Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 13 de outubro de 2014

A dolorosa epifania do barbeiro tucano


Faz mais de 10 anos que todo mês tenho uma “briga” marcada com o meu barbeiro, um cearense de trajetória admirável. Ele veio para São Paulo nos anos 70 em busca de uma vida melhor. Comeu o pão que o diabo amassou, mas pode-se dizer que venceu.
Em Sampa, Pedrinho conheceu uma pernambucana, que desposou. Com ela teve um filho, que nasceu “especial”. Mas sua trajetória de vida fez dele um conservador. Aprendeu a cortar cabelo quando serviu no Exército, e não foi só isso que lá aprendeu.
A caserna fez do barbeiro cearense um reacionário. Tem preconceito contra homossexuais e sempre teve um ódio visceral pelo PT. Inexplicavelmente, por conta do Bolsa Família.
Algumas vezes pensei em trocar de barbeiro, mas, além de Pedrinho ser um homem sério, trabalhador e de bom coração – apesar da ignorância –, ninguém corta meu cabelo tão bem quanto ele.
O barbeiro e a família que formou integraram-se à classe média paulista, sobretudo depois que ele começou a ganhar dinheiro – ironicamente, na era Lula –, comprou o imóvel onde funciona a barbearia e se mudou para a Vila dos Remédios, do outro lado do Tietê – morava em Guaianases, antes.
Não chega a ser um bairro nobre, mas a casa é dele.
Uma vez por mês, entro no estabelecimento, abraçamo-nos e logo me acomodo em uma das três cadeiras eletrônicas de barbeiro das quais ele tanto se orgulha, apesar de que jamais entendi por que um barbeiro que trabalha sozinho precisa de três cadeiras.
Enfim, após as gentilezas protocolares, eu ou ele puxamos o assunto política. Às vezes, finjo que desta vez não estou afim de discutir, mas a discussão acaba surgindo. E sempre acalorada. Terminou o corte, porém, volta a cordialidade e nos despedimos com outro abraço.
Pedrinho previu que Marina se mostraria uma farsa e que logo ruiria. E, antes de qualquer outro, já dizia que o candidato “certo” para “derrotar o PT” seria Aécio, que iria para o segundo turno.
Detalhe: Pedrinho só se informa pela tevê e pelo rádio – Globo e CBN. E pelos “doutores” engravatados da Bovespa que também cortam o cabelo ali – a barbearia fica no centro velho. Não lê jornais ou revistas, e parece ter medo da internet e de computadores em geral.
No sábado, fui cortar o cabelo. Alguma coisa me dizia que teria muito a discutir com meu barbeiro, e que, desta vez, a conversa poderia ser diferente.
Explico: Pedrinho é um nordestino orgulhoso, do que dá prova a decoração com motivos nordestinos no salão. Nos dias que antecederam a ida até lá, fiquei imaginando se ele ficara sabendo da onda de ataques a nordestinos na internet…
Quando apareço na porta da barbearia, ele não me encara. Cabisbaixo. E eu, em tom de ironia:
– Como é que anda o barbeiro mais cearense de São Paulo?
– Ah, vai falar da xingação, né?
– Se você quiser…
– Bando de filhas da puta. A gente construiu essa merda dessa cidade.
– Como você ficou sabendo da onda de preconceito, Pedrinho? Está usando computador, agora?
– Deus me livre. Foi a Jussara [a esposa]
– E sobre a “xingação”, o que você sentiu?
– Raiva, né? Que você acha?!
– Não sei, ora. Afinal, você sabe por que xingaram os nordestinos, né?
– Sei…
– Então… Se você não gosta do PT, se tem tanta raiva do PT, fiquei pensando se não iria apoiar os eleitores paulistas do Aécio que xingaram o povo do Nordeste por votar em peso em Dilma.
– Porra, Eduardo! Minha mãe é cearense, meu pai é baiano, meus irmãos são cearenses, minha avó é cearense, porra!
– O que você sentiu?
– Decepção
– Decepção? Não foi raiva?
– Também, mas mais decepção.
– Vamos ver se entendi: você não sabia que os paulistas da gema veem assim o Nordeste?
– Achei que isso era coisa do passado. No meu bairro tem tanto nordestino, aqui no centro tem tanto nordestino… São Paulo é só nordestino, porra!!
– Sim, é verdade. Mas uma parte dos paulistas não se mistura… Ou você não sabia disso?
– Sabia, mas não sabia que pensavam essas coisas…
– Ah, vai me dizer que não sabe quem é Mayara Petruso?
– Quem?
– Aquela filha de um dono de supermercado de Bragança Paulista, estudante de direito, quem, em 2010, logo após a vitória de Dilma no segundo turno, pediu que as pessoas fizessem “um favor” e matassem um nordestino afogado.
– Não sabia. Teve isso, também?
– Teve…
– E o que aconteceu com ela?
– Foi processada, perdeu o emprego, ficou manchada.
– Cadeia não, né?
– Filha de bacana, Pedrinho. Mas, para ser honesto, sendo ré primária…
– Ah, tá. Tendi…
Ficamos algum tempo em silêncio. Pelo espelho, olhava o semblante do meu barbeiro. Juro que havia dor.
– Ficou chateado, né, Pedrinho?
Os olhos dele marejaram.
– Fica assim não, Pedrinho. Essa gente não merece. Eles são ignorantes. Escravizaram as meninas da sua terra, trancaram-nas em quartinhos de empregada sem janela, trabalhando 7 dias por semana. Essa gente odeia vosso sotaque, vossa comida, vossa cultura. Mas não abre mão dos vossos serviços…
– Eu nunca pensei… Falei com a Ju, Eduardo. Estamos pensando em voltar pra terrinha. Juntei dinheiro, aqui. Acho que quero viver onde não sou desprezado. Ela também.
– Não faça isso, meu amigo. Fique e lute. Mas para de votar nesses coxinhas tucanos. Eles representam essa gente.
– Nem sei…
Pedrinho é duro na queda, mas foi ali que a mulher dele, que até então permanecera silente, manifestou-se:
– Ele vai votar na Dilma nem que seja a tapa, Eduardo. Ele e todo mundo lá da Vila. Estou ligando pra todo mundo e tem mais gente fazendo a mesma coisa. Depois a gente vai embora desta merda. Com todo respeito, Edu…
– Imagine, Jussara. Fica tranquila. Entendo perfeitamente. E acho que, de certa forma, você tem razão.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

História: tucano é contra o Bolsa Família, sim ! Começou com o “Bolsa Esmola” … É tudo burro, FHC ?



O Conversa Afiada publica a opinião dos tucanos – e do PiG (ver no ABC do C Af) – sobre o Bolsa Família, desde 2004:

2004


José Serra, Folha de S.Paulo, em 16 de fevereiro de 2004:


“Outro sucesso publicitário tem sido o Bolsa-Família, que, em sua maior parte, agrega os programas de transferência de renda herdados do governo passado”.


“Essa área, que prometia ser prioridade do atual governo, tem sido alvo de constantes retrocessos. (…) O Bolsa-Família, cuja nova prioridade é a periferia das grandes cidades, não vai chegar aos grotões e lugares como carvoarias, plantações de sisal e pedreiras. Essas crianças voltarão ao trabalho, pois os especialistas são unânimes em alertar que o auxílio mensal não pode ser interrompido. Mas, infelizmente, o atraso é constante”.


Arthur Virgílio, em 9 de março de 2004:


É do conhecimento público que o Planalto possuía um cadastro com mais de 8 milhões de beneficiários. Por que o Bolsa-Família só atendeu 3,6 milhões de famílias?”.


Editorial do PSDB, Bolsa Esmola, em setembro de 2004:


“Para um governo comandado por um partido que historicamente se fortaleceu sob a bandeira da redenção dos pobres de todo o país, o balanço das políticas federais de inclusão social tem sido profundamente desapontador. (…) O programa Fome Zero, eixo central do discurso de campanha do então candidato petista, Luiz Inácio Lula da Silva, sofre de inanição desde a sua festejada criação e atabalhoada execução. (…) Trata-se de um símbolo tristonho da negligência governamental para aquela que seria prioridade absoluta da atual gestão. Os entraves dos programas sociais do governo federal são a evidência clara de uma política embotada pelo apego a números que podem render dividendos políticos musculosos, porém com eficácia social bastante questionável. São 4,5 milhões de famílias beneficiadas, orgulha-se o Palácio do Planalto. O risco é que, ao fim do mandato petista, boa parte delas continue à espera da esmola presidencial”.


Em 16 de setembro, o então senador Teotônio Vilela Filho (PSDB-AL), hoje governador de Alagoas:


Esse descompromisso termina transformando os programas (…) em mero assistencialismo, esterilizando por completo todo seu vasto potencial de transformação social. Virou esmola. Virou assistencialismo puro”.


O líder do PSDB na Câmara, deputado Alberto Goldman, em 2004:


“Qual não minha surpresa quando o ministro Patrus veio a público defender a inoperância no controle da assiduidade escolar sob a justificativa de que mais importante do que garantir a frequência seria assegurar às famílias uma fonte de renda”.


Rodrigo Maia (PFL-RJ):


“Esse programa de transferência de renda da história do Brasil tem mostrado suas falhas e mazelas

(…)


Fernando Henrique Cardoso, em entrevista à revista IstoÉ Dinheiro:


“O Fome Zero é o maior gol contra que eu já vi. Mexeram errado na área social. Tiraram do Bolsa Escola a característica que era dar o dinheiro para as famílias manterem seus filhos na escola. Na Educação, estão dando abatimento fiscal para escolas privadas e abandonaram a ênfase no ensino básico. Na Saúde, o que foi feito de novo? Nada”.



2005


Senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), da tribuna do Senado


“O governo se apóia, na área social, em iniciativas demagógicas e assistencialistas que visam, tão-somente, a criar uma relação de dependência entre Estado e os elementos mais pobres da população. Esse assistencialismo antiquado é mais conhecido pelo nome de Bolsa-Família. (…) O Bolsa-Família, tal como foi desenhado, é incapaz de combater a pobreza e de promover a inclusão social dos mais pobres, como apregoa. (…) O atual Governo, lamentavelmente, além de manter práticas atrasadas em diversas áreas, também o faz no campo da assistência social. O que se viu até agora foram projetos de cunho populista fracassados, como o Bolsa-Família, denominado pelo jornalista Demétrio Magnoli, como “O Mensalinho dos Pobres”.


José Serra, no Estadão:


“Quem torna o povo cativo da falsa caridade, transformando recursos públicos em demagogia eleitoreira, não é ético”.


José Agripino:


“A única obra em andamento é a Bolsa-Família, por ser um programa paternalista com o intuito de barganhar votos nas eleições gerais do ano que vem”.


FHC, na revista Agenda 45:


“As políticas de transferência de renda do tipo Bolsa Escola, agora rebatizada de Bolsa Família, dão um alívio imediato, mas também não são suficientes”.


Senador Cássio Cunha Lima (PSDB):


“Os programas de bolsas não resolverão as dificuldades às quais os segmentos mais carentes estão submetidos”.


Alberto Goldman, à IstoÉ:


“As famílias entram nesse sistema assistencialista sem perspectiva de sair. É quase condenar o cidadão a viver o resto da vida na dependência do Estado.”


2006


Álvaro Dias:


“Os programas sociais no Brasil estão sendo utilizados indevidamente, o que configura má aplicação de dinheiro público. Não podemos ficar indiferentes a essa questão.”


Arthur Virgilio:


“(O governo) limitou-se a distribuir dinheiro a fundo perdido, sem nenhuma exigência de contrapartida educacional, sem nada, quase que uma esmola eleitoreira.”


FHC ao Correio Braziliense:


“Na área social, o Bolsa-Família juntou o que já havia antes, mas tirou o nervo. Quando se faz um programa dessa natureza, não é só dar o dinheiro. É dar dinheiro para melhorar. Mas os requisitos diminuíram”.


Carta aos Eleitores do PSDB, às vésperas das eleições presidenciais:


“(…) não devemos temer a Bolsa-família. Ela não apenas resultou de programas que nós criamos (inclusive a preparação técnica para a unificação dos programas) como vem sendo desvirtuada pela velocidade eleitoreira com que cresce e pelo descuido na verificação da satisfação de requisitos para sua obtenção. E sobretudo porque tem sido feita no embalo da pura propaganda eleitoral, tornando um propósito saudável, pois inauguramos estes programas como um ‘direito do cidadão’, numa benesse do papai-Presidente. Na verdade por este caminho formar-se-á uma nova clientela do governo. Se a ela somarmos a clientela dos assentados pela reforma agrária que não são emancipados, quer dizer, que não produzem para pagar seus compromissos e dependem a cada ano de novas transferências de verbas orçamentárias, estaremos criando o maior exército de reserva eleitoral da história. Aí sim caberá o “nunca se viu neste país…!”


2007


Aécio Neves, ao Estadão:


O Bolsa-Família precisa ter portas de saída tão estimulantes quanto as de entrada.


(…)


Não quero crer que a ampliação do Bolsa-Família possa ser o grande projeto de um governo. Ele foi essencial num dado momento, mas tão ou mais importante do que ele é criar condições, através da qualificação, de novas oportunidades de trabalho para as famílias que hoje dependem do programa”.


Geraldo Alckmin:


“Sou favorável aos programas de complementação de renda. Mas eles não podem virar moeda de troca com o voto. Eu disse na campanha que o Bolsa-Família é transitório e que precisamos gerar empregos. Tanto bati na tecla certa que ficou na agenda nacional”.


Deputado Duarte Nogueira, hoje presidente do PSDB:


“Criamos uma rede de proteção social formada por programas de complementação de renda – como o Bolsa-Alimentação, o Bolsa-Escola, o Vale-Gás, espertamente apropriados pelo governo Lula – que os herdou, os rebatizou e os transformou em um sustentáculo do seu projeto de poder”.


FHC, em 6 de junho, no site do partido:


“Se quisermos projetar um futuro que não seja de esmolas para os pobres disfarçadas em bolsas e de concentração de renda ainda maior, temos que assegurar à maioria condições para competir e obter emprego, com melhor educação e mais crescimento econômico. Caso contrário seguiremos no rumo do apartheid moderno, que transforma o Estado em casa de misericórdia e o mercado em apanágio dos bem educados”.


Tasso Jereissati


“Fizemos o projeto São José [de assistência social], aqui no Ceará, que guarda semelhanças como Bolsa Família, mas não dava esmolas”.



2008



FHC ao Estadão:


“[A Bolsa Família] é paliativo, se não for conjugada a uma política de geração de empregos. Aumentar consumo, essas bolsas aumentam. Mas toda política social compensatória precisa ter porta de entrada e de saída, do contrário é ruim. A Bolsa-Escola, por exemplo, tinha uma clara porta de saída: terminou a escola, terminou a bolsa. No caso das gestantes, terminou a gravidez, terminou a bolsa. No Bolsa-Família, isso ficou confuso. Como vai ser a saída? Não está pensado. Agora ampliaram a faixa de atendimento do programa. É preciso ver se não há duplicação no atendimento. Eu não ando pela periferia de São Paulo, mas a Ruth (Cardoso, antropóloga e ex-primeira-dama) anda. E constata que há uma oferta grande de bolsas sociais – a do município, a do Estado, a do governo federal. Isso, num primeiro momento, pode ser bom. A longo prazo, pode criar uma camada de dependentes do Estado”.


Arthur Virgílio:


“O governo Lula é absolutamente inepto e não cria portas de saída desses programas, tornando as pessoas dependentes a vida inteira. “


2010


Tasso Jereissati:


“Vai acabar todo mundo no Bolsa Família e ninguém produz mais nada.”


José Serra, durante a campanha presidencial:


“Aliás, o Bolsa-Família é uma criação do governo FHC – uma junção do Bolsa-Escola e do Bolsa-Alimentação”.


Mônica Serra, espora do hoje senador eleitor por São Paulo:


“As pessoas não querem mais trabalhar, não querem assinar carteira e estão ensinando isso para os filhos”.



2011


FHC:


“A Bolsa Escola, por exemplo, foi a origem de todas as bolsas. Distribuímos 5 milhões de bolsas e eu não usei isso como se fosse dádiva”.


“As políticas compensatórias iniciadas no governo do PSDB – as bolsas – que o próprio Lula acusava de serem esmolas e quase naufragaram no natimorto Fome Zero – voltaram a brilhar na boca de Lula, pai dos pobres, diante do silêncio da oposição e deslumbramento do país e… do mundo! (…)


José Serra, em O Globo:


“Oito anos depois, eis que ressurge do esquecimento com um novo nome, “Brasil sem Miséria”, num relançamento que também deveria ter sido retumbante.”


Álvaro Dias, no Roda Viva:


“[O Bolsa Família] mantém na miséria porque estimula a preguiça. Inclusive, há gente que não quer trabalhar porque não quer ter carteira assinada e perder o benefício”.


Aécio Neves:


“Posso adiantar para vocês que o PSDB fará em outubro o seu primeiro grande evento nacional, onde vamos resgatar o nosso legado, as principais figuras que construíram a estabilidade econômica e o maior plano de inclusão social do Brasil, que não é o Bolsa-Família, é o Plano Real”.


2013


Aloysio Nunes, na tribuna do Senado:


“(…) É preciso que se pergunte à Presidente que contas são essas, porque o número de miseráveis no Brasil aumenta e diminui ao sabor dos governos do PT. O objetivo do PT quando era oposição e mesmo quando assumiu o Governo Federal era, segundo o Presidente Lula, garantir, nos seus primeiros quatro anos de Governo, três refeições diárias a 9,3 milhões de famílias, ou seja, 44 milhões de pessoas. E os 16 milhões do lançamento do Brasil sem Miséria? Os 19 milhões que são anunciados nas estatísticas oficiais e repetidos pela Srª Presidente, que já teriam saído da miséria nos últimos dois anos? Ou, ainda, 22 milhões, dentre os quais a Presidente diz que ainda precisam ser resgatados 2,5 milhões da situação de miséria?”.


José Serra ao Jornal da Cidade 2ª Edição, na Rádio Metrópole


“Bolsa Família não é a solução. Ele estaciona. Para a pessoa subir na vida precisa mais do que isso. Não se fez inovação nenhuma”.


Aécio Neves:


“O Brasil não pode viver exclusivamente desse benefício. Um pai de família não pode querer deixar de herança para o seu filho um cartão do Bolsa Família.”



Leia também:


SP: vice-campeão de Bolsa Família


Folha culpa Lula por preconceito de FHC

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Entrevista de FHC estimulou ataques a nordestinos na internet






De domingo para cá, tal qual ocorreu em 2010 uma onda de racismo começou a se insinuar na internet. E, mais uma vez, o alvo foi o povo nordestino, responsável por parte expressiva dos votos que Dilma Rousseff recebeu na eleição de domingo passado.
Na manhã de segunda-feira, ocorreu um fato que pode explicar o aumento daquela onda racista: o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso deu uma entrevista ao portal UOL na qual acusou os eleitores da presidente de serem “mal-informados” e residentes “nos grotões”.
Confira, abaixo, a entrevista. FHC começa a externar seu preconceito por volta de 4 minutos e 22 segundos.



Pouco após a entrevista do tucano ao portal de internet do Grupo Folha, colunista do jornal mineiro O Tempo posta no Twitter proposta de separar o Sul e o Sudeste do Norte e do Nordeste por conta de o povo destas duas últimas regiões ter votado maciçamente em Dilma.

Já no domingo, quando os votos começaram a ser apurados, aqui e ali já se viam manifestações de racismo no Twitter, mas esse fenômeno só começou a tomar corpo após a entrevista de FHC. Na tarde de segunda, a onda racista já se espalhara como uma praga.


Estranhamente, até agora nenhuma autoridade se pronunciou sobre o caso.
Seja como for, a presença crescente do ex-presidente tucano na campanha de Aécio Neves é uma boa notícia para Dilma. Segundo pesquisa Datafolha feita em junho, 57% do eleitorado não vota em candidatos apoiados por FHC, o que representa uma péssima notícia para Aécio.

clique aqui para acessar a notícia em sua fonte original
Aécio escondeu FHC de sua propaganda eleitoral no primeiro turno justamente por causa disso.
Como o PT, no primeiro turno, se concentrou quase que totalmente em Marina, o apoio de FHC e casos como o do aeroporto que Aécio mandou construir na fazenda de sua família com dinheiro público foram deixados de lado.
Esse racismo de boa parte do eleitorado tucano (basicamente, sediado em SP) que acaba de ser estimulado por FHC, aliado à péssima imagem do ex-presidente, podem fazer com que o segundo turno não comece muito bem para Aécio.
No caso do racismo, a notícia de que eleitores tucanos do Sul e do Sudeste estão insultando os eleitores petistas do Norte e Nordeste se espalhou como fogo pela imprensa destas duas regiões. No caso de FHC, o eleitorado ainda não lembra bem dele porque Aécio o escondeu em seus programas eleitorais.
Mas, agora, o PT vai lembrar os eleitores desse “detalhe”…
Resta, até aqui, uma inaceitável ausência de providências do Ministério Público contra essa onda de preconceito que esbofeteia o país e, mais do que isso, os brasileiros do Norte e do Nordeste. Vai ficar por isso mesmo?

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Movimento Tea Party e o fascismo à brasileira

BLOG EDU GUIMARÂES
Atualizado às 12h50m de 3 de novembro de 2010
O resultado da eleição presidencial no Brasil, com a vitória da centro-esquerda governista contra uma coalizão oposicionista que ia da centro-direita à ultra-direita radical e que inclui, dizem a boca pequena, até movimentos neonazistas, suscita temor quanto à possibilidade de ocorrer por aqui o que ocorre neste exato momento nos Estados Unidos, com a “entrada triunfal” do movimento radical conservador Tea Party no congresso.
O Tea Party (em inglês: Tea Party movement) é um movimento social, político, conservador e liberal surgido nos Estados Unidos nos últimos anos através de uma série de protestos em resposta a diversas leis federais como o Plano de resgate econômico de 2008, a Lei de Recuperação e Reinvestimento dos Estados Unidos de 2009 e projetos de reforma do sistema de saúde estadunidense.
O caráter fascista – ou nazista – do Tea Party é inegável pelo seu lado obscuro e não assumido, que guarda similitude com movimentos racistas anti-imigrantes que ganham corpo na Europa Central, onde asiáticos, latinos, africanos e gays chegam a ser atacados por jovens que cultuam idéias nazistas que em nada perdem para as que se vê em redes sociais no Brasil, com manifestação explícita contra nordestinos,sobretudo, mas também contra negros e homossexuais. E, lógico, contra o aborto.
Durante a recente campanha eleitoral brasileira, com o abalo da candidatura Dilma Rousseff ao fim do primeiro turno por conta de movimentos conservadores cristãos radicais sob orquestração da campanha do tucano José Serra, com táticas de panfletagem difamatória contra a adversária, com sites acusando-a de “homossexualismo” e com criação de pretextos para violência como o factóide da bolinha de papel atirada na careca de Serra, que gerou suspeita de que fora atirada por um dos seus próprios seguranças, tudo isso concede fôlego às teorias de que a ascensão da ultra-direita neonazista ocorre em nível planetário.
A “entrada triunfal” do movimento Tea Party no congresso norte-americano após a eleição legislativa desta semana sugere a institucionalização de movimentos ultra-conservadores em uma democracia que tanto exerce influência sobre os usos e costumes da nossa política.
As dificuldades que Obama enfrenta devido à resiliência da crise econômica o têm obrigado a assistir impotente à direita do partido Democrata assumir o controle de seu governo, dando asas à ultra-direita republicana.
Esse fenômeno ainda não está no campo de visão brasileiro, mas os crimes de racismo de movimentos neonazistas e de inocentes úteis na internet e o surgimento – ainda insipiente – de violência em nossas relações políticas devem colocar os democratas brasileiros com as barbas de molho.
Há leis neste país que podem – e precisam – ser usadas contra a onda neonazista que vem promovendo agressões verbais a negros, nordestinos e homossexuais em redes sociais como Orkut, Facebook e Twitter. Lamentavelmente, a liberdade para essas manifestações odiosas ainda é tanta que até mesmo jovens de classe média alta as praticam despreocupadamente, muitas vezes sem perceber que estão cometendo crimes.
É inevitável a associação entre os movimentos cristãos radicais e as forças ultra-conservadoras que seaglutinaram no entorno da candidatura do PSDB, do DEM e do PPS à Presidência. É inevitável supor, também, que a tolerância da Polícia Federal e do Ministério Público com os movimentos racistas e ultra-conservadores nas redes sociais pode ter relação com existência de simpatizantes desses grupos  nos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.
Faz-se urgente que não só o presidente Lula mas também a presidente eleita, Dilma Rousseff, comecem a se inteirar e a se manifestar contra essas ameaças à democracia e ao Estado de Direito. O que não faltam são indícios de que um câncer social tenta se infiltrar no seio de uma sociedade em que os alvos do preconceito e da intolerância são freqüentemente vitimados sem que punições exemplares ocorram.
Vídeo mostra manifestações de racismo em redes sociais
Por Ju Freitas