Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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domingo, 13 de agosto de 2017

ONU diz que Venezuela supera Brasil em qualidade de vida

ONU diz que Venezuela supera Brasil em qualidade de vida

idh capa
E as polêmicas envolvendo a Venezuela só fazem crescer porque é fácil atirar em um país cercado de inimigos por todos os lados. A questão venezuelana é perfeita para governos atolados em impopularidade como o do Brasil distraírem a população de seus próprios problemas.
A guerra ideológica está espalhada pela América Latina há muito tempo, mas a direita vinha sendo surrada desde o fim do século passado. Eis que nos últimos anos, os efeitos da crise econômica internacional atingiram as economias do Terceiro Mundo após flagelarem o Primeiro Mundo.
Foi a chance para a direita se reerguer na América Latina. Vários países da região passaram a ter regimes conservadores. Na América do Sul, em particular, Argentina, Brasil e Paraguai endireitaram. Os dois últimos através de golpes.
Apesar de o Brasil ter passado às mãos da direita através de um golpe, não se pode ignorar que houve apoio popular a esse golpe, o que não o faz menos golpe, porque a lei não permite que a população derrube governos só por estar insatisfeita.
Enfim, o fato é que a direita usou e continua usando técnicas de mídia muito eficientes para enganar incautos. E incautos não faltam neste país.
Este post é produto de um surto de indignação gerado por um canal do YouTube que construiu um discurso com aparência de sério para contar uma montanha de mentiras sobre a Venezuela.
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É um canal forte. A farsa que montou já conta com mais de 200 mil visualizações. Uma legião de zumbis feitos de trouxas com dados falsos, produzidos pela rede farsante de desinformação montada pela mídia venezuelana, sempre decidida a derrubar o regime eleito pela primeira vez em 1998 e reeleito em 2015.
O espertinho só “linkou” matérias em inglês para dificultar a verificação da veracidade dos dados. Vai dar muito trabalho desmontar tantas farsas. A gente sabe que o dado é falso, mas precisa provar que é falso. Desse modo, o Blog vai desmontar essa farsa pedacinho por pedacinho, para se aprofundar bem.
Comecemos pelo primeiro link postado pelo canal enganador:

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Trata-se de uma matéria do The Guardian (Grã Bretanha). É um texto opinativo que diz que OITENTA E DOIS POR CENTO do povo venezuelano vive na pobreza.

ONU diz que Venezuela supera Brasil em qualidade de vida

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E as polêmicas envolvendo a Venezuela só fazem crescer porque é fácil atirar em um país cercado de inimigos por todos os lados. A questão venezuelana é perfeita para governos atolados em impopularidade como o do Brasil distraírem a população de seus próprios problemas.
A guerra ideológica está espalhada pela América Latina há muito tempo, mas a direita vinha sendo surrada desde o fim do século passado. Eis que nos últimos anos, os efeitos da crise econômica internacional atingiram as economias do Terceiro Mundo após flagelarem o Primeiro Mundo.
Foi a chance para a direita se reerguer na América Latina. Vários países da região passaram a ter regimes conservadores. Na América do Sul, em particular, Argentina, Brasil e Paraguai endireitaram. Os dois últimos através de golpes.
Apesar de o Brasil ter passado às mãos da direita através de um golpe, não se pode ignorar que houve apoio popular a esse golpe, o que não o faz menos golpe, porque a lei não permite que a população derrube governos só por estar insatisfeita.
Enfim, o fato é que a direita usou e continua usando técnicas de mídia muito eficientes para enganar incautos. E incautos não faltam neste país.
Este post é produto de um surto de indignação gerado por um canal do YouTube que construiu um discurso com aparência de sério para contar uma montanha de mentiras sobre a Venezuela.
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É um canal forte. A farsa que montou já conta com mais de 200 mil visualizações. Uma legião de zumbis feitos de trouxas com dados falsos, produzidos pela rede farsante de desinformação montada pela mídia venezuelana, sempre decidida a derrubar o regime eleito pela primeira vez em 1998 e reeleito em 2015.
O espertinho só “linkou” matérias em inglês para dificultar a verificação da veracidade dos dados. Vai dar muito trabalho desmontar tantas farsas. A gente sabe que o dado é falso, mas precisa provar que é falso. Desse modo, o Blog vai desmontar essa farsa pedacinho por pedacinho, para se aprofundar bem.
Comecemos pelo primeiro link postado pelo canal enganador:

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Trata-se de uma matéria do The Guardian (Grã Bretanha). É um texto opinativo que diz que OITENTA E DOIS POR CENTO do povo venezuelano vive na pobreza.
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O autor do texto é um sujeito chamado “Reinaldo Trombetta”. Até 2007, vivia na Venezuela e trabalhava em um dos jornais que fazia – e continua fazendo – oposição cerrada a Hugo Chávez, o El Nacional. Eis que surge uma jornalista norte-americana chamada Eva Golinger afirmando que Trombetta estava sendo pago pelo Departamento de Estado norte-americano para atacar Chávez.
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A notícia foi publicada pelo diário antichavista venezuelano El Universal em 26 de maio de 2007. Segue trecho da matéria.
33 comunicadores de varios medios están en la lista presentada por Gollinger
MARÍA LILIBETH DA CORTE |  DIARIO
sábado 26 de mayo de 2007  12:00 AM
MARÍA LILIBETH DA CORTE
EL UNIVERSAL
La abogada estadounidense, Eva Golinger, advirtió que no pretende “perseguir o atacar ni emprender una campaña de intimidación contra nadie”. Aclaró que s´olo busca “alertar” que los periodistas que participaron en el programa de la Oficina de Asuntos Culturales del Departamento de Estado de EEUU pasan a ser “sus empleados”, según las leyes de esa nación.
“Los objetivos del programa son obtener influencia sobre la línea editorial de los medios venezolanos y aquí, lamentablemente, a lo mejor hay periodistas que han sido manipulados por el Departamento de Estado”, agregó la también autora del libro El Código Chávez, quien informó que la lista de participantes fue “desclasificada” por el Gobierno de EEUU, dos años después de que se los solicitara, bajo la Ley de Acceso a la Información.
[…]
En la rueda de prensa, presentada por el presidente de Telesur, Andrés Izarra, Golinger mencionó a los periodistas María Fernanda Flores y Ana Karina Villalba (Globovisión), Roger Santodomingo (Noticiero Digital), Fausto Masó, Miguel Ángel Rodríguez (RCTV) y Reinaldo Trombetta, quien al momento de realizar el curso trabajaba en El Nacional y actualmente es director de Asuntos Públicos del Instituto de Artes Escénicas y Musicales del Ministerio de la Cultura.
Em 2 de agosto de 2007, o mesmo El Universal reconheceu que Trombetta era mesmo pago pelo governo norte-americano, apesar de dizer  que esses pagamentos não tinham nada que ver com suas críticas ao inimigo estadunidense Hugo Chávez.
Seja como for, no ano seguinte Reinaldo Trombetta deixou a Venezuela e foi viver na Grã Bretanha trabalhando como colunista do The Guardian e alegando que era perseguido pela “ditadura chavista” na Venezuela.
Nada disso prova, porém, que sua afirmação sobre a pobreza na Venezuela seja falsa. Porém, seu artigo, supra reproduzido diz, no título, que “Na Venezuela, 82% do povo vive na pobreza”, mas o assunto só é abordado – superficialmente – no último parágrafo de um texto de 12 parágrafos.
O Blog traduziu o trecho final, no qual o articulista “explica” a enormidade da afirmação sobre os 82% de pobres naquele país.
“(…) Mas e as dezenas de políticos e jornalistas – incluindo o líder da oposição – quem até recentemente elogiou as “conquistas” de Hugo Chávez e agora ficou quieto? Eles sempre pareciam sugerir que tinham o bem-estar do povo venezuelano no coração. Agora que 82% das famílias vivem na pobreza, elas não parecem interessadas em tudo o que está acontecendo na Venezuela. É uma pena, porque suas vozes podem realmente ser úteis, porque o mundo convida Maduro a restaurar a democracia e respeitar os direitos humanos (…)”
A gente não sabe se ri ou chora. Um texto intitulado “Na Venezuela, 82% do povo vive na pobreza” não deveria explicar melhor essa informação? Qual a fonte? Quem disse? Qual é a confiabilidade disso.
Apesar de Trombetta não ter trombeteado a fonte da informação, assim como o canal picareta lá do YouTube, o Blog foi atrás e descobriu de onde saiu essa enormidade.
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A pesquisa Encovi (Encuesta Sobre Condiciones de Vida em Venezuela) fundamentou o artigo de trombeta. Você pode ler o estudo na íntegra no box abaixo
A pesquisa usa uma malandragem clara. Em primeiro lugar, divide as classes sociais na Venezuela de uma forma maluca: pobres, não-pobres e pobres-extremos.
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Ou seja, não tem classe média alta, classe média baixa ou classe rica. Desse modo, se não for rico é pobre (?!).
Mas, afinal, é um estudo. Ou ao menos parece ser. Mas a pesquisa Encovi é confiável? O Blog foi saber de quem se trata. E que cada um julgue como quiser. Afinal, a inconfiabilidade dessa pesquisa não é o golpe de misericórdia que será aplicado nela nesta matéria. É apenas um golpe contundente. O nocaute virá por último.
Esse estudo foi apresentado pela mídia Venezuelana como tendo sido elaborado pelas Universidades Central, Simón Bolívar y Católica Andrés Belo, mas, na verdade, é uma publicação confeccionada sob a direção da Fundação Bengoa, do Observatório Venezuelano de Violência e outras supostas ONGs financiadas (entre outros) pelo governo norte-americano através da Agência dos Estados Unidos Para o Desenvolvimento Internacional (USAID)
A Fundação Bengoa pertence a duas instituições vinculadas à oposição Venezuelana e vinculadas à USAID: a Rede Venezuelana para Organizações de Desenvolvimento social e a Organização Venezuela Sem Limites.

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Se nos aprofundamos um pouco mais descobrimos que a Rede Venezuelana para Organizações Para Desenvolvimento Social (REDSOC) é uma entidade financiada pela Agência dos Estados Unidos Para o Desenvolvimento Internacional (USAID)
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Ou seja, o “estudo” foi feito por gente muito interessada em vender ao mundo essa barbaridade de que 82% dos venezuelanos são pobres. E é incrível como, no Brasil, esse conto do vigário pegou graças a uma mídia  irresponsável ao ponto de divulgar um estudo fake de uma organização sem maior respaldo e sob financiamentos suspeitos.
O malandrinho que postou no YouTube esse “estudo” fake poderia ter usado um veículo brasileiro em lugar do artigo opinativo do tal Trombetta, pois, em fevereiro, o G1 e todos os outros grandes e pequenos sites de direitas “trombetearam” essa farsa sem parar.
grande mídia brasileira difundir fartamente essa farsa dos 82% de pobres na Venezuela só serve para mostrar como há uma conspiração internacional contra a Venezuela, regida pelos Estados Unidos.
Porque o Estudo não faz sentido. Esses números são falsos, são absurdos. Só países miseráveis como Sudão do Sul (IDH 181), Burkina Faso (IDH 185) ou República Centro Africana (IDH 188, o último) teriam tantos pobres.
Aí é que vem o golpe de misericórdia nesse estudo criminoso que andam divulgando. Em março deste ano, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) publicou o Relatório do Desenvolvimento Humano 2016, no qual a Venezuela se mantém como um dos países com um alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) no ranking de 188 países.
O IDH mede o progresso de uma nação com base na renda, saúde e educação, e vai de zero a um. Quanto mais pero do um, maior é o índice de desenvolvimento humano do país avaliado.
No relatório deste ano, a Venezuela aparece com uma pontuação de 0,767, no 71º lugar, acima do Brasil, cujo índice é 0,754 e ocupa o 79º lugar no ranking de melhores ou piores países para se viver.
Mais uma vez, o estudo foi encabeçado pela Noruega e o último colocado, como o pior país do mundo para se viver, foi a República Centro Africana, IDH 188.
No box abaixo você pode ler o estudo na íntegra. O site do PNUD só disponibiliza versão em inglês.
A imprensa séria divulga os dados corretos sobre a Venezuela. Veículos como Huffpost ou BBC Brasil divulgaram boas matérias desmontando as  mentiras sobre a Venezuela.

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Quem quiser entender quem é quem no mundo contemporâneo, em termos de qualidade de vida, pode acessar a integra do ranking no IDH clicando aqui
Aí vem a malandragem. Os farsantes afirmam que a pesquisa desconhecida bancada pelos inimigos do governo venezuelano é boa e o Índice de Desenvolvimento da ONU não vale nada porque o presidente Nicolás Maduro teria mandado os órgãos oficiais entregarem dados falsos ao organismo internacional.
Só uma besta quadrada poderia dar crédito a uma pesquisa fake em detrimento do maior estudo do mundo sobre as condições de vida dos países.
O IDH é vital para determinar investimentos estrangeiros, por exemplo. Se fosse tão simples fazer a ONU chancelar dados falsos, todos os países estariam em condições aceitáveis. Quem iria querer integrar os países de baixo desenvolvimento se bastasse uma mentirinha para sair bem na foto?
Porém, a mídia brasileira deu uma publicidade estratosférica a essa farsa dos 82% de pobres na Venezuela e sonegou ao público que dados internacionalmente reconhecidos, como os do IDH, dizem exatamente o oposto que esse estudo fake.
É angustiante ver essas mentiras contaminando inclusive gente decente, que, involuntariamente, junta-se a uma rede de mentiras cujo objetivo é colocar a América Latina de joelhos diante dos Estados Unidos e do grande capital transnacional.
Como sempre, esta página fez a sua parte. Agora é com você, se tiver chegado até aqui. Não deixe de divulgar a verdade dos fatos. E de usar este meio para contestar tantas informações falsas que circulam por aí. Se nos omitirmos, tornamo-nos cúmplices desses criminosos.
*
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segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Chiclete eu misturo com banana, Miami com Copacabana

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Para a galera “coxinha” que anda sonhando com Miami e acha que nós, “esquerdistas desgraçados” ficamos contando mentiras sobre aquele paraíso dourado de felicidade, branquinho, limpinho e onde higienizaram a vida daqueles pobres inconvenientes, vai um recorte grátis de um veículo de comunicação “bacana”: o Huffington Post.
Traduzo, para os que não lêem o inglês.
Insegurança no Sul da Flórida: Cerca de um milhão de moradores não sabem de onde virá a próxima refeição.
Não chega para dar o que pensar?
Que tal o que diz a Forbes?
“Playground dos ricos e famosos, a cidade da Flórida passa por uma paralisante crise habitacional, tem uma das mais elevadas taxas de criminalidade do país, e seus habitantes passam horas demais no transporte todos os dias”,
Portanto, cuidado.
Vocês vão gastar um dinheirão e arriscam se ver em meio a um monte de pobres.
Para ajudar, deixo aqui o link de um mapa de dados interativos sobre quanto há de gente (eles são gente, ouviram?) vivendo abaixo da linha da pobreza.
Há bairros que superam em muito os níveis de pobreza das nossas favelas de Copacabana ou de Paraisópolis.
Dois terços vivendo abaixo da linha da pobreza.
Na cidade inteira, 35% vivem nessa situação.
Tem gente nos sinais, pedindo dinheiro. Em inglês, é verdade, mas pedindo.
Lamento informar, meninos, o mundo é global.
Pode ter muro para conter mexicanos na Califórnia (vocês não comemoraram tanto a queda daquele outro, ontem), ou “green card”  só para endinheirados,  mas não tem  mais jeito.
O mundo ficou pequeno demais para ser tão desigual.

terça-feira, 25 de março de 2014

Veja com Santayannna porque o México é BBB+ no rating da S&P

mexico
Em dezembro do ano passado, em sua última mudança significativa das suas notas de crédito antes da de ontem, que rebaixou o Brasil (de BBB para BBB-), a agência classificadora de risco Standard & Poor’s elevou o “rating” do México de BBB para BBB+.
Um artigo publicado hoje por Mauro Santayanna no Jornal do Brasil ajuda a entender porque o país se tornou o “queridinho” dos mercados sem exibir um sucesso econômico quue se reflita nos padrões de vida de seu povo.
O “prêmio de bom-comportamento” do México é, essencialmente, ter feito o que Fernando Henrique fez no Brasil em 1997: abrir a exploração de petróleo aos grupos estrangeiros.
Santayanna é o melhor remédio contra o discursoo que a direita brasileira se prepara para fazer; o da “mexicanização” do Brasil.
Isso inclui, além do petróleo, acordos comerciais lesivos, com o abandono das parcerias no Mercosul e “fllexibilização” dos direitos trabalhistas para que se possa usar o Brasil como plataforma de montagem de produtos para a exportaçãoo,  o que definirão com o nome de “reindustrialização” do país.
O mundo está mudando, mas não mudou e nem mudaram os interesses que fazem “money makes the world go around”.

O Gato e a Lebre

O México é um país pobre e desigual
Mauro Santayanna
A OCDE – Organização para o Comércio e o Desenvolvimento Econômico, divulgou um relatório, na última terça-feira, classificando o México e o Chile, ambos formalmente sócios da “Aliança do Pacífico”, como os dois países com maior desigualdade do grupo.
Até aí, nada a estranhar, a OCDE reúne países teoricamente desenvolvidos, que exibem dados sociais – remanescentes do período anterior à crise economia – melhores do que a da maioria dos países latino-americanos, mas eles tem se deteriorado rapidamente nos últimos anos.
A dívida explodiu entre os 34 membros da OCDE, principalmente os PIIGS (Portugal, Itália, Irlanda e Espanha). E o desemprego aumentou para um total de 48 milhões de pessoas, 15 milhões a mais do que em 2007, alcançando em alguns lugares, como a própria Espanha, taxas próximas a 30%.
O Chile – costumeiramente apresentado como um “milagre” latino-americano, que muitos atribuem a Pinochet – consegue ser ainda mais desigual que o México.
Mas o México perde para o Chile em renda. A sua é a menor da OCDE, e uma das mais baixas entre os países latino-americanos.
O país de Zapata, também cantado pela mídia como “exemplo” para o continente, tem, segundo estatística do FMI de 2012,  renda menor que a do Chile, Uruguai, Brasil, Argentina e Venezuela.
E o pior, no lugar de crescer, ela tem diminuído nos últimos três anos. Isso, considerando-se que o México não conta com uma legislação trabalhista ou uma rede de proteção social, ou programas de renda mínima, que possam garantir um mínimo de dignidade para a população.
Na nação dos tacos e da tequila – o que explica parte de seu “sucesso” manufatureiro na montagem e maquiagem, com peças de terceiros, de produtos destinados aos Estados Unidos – sequer existe seguro-desemprego.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho, quase 60% dos empregos no México são informais, contra 28% na Argentina, 34% no Brasil, 45% na Colômbia, e 45% no Peru. E quatro em cada dez cidadãos mexicanos não conseguem dinheiro para pagar uma cesta básica a cada 30 dias.
Como faziam os meios de comunicação espanhóis, que achavam que a Espanha estava uma maravilha, quando na verdade, já estava sendo engolida pela crise, os jornais mexicanos se gabam do país ter entrado para o NAFTA, o acordo que os uniu, economicamente, ao Canadá e aos Estados Unidos, e de terem assinado, com outros países,  dezenas de acordos bilaterais de livre comércio.
Mas não falam dos déficits históricos em sua balança comercial, que sua renda per capita está praticamente estagnada há mais de duas décadas, e que seu poder de compra tem caído, no lugar de aumentar,   nos últimos anos.
O problema da fome, do abastecimento e da inflação de alimentos também é muito grave no membro mais pobre do NAFTA.
Muita gente acha que o Brasil tem que parar de mandar alimentos para a Venezuela, mas não sabe que o governo mexicano está ultimando a compra, em nosso país, em caráter emergencial, de 300.000 toneladas de frango, para impedir que o preço das proteínas exploda, e que falte comida nos supermercados.
Muitos mexicanos também acreditam na balela de que o México é grande exportador de manufaturas, enquanto o  Brasil só exporta commodities – esquecendo-se que somos o terceiro maior fabricante e vendedor global de aviões.
O fato de que sejamos o maior exportador mundial de suco de laranja, café, açúcar, carnes, – além de primeiro em minério de ferro e o segundo em etanol – e de que tenhamos triplicado nossa safra de grãos nos últimos 12 anos e estejamos a ponto de ultrapassar os EUA como o maior exportador de soja do mundo, só quer dizer uma coisa: soubemos dar mais valor à segurança alimentar do que outros países latino-americanos, e hoje temos comida para abastecer nossa mesa, e para vender para o resto do mundo.
Na hora de ler os jornais, ouvir o rádio, ou ver os noticiários de televisão, ao ouvir falar das ”reformas” e de supostos avanços mexicanos com relação ao Brasil – quando eles cresceram a metade do nosso PIB no último ano – é bom ficar com o pé atrás e colocar as barbas de molho.
Não podemos comer gato por lebre, e seguir os passos dos mexicanos, que venderam a alma ao diabo, ao se agregar – como pouco mais que escravos e camareiros – ao sistema econômico norte-americano.
Ao nos oferecer acordos semelhantes, como a UE está fazendo agora – e os EUA tentarão fazer logo em seguida – os países “ocidentais” não vão abrir seus mercados para nossas manufaturas – pelo contrário, eles têm reduzido suas compras e aumentado as vendas para cá nos últimos anos. Irão apenas tomar, implacavelmente, das nossas indústrias, o mercado sul-americano.