Como diria o Machado – “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, Cap. II – , uma ideia pendurou-se no trapézio que tinha no cérebro e me levou da notável entrevista da Juiza Marcia Loureiro, de São José dos Campos, a Hannah Arendt.
A Juíza é aquela que decidiu dar reintegração de posse ao grande “financista” Naji Nahas – como diz o Elio Gaspari, colonista (*) da Folha (**) e do Globo.
(A dois pernambucanos, o Globo deu outro tratamento, neste domingo.)
A Juíza Marcia Loureiro demonstrou ser uma exemplar técnica do Direito.
Seus argumentos dentro e fora dos autos são irretocáveis.
Breve, com certeza, chegará a desembargadora do Tribunal de Justiça de São Paulo.
É uma especialista em Direito.
O trapézio foi, voltou, foi e o ansioso blogueiro pousou na página 274 do portentoso livro “Eichmann em Jerusalém – relato sobre a banalidade do mal”, de Hannah Arendt, edição da Companhia das Letras, São Paulo, 2000.
Trata-se da versão ampliada da reportagem que fez para a revista The New Yorker sobre o julgamento do carrasco nazista em Jerusalém.
Arendt reproduz os últimos momentos de Eichmann e o que ele diz, depois de tomar meio copo de vinho tinto, que tinha pedido:
“Dentro de pouco tempo, senhores, iremos encontrar-nos de novo. Esse é o destino de todos os homens. Viva a Alemanha, viva a Argentina, viva a Áustria. Não as esquecerei.”
“Diante da morte” – continua Arendt – “encontrou o clichê usado na oratória fúnebre. No cadafalso, sua memória lhe aplicou um último golpe: ele estava ‘animado’, esqueceu-se de que aquele era seu próprio funeral.”
“Foi como se naqueles últimos minutos estivesse resumindo a lição que este longo curso de maldade humana nos ensinou – a lição da temível banalidade do mal, que desafia as palavras e os pensamentos.”
“Banalidade do mal” – Arent pagou caro por essa expressão.
Muitos intérpretes consideraram que o mal praticado por Eichmann não era banal.
Mas, Eichmann era.
Banal.
A epígrafe do livro é devastadora:
“Ó Alemanha …
Ouvindo as falas que vêm da tua casa, rimos.
Mas quem te vê corre a pegar a faca.”
Bertolt Brecht
O mesmo trapézio machadiano continuou a balançar e conduziu, agora, o ansioso blogueiro, ao filme “The Specialist”- “o extraordinário julgamento de um assustador homem comum”.
O filme é de Eyval Sivan e Rony Brauman, a que o ansioso blogueiro assistiu no templo do Film Forum, na rua Houston, a oeste da Sexta Avenida, em Nova York.
O filme é apenas a edição das imagens oficiais do julgamento, em que Eichmann aparece o tempo todo dentro de uma jaula de vidro.
O trecho em que dá vontade de pegar uma faca é quando ele descreve os cálculos que fez – ele se dizia engenheiro e não era – oh !, maldita coincidência ! – para acomodar o maior número de judeus num único vagão da composição que levava aos campos de Pinheirinho, digo, aos campos de extermínio.
Ele reproduziu os cálculos.
Tantos centímetros quadrados por judeu de pé.
Quantas malas, de qual cubagem e a área disponível em cada vagão.
(Dependia do tipo do vagão, de quantas malas deixava transportar.)
O trapézio levou o ansioso blogueiro de novo a Machado:
“Na sociedade, como a criaram, as peças têm que ficar onde estão, bispo é bispo, cavalo é cavalo.” (“Bolas de estalo”, 30 de novembro de 1885, segundo Raymundo Faoro, em “Machado de Assis: A pirâmide e o trapézio”, Editora Globo.
Maldito trapézio !
Paulo Henrique Amorim
A Juíza é aquela que decidiu dar reintegração de posse ao grande “financista” Naji Nahas – como diz o Elio Gaspari, colonista (*) da Folha (**) e do Globo.
(A dois pernambucanos, o Globo deu outro tratamento, neste domingo.)
A Juíza Marcia Loureiro demonstrou ser uma exemplar técnica do Direito.
Seus argumentos dentro e fora dos autos são irretocáveis.
Breve, com certeza, chegará a desembargadora do Tribunal de Justiça de São Paulo.
É uma especialista em Direito.
O trapézio foi, voltou, foi e o ansioso blogueiro pousou na página 274 do portentoso livro “Eichmann em Jerusalém – relato sobre a banalidade do mal”, de Hannah Arendt, edição da Companhia das Letras, São Paulo, 2000.
Trata-se da versão ampliada da reportagem que fez para a revista The New Yorker sobre o julgamento do carrasco nazista em Jerusalém.
Arendt reproduz os últimos momentos de Eichmann e o que ele diz, depois de tomar meio copo de vinho tinto, que tinha pedido:
“Dentro de pouco tempo, senhores, iremos encontrar-nos de novo. Esse é o destino de todos os homens. Viva a Alemanha, viva a Argentina, viva a Áustria. Não as esquecerei.”
“Diante da morte” – continua Arendt – “encontrou o clichê usado na oratória fúnebre. No cadafalso, sua memória lhe aplicou um último golpe: ele estava ‘animado’, esqueceu-se de que aquele era seu próprio funeral.”
“Foi como se naqueles últimos minutos estivesse resumindo a lição que este longo curso de maldade humana nos ensinou – a lição da temível banalidade do mal, que desafia as palavras e os pensamentos.”
“Banalidade do mal” – Arent pagou caro por essa expressão.
Muitos intérpretes consideraram que o mal praticado por Eichmann não era banal.
Mas, Eichmann era.
Banal.
A epígrafe do livro é devastadora:
“Ó Alemanha …
Ouvindo as falas que vêm da tua casa, rimos.
Mas quem te vê corre a pegar a faca.”
Bertolt Brecht
O mesmo trapézio machadiano continuou a balançar e conduziu, agora, o ansioso blogueiro, ao filme “The Specialist”- “o extraordinário julgamento de um assustador homem comum”.
O filme é de Eyval Sivan e Rony Brauman, a que o ansioso blogueiro assistiu no templo do Film Forum, na rua Houston, a oeste da Sexta Avenida, em Nova York.
O filme é apenas a edição das imagens oficiais do julgamento, em que Eichmann aparece o tempo todo dentro de uma jaula de vidro.
O trecho em que dá vontade de pegar uma faca é quando ele descreve os cálculos que fez – ele se dizia engenheiro e não era – oh !, maldita coincidência ! – para acomodar o maior número de judeus num único vagão da composição que levava aos campos de Pinheirinho, digo, aos campos de extermínio.
Ele reproduziu os cálculos.
Tantos centímetros quadrados por judeu de pé.
Quantas malas, de qual cubagem e a área disponível em cada vagão.
(Dependia do tipo do vagão, de quantas malas deixava transportar.)
O trapézio levou o ansioso blogueiro de novo a Machado:
“Na sociedade, como a criaram, as peças têm que ficar onde estão, bispo é bispo, cavalo é cavalo.” (“Bolas de estalo”, 30 de novembro de 1885, segundo Raymundo Faoro, em “Machado de Assis: A pirâmide e o trapézio”, Editora Globo.
Maldito trapézio !
Paulo Henrique Amorim
(*) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.
(**) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.
(**) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.
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