta como o conflito de classes articula-se com a luta contra o racismo no Brasil atual. A política de quota racial e social favorece a população de baixa renda, onde predominam os egressos de escola pública e onde é grande a presença de afrodescendentes, mas prejudica a alta classe média que detinha uma reserva do mercado em grande parte do ensino superior público e que é na sua quase totalidade composta por indivíduos socialmente definidos como brancos.
Ainda agora, neste primeiro semestre de 2013, o governo tucano de Geraldo Alckmin, sentindo-se acossado, faz acrobacias as mais variadas para manter a USP, a Unesp e a Unicamp fora do regime de quotas.
O discurso meritocrático, ideologia funcional para os interesses da alta classe média, foi ativado contra a democratização – pequena, de resto – que se está verificando no acesso ao ensino superior. Só esse discurso diante da política de quotas já mereceria um exame à parte. Ele nos revelaria muita coisa sobre o que quer e como age a alta classe média tucana.
No plano político, os governos Lula e Dilma têm reconhecido, para o desgosto da alta classe média, as organizações e movimentos do campo operário e popular, em contraste com os governos tucanos que os ignoravam ou os criminalizavam. O Governo Lula reconheceu as centrais sindicais, criou fóruns para sua participação, recebeu o MST, a Contag e os sem-teto.
O Governo Dilma, principalmente no período mais recente, tem feito algo parecido. É verdade que ambos fizeram ouvidos moucos para as reivindicações mais sentidas desses movimentos. As reivindicações históricas e recentes mais importantes do movimento sindical – política de reposição automática das perdas salariais provocadas pela inflação, jornada de 40 horas, regulamentação da terceirização e outras – foram ignoradas. A reforma agrária foi posta de lado.
Contudo, quando estudamos a história recente do Brasil, podemos verificar que a fração superior da classe média é particularmente hostil a governos que reconheçam o direito dos setores populares se organizarem e apresentarem suas reivindicações.
O problema, aqui, é político e simbólico. Político, porque a alta classe média pressente o perigo – hoje, eles são convidados no Palácio do Planalto, amanhã poderão ambicionar serem os anfitriões; simbólico, porque o espaço dito público, onde se pratica o jogo político, deveria, de acordo com o elitismo meritocrático desse setor, permanecer um espaço reservado aos diplomados. Basta recordar o epíteto de ignorante com o qual os bem-nascidos – mas muito malcriados – estigmatizam os políticos de origem popular.
Os interesses do grande capital internacional e da fração da burguesia brasileira a ele completamente integrada, representados pelo PSDB, encontraram uma base de apoio no Brasil. Essa base não é “a classe média”. A parte majoritária da classe média apoia a política neodesenvolvimentista dos governos do PT. Essa base de apoio é a fração superior da classe média brasileira, a alta classe média. Em termos eleitorais, não é muito e em daí as agruras do PSDB.
[1] Há algumas diferenças entre a alta classe média inserida no setor público e a que está no setor privado, mas, para efeito deste texto, podemos deixar isso de lado.

 Armando Boito Jr. é professor de Ciência Política da Unicamp

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

MENOS CRUCIFIXO, MAIS TRABALHO FIXO. 17 de setembro: ocupar Wall Street

corrupção nos mercados: operação Alquimia da PF desmantela rede de fraudes na indústria  química conectada a paraísos fiscais** prejuízos à receita pública: R$ 1 bilhão de reais **ilhas, mansões, carros de luxo, iates são confiscados**10 crianças somalis morrerão de fome hoje em acampamentos na Etiópia** é a média, diz ONU.  
Milhares de indignados tomam as ruas do centro de Madrid nesta 4º feira e ocupam a praça do Sol em protesto contra gastos públicos  para recepcionar a viagem do Papa Bento XVI, que chega nesta 5º feira à capital espanhola. 'Mais educação, menos religião', dizem cartazes empunhados pela multidão. A Praça do Sol, tradicional reduto dos 'indignados' foi interditada há mais de 15 dias como preparativo para a chegada do Papa que participa na Espanha das Jornada Mundial da Juventude. A Espanha tem o maior índice de desemprego do euro, 20%. Entre os jovens a taxa é dramaticamente superior, chega a 45%, no caso da Andaluzia, por exemplo. A crise atingiu em cheio a economia espanhola cujo crescimento mimetizou a bolha imobiliária norte-americana. O governo Zapatero mimetizou igualmente a terapia  ortodoxa de cortes de gastos para atender à pressão dos mercados. Fundos e bancos ameaçam não  financiar mais a dívida pública espanhola, exigindo juros cada vez mais elevados do governo. Zapatero antecipou para novembro as eleições a sua sucessão. Pesquisas indicam que a direita está em vantagem na corrida eleitoral. Manifestantes laicos pró-emprego e cristão pró-Papa  trocaram insultos  na Porta do SOl.


 
Um esboço de coordenação e de plataforma comum começa a ser articulado por lideranças das mobilizações de rua de países europeus. A grande novidade há muito ansiada pela esquerda mundial é a possível adesão de movimentos civis norte-americanos aos protestos que convergem para dois pontos: mais democracia,  menos poder às finanças desreguladas. Tudo ainda muito incipiente, mas é certo que o amálgama tem a força da coerência: uma coisa depende da outra e a saída para a crise depende das duas. O impulso de convergência tem uma data e uma palavra de ordem que vai ao ponto unificando os dois propósitos das ruas: "17 de setembro: ocupar Wall Street'. A ver (leia Nouriel Roubi nesta pág.
"Sem estímulo fiscal ou reestruturação global da dívida, não há saída" e http://occupywallstreet.com/ )
(Carta Maior; 4º feira, 17/08/ 2011)

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Quem serve a quem na direita?

Você já se perguntou se é a mídia que serve à oposição de direita ou se é esta que serve àquela? Durante os últimos anos, como a mídia se dedicou a produzir factóides que servissem ao discurso oposicionista, prevaleceu a sensação de que Serra e sua turma a tinham nas mãos. Mas e se a for a mídia que usa os Serras, Alckmins e FHCs da vida?
Pensemos juntos. Por que a mídia bilionária serviria a um grupo político que dela depende para sobreviver? Todos viram o estrago que algumas míseras denúncias que saíram na mídia durante o processo eleitoral – quando esta deu a fatura por liquidada em favor de Dilma – fizeram na candidatura tucana à Presidência.
Ao contrário do grupo político lulo-petista, o grupo demo-tucano demonstrou não ter a menor resistência à investigação e ao questionamento de uma só das dezenas de denúncias não divulgadas que pesam contra os partidos de direita. Sem o apoio da mídia, PSDB, DEM e PPS talvez nem sobrevivessem a estas eleições.
A mídia parece ter um poder de barganha com os partidos de direita que os deixa muito distantes de poderem se servir dela. É mais provável, por esta linha de pensamento, que as famílias midiáticas é que escolham políticos que julguem com “potencial” para lograrem vitórias políticas, as quais serão usadas para atenderem a demandas de classe social.
Ou seja, a mídia tampouco é general de nada. No máximo, é tenente a serviço de um setor muito pequeno da sociedade que, através de empresários de comunicação, vinha conseguindo fazer com que os seus interesses nada representativos parecessem os interesses de todos.
Tal poder, porém, começou a minguar. Da virada do milênio para cá, essa mídia passou a perder doses maciças desse poder de eleger e/ou de derrubar políticos.
Note-se que a ida da eleição presidencial para o segundo turno mais uma vez – depois de ter sido logrado o mesmo em 2006 – evitou que os meios de comunicação se tornassem atores irrelevantes ou de somenos importância em processos eleitorais futuros.
Todavia, não se pode esquecer de que a direita brasileira perdeu a terceira eleição presidencial consecutiva apesar de todo o aparato de comunicação de que dispõe. É importantíssimo notar que uma consistente maioria do eleitorado brasileiro disse um enorme não aos factóides tucano-midiáticos, aos seus propagadores e ao candidato deles.
Não vamos nos esquecer de que quem ficou ao lado de Dilma e de Lula mesmo com a avalanche de denúncias que se viu, certamente acredita que os adversários deles – tanto na mídia quanto na classe política – mentiram.
O fato é que se esta linha de pensamento estiver certa, a cadeia de comando correta é elite branca, mídia e, por último, os partidos que se dispõem a representar os interesses de um estrato social extremamente rico e diminuto que põe à disposição dos seus soldados políticos um aparato de propaganda bilionário.